sábado, 1 de julho de 2017

Estar sem você, meu bem, implica em tanta coisa, tantas perdas... eu queria tanto te contar sobre como Júlia dançou em sua primeira quadrilha ou como foi a reação dela quando fui buscá-la na escola com o irmãozinho, como ela faz pirraça e para sozinha depois de perceber que eu não vou ceder, como ela calça suas botas, meus chinelos e pede para passar meus batons...queria te contar como foi mudar o leite do Bruninho, da insegurança, da vontade de voltar ao leite anterior, queria te contar como ele me olha nos olhos e me derrete, como ele já pega os objetos e como ama a fisioterapia... queria te contar sobre mim, sobre como me sinto fraca, apesar de parecer forte...
Eu só queria poder sentar ao seu lado e ouvir seus conselhos... eu só queria poder escutar sua voz...
Eu só queria poder dormir abraçada a você e sentir só mais uma vez aquela sensação de proteção, a certeza de que tudo ficará bem, a segurança que eu tinha a seu lado... você sempre foi a parte forte de nós dois, meu bem. Eu sempre soube que iria partir antes de você, por isso, por várias vezes eu falei para você sobre o que queria que você fizesse, o que não fizesse... você sempre pedia para que eu parasse de falar besteiras...  mudava de assunto como a maioria das pessoas faz. Vivemos como se fôssemos imortais, como se a morte viesse apenas para os outros... ledo engano! Eu descobri isso tarde demais, descobri também que existem muitas formas diferentes de morrer... e eu já experimentei  quase todas quando te perdi... e são todas absurdamente doloridas... renascer?! Nem sempre é possível! Temos que lidar com a nossa parte morta, temos que acostumar o coração à dor, temos que acomodar no peito a saudade e aceitar que somos diferentes, que seremos para sempre diferentes, que não é possível mais viver os mesmos sonhos... viemos ao mundo sozinhos e é também sozinhos que partiremos, mas eu queria muito, muito mesmo, poder me despedir daqui ao seu lado...
Todo amor do mundo,
Sempre sua.

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