Tanto espaço nesta cama, meu bem! Eu abraço nossos filhos bem forte e, por alguns segundos, eu sinto você! A mesma coisa acontece com o olhar deles ou o sorriso... eles me olham no fundo da alma e me sorriem como se soubessem que é deles que vem o ar que eu respiro...
O tempo está passando, mas a dor continua intacta aqui, às vezes eu esqueço que tudo aconteceu... aí vem o fim do dia, você não volta para tomar café comigo, eu não posso te contar que Júlia já faz tudo aquilo que nós dois imaginávamos quando ela ainda era só um pedacinho nosso dentro da minha barriga... e eu preciso confessar que não é tão engraçado quando acontece de fato; eu preciso contar até mil para não enlouquecer...
Só para você ter uma ideia, ela fala sem parar a mesma frase quando quer algo, até que te vence pelo canção... ou você cede ou enlouquece! A Babi, nestes dias intermináveis de crise asmática do Bruninho, tem sido uma fiel amiga, mantendo Júlia a salvo e entretida, mas não posso dizer que a Júlia faça o mesmo por ela. A pobrezinha me olha como quem diz: por favor, tire a Juju daqui! Mas se mantém firme ao lado da Amiga enquanto nossa menina apronta todas as peraltices imagináveis: expulsa a Babi da casinha, come sua ração, dá banho nas bonecas no pote de água, obriga a coitada a se deitar ao seu lado, prega adesivos por todo o corpo da bichinha, insiste no banho gelado, molhando a cachorra e toda a varanda... para ela, o nome é Bibi, mas a amiguinha da escola, cujo nome é Gabi, passou a ser chamada de Babi. Ela tem esse dom, troca o nome de todos e nos arranca bastante gargalhadas: tio Ted, tia Kity, tia Kika, tia Tida... e por aí vai... fala uma língua só dela, mas eu entendo tudo! Nomeia as bonecas com o nome das pessoa que mais ama! Agora eu também sou uma boneca dela! A primeira delas, a que esteve pendurada no berço, lembra? Ela também fala papai, te reconhece nas fotografias e sempre diz que você está no coração... as pessoas têm receio de falar sobre você perto dela, mas essa é uma questão bem resolvida por aqui! Eles têm um pai maravilhoso!
E assim vamos seguindo, vivendo um dia de cada vez... Sem planos, sem saber como será amanhã, fazendo mil perguntas, tendo quase nenhuma resposta...
Eu ainda não chorei sua partida, não fui ao fundo do poço, não aceitei a realidade... quando vem o desespero, quando a realidade insiste em me confrontar, eu fujo, encontro abrigo nas crianças para não me despedir de você... não posso, não consigo...
Sendo fuga ou não, me fazendo bem ou mal, foi a forma que encontrei para seguir e cuidar dos pequenos como se você estivesse conosco...
As pessoas dizem que sou forte, mas eu queria mesmo era estar com você, em qualquer circunstância, qualquer situação, qualquer lugar, em qualquer tempo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário