Acordei pensando em você! Não consigo para de pensar em tudo que está acontecendo ao meu redor, mas sua lembrança hoje está mais forte... é sábado, mais um dia triste, dia de saudade. Serão tantos ainda, centenas, milhares...
A dor da sua falta falou mais alto hoje. Dormi mal, sonhei muito, sua falta estava lá! Eu estava sozinha no mundo, não havia Júlia nem o nosso caçula... doeu tão forte, eu era tão vazia, minha vida era tão triste, sem o menor sentido.
Acordei pensando que pela primeira vez depois do acidente eu tenho pelo que rezar. Não peço por mim nas orações, mas pelos nossos filhos. Eles são a parte que me conecta a você e me mantém viva.
Ontem, enquanto segurava a mão do nosso filho na incubadora, pensei muito fortemente em você. Ele dormia, estava sereno, olhei ao redor, vi mães sozinhas, vi país sozinhos, vi casais aflitos que se abraçavam com uma mão e cuidavam de seus bebês com a outra. Imaginei você comigo ali, coloquei ninha cabeça no seu ombro, me permiti descansar um pouco, nosso pequeno guerreiro dormia, conversei com ele, falei sobre você, da falta que você me faz... ele apertou minha mão tão forte como se quisesse sair dali e me abraçar. Chorei, deixei que as lágrimas escorressem, lavassem meu rosto tão cansado dos últimos dias... chorei de alegria, chorei porque começo a perceber avanços e respostas positivas!
Ontem à noite, ao chegar à UTI Neo Natal para a visita da noite, percebi que nosso anjo estava sem ajuda do catéter de respiração, mas havia um tudo dentro da incubadora. Tremi, será que precisaram entubá-lo?
Olhei aflita para a enfermeira e comentei: ele está sem o oxigênio? Ela me olhou serena, como todas são ali ( anjos de amor e dedicação aos nossos filhos) e disse sorrindo: está? Eu mal pude me conter, nosso filho respira sozinho, está aprendendo... ele dormia feito um anjo, respirando com a calma de quem nasceu sabendo... ele sabe o que faz! É mais forte que eu, nunca foi dependente de mim, a verdade é que a parte forte da nossa relação é ele! E eu sinto como se um pedaço de você tivesse voltado para mim, por isso, na pressa de voltar logo, atropelou o tempo, venceu os remédios, está vencendo as dificuldades enquanto eu e Júlia preparamos nosso lar e nossos corações para abrigar mais amor... mas também ensinar a amar. Ele vai te conhecer, vai te amar e vai ser lindo, muito lindo!
domingo, 29 de janeiro de 2017
sábado, 28 de janeiro de 2017
Meu bem, eu sei que você esteve comigo. Eu sei que você segurou a minha mão enquanto eu tremia de medo, de pavor, de dor e sob efeito dos medicamentos. Eu sei que você zelou pelo nosso pequeno durante os procedimentos enquanto eu, sem poder enxergá-lo, pedia notícias, alertava os médicos para não esquecerem a pulseirinha, implorava a Deus para ouvir seu choro... eu sei que você também se preocupou... eu sei que você não me permitiu passar por isso sozinha. Naquele momento, um dos piores da minha vida, eu tive que me apegar em algo que não posso ver, tive que ser mais forte que jamais imaginei ser, simplesmente para não morrer, simplesmente para manter meus olhos abertos
e controlar as batidas do coração. A respiração falhava, a boca secou a ponto de eu não conseguir falar, os olhos ficaram turvos, eu não vi mais ninguém... ouvia as vozes, e implorava para acabar logo toda a agonia... eu sei que você esteva lá, cuidando do que eu não podia, por isso, hoje, vou contar essa história para o nosso pequeno, porque você eu sei que está vendo tudo...
Meu filhote apressado, você chegou ao mundo de uma forma inesperada às 21 horas e 5 minutos de uma segunda-feira quente e tumultuada. Você estava previsto para chegar no dia 22 de Março, mas não conseguiu esperar, veio como um raio de esperança, trazendo muito amor e um pouquinho de confusão no dia 23 de janeiro, mesmo dia do nascimento do seu pai!
Como seu pai, você foi decidido e objetivo. Não aceitou que ninguém mudasse os seus planos. Quis vir ao mundo e veio, simplesmente...
Na sexta-feira, eu senti uma vontade louca de lavar alguns tapetes... limpar a casa e ajeitar o seu quarto. Me contive, apenas acertei os detalhes da escola da Júlia, comprei o colchão para a cama dela. Fui almoçar na minha mãe, voltei para casa com a sensação de que algo estava errado... não sentia você se mexer, minha barriga ficou bem dura. Tentei relaxar. Entrei na piscina com a Júlia, deitei-me apoiada na borda, enquanto ela brincava com todo o vigor que lhe é peculiar. No início da noite, você voltou a mexer, mas não com todo vigor... passei uma noite bastante incômoda, mas amanheci com a sensação de que era apenas mais um dia na minha longa caminhada pela frente, mais um dia igual. Era sábado, dia triste para mim, resolvi ficar só com a Júlia, não saí, cuidei do almoço enquanto ela rabiscava o chão, a parede, os livros, eu e ela mesma... almoçamos num silêncio que provoca dor a qualquer coração acostumado à agitação e felicidade com que fazíamos as refeições em casa... descansamos a tarde, dormi com a Júlia, mas acordei rápido sentindo algumas cólicas... assim terminamos o dia, a noite veio e com ela mais cólicas... acordei me sentindo estranha, pesada, barriga muito dura... às 11 da manhã eu já sabia que eu tinha contrações... mas enganei meu coração e fui almoçar na minha mãe... passei por lá a tarde, sentindo dores e tentando ficar calma, até que as 18h percebi que não poderia mais esperar. Liguei para o médico, um desses anjos que aparecem em nossas vidas, expliquei o que sentia e ele pediu para eu encontrá-lo na maternidade. Passei em casa, sua tia Cris foi comigo, mas quem dirigiu fui eu... cada buraco, cada semáforo, eu olhava para o lado e via seu pai assustado e sorrindo, como no dia em que Júlia nasceu...
As contrações aumentaram, peguei algumas roupinhas ( ainda sujas) para você, tomei um banho e corri o mais rápido que pude. No meio do caminho, senti a dor apertar. Cheguei à maternidade sentindo contrações de 2 em 2 minutos...
Meu médico chegou alguns segundos depois de mim. O exame foi rápido e certeiro, trabalho de parto. Porém o colo estava fechado, era possível inibir. Fui direto para medicação na veia. O primeiro susto veio quando descobri que precisaria ficar internada... e a Júlia? Eu não havia conversado com ela, não havia preparado-a para minha ausência, eu sequer me despedi para que ela não chorasse....
O remédio fez efeito logo e as contrações começaram a se espaçar até que começaram a vir de hora em hora... acalmei meu coração e pensei que tudo ia ficar bem. Prometi me comportar melhor, ficar mais quieta, repousar... mas às 6 da manhã precisamos ligar para o médico, as contrações voltaram e a dose de medicação foi aumentada. A todo momento eu perguntava se você estava bem, os médicos diziam que sim, ouviam seu coração e me acalmava.
Mas os remédios não surtiram efeito. Você queria nascer. Suportei a dor. Você precisava esperar mais 24h no mínimo. Eu resisti, a cada contração, que chegava às vezes em menos de 2 minutos, eu me contorcia na cama, mas pensava em você... às 7 da noite meu médico voltou. Ele estava sério, mas ainda tentou aumentar a dose de medicação. Eu chorei de cansaço e pela primeira vez admiti que não aguentava mais... meu médico permaneceu calado ao meu lado enquanto ouvia seu coração. Eu vi sua expressão mudar, sua expressão suave deu lugar a uma aparente preocupação. Senti o coração gelar, ele já estava disparado devido à alta dose de medicação... mas o seu até então permanecia normal, sem nenhuma alteração.
O médico sentou-se em silêncio ao lado da cama e me disse o que eu já suspeitava: não podemos mais esperar! O coração do bebê está acelerado demais...eram 19h e 30 minutos, mais ou menos. Depois disso, tudo que aconteceu foi intenso, rápido e confuso... eu não sabia o que sentir. Eu não ouvia o que me diziam. Meus pés pareciam flutuar. Eu pensava no seu pai, como quis e precisei dele naquele momento...
Mas eu não me sentia tão sozinha, tinha você ainda dentro de mim... os médicos e enfermeiros traziam fios, equipamentos, ajeitavam instrumentos, me preparavam... eu comecei a chorar. Alguém me perguntou por quê e eu disse que sentia medo. De quê? Tanta coisa... não dava para explicar...
Chorei sozinha, ninguém segurou a minha mão, o lugar do seu pai permaneceu vazio. Minhas mãos estavam amarradas, mas imploravam por segurança. Eu pensei em você, mentalizei seu pai ali comigo, implorei para Deus cuidar da gente. Foi quando os médicos disseram que você estava nascendo. Nasceu chorando, gritando, mostrando que chegara. Não vi seu rosto, não toquei você, eu perguntava por você e os médicos diziam está bem, mas eu aprendi a desconfiar dessa expressão... parei de ouvir seu choro, demorou demais até te trazerem para mim. Eu só ouvia barulhos de máquinas, sucção, confusão... eu me desliguei do mundo e me obriguei a acreditar em algo que não posso vê ou sentir... não apenas orei, mas implorei pela sua vida. Quando me trouxeram você, seu cheiro e seu calor afastaram toda dor e medo. Você estava quentinho e cheiroso, vermelhinho e me pareceu muito bem. Mal deu tempo de pensar e você foi levado, precisava de uma pequena ajuda para respirar...
Foi nessa hora que me senti a pessoa mais sozinha do mundo. Eu estava longe das 3 pessoas mais importantes da minha vida: você, sua irma e seu pai. Pela primeira vez, eu estava realmente sozinha... você que foi meu companheiro de corpo, de dor, de angústia, mas que me emprestou a vida por essas últimas 16 semanas não estava mais preso a mim, tinha se libertado, estava sozinho lutando por si. Júlia estava longe, senti vontade de abraçá-la e aliviar a dor do meu peito... chorei pelo meu amor, meu amigo, meu companheiro, minha vida que me faltava mais que nunca... meus olhos embaçaram com as lágrimas, fiquei muda, surda e cega até que percebi que não havia de fato mais ninguém na sala comigo... tentei chamar, a voz fugiu... entrei em pânico. Não me lembro mais de nada, não sei como fui para o quarto, não me lembro de quem estava lá, acordei com frio, sem conseguir me mexer. Você não estava comigo, seu pai não estava do meu lado como eu esperava, como ele tanto desejava. Só havia o medo... precisei lutar comigo mesma, contra o pânico e os pensamentos que me desnorteavam.... adormeci e acordei com o médico entrando pela porta. O dia comecara, eu precisava ser forte, você me esperava lá fora.
A primeira imagem que tenho de você na incubadora é dura e doce! Você estava envolto em um
Ninho de flores bem delicadas, mas sobre um lençol de bicicletinhas estilo retrô, que muito lembram uma Harley... lembrei-me do seu quarto! É nele que você dormirá em breve! Até que fique esperto o suficiente para escolher ou fugir para minha cama no meio da noite. Seu lugar está lá! A cama é grande, cabe todos nós, papai pensou em tudo... ele sempre pensou mais à frente que os outros...
e controlar as batidas do coração. A respiração falhava, a boca secou a ponto de eu não conseguir falar, os olhos ficaram turvos, eu não vi mais ninguém... ouvia as vozes, e implorava para acabar logo toda a agonia... eu sei que você esteva lá, cuidando do que eu não podia, por isso, hoje, vou contar essa história para o nosso pequeno, porque você eu sei que está vendo tudo...
Meu filhote apressado, você chegou ao mundo de uma forma inesperada às 21 horas e 5 minutos de uma segunda-feira quente e tumultuada. Você estava previsto para chegar no dia 22 de Março, mas não conseguiu esperar, veio como um raio de esperança, trazendo muito amor e um pouquinho de confusão no dia 23 de janeiro, mesmo dia do nascimento do seu pai!
Como seu pai, você foi decidido e objetivo. Não aceitou que ninguém mudasse os seus planos. Quis vir ao mundo e veio, simplesmente...
Na sexta-feira, eu senti uma vontade louca de lavar alguns tapetes... limpar a casa e ajeitar o seu quarto. Me contive, apenas acertei os detalhes da escola da Júlia, comprei o colchão para a cama dela. Fui almoçar na minha mãe, voltei para casa com a sensação de que algo estava errado... não sentia você se mexer, minha barriga ficou bem dura. Tentei relaxar. Entrei na piscina com a Júlia, deitei-me apoiada na borda, enquanto ela brincava com todo o vigor que lhe é peculiar. No início da noite, você voltou a mexer, mas não com todo vigor... passei uma noite bastante incômoda, mas amanheci com a sensação de que era apenas mais um dia na minha longa caminhada pela frente, mais um dia igual. Era sábado, dia triste para mim, resolvi ficar só com a Júlia, não saí, cuidei do almoço enquanto ela rabiscava o chão, a parede, os livros, eu e ela mesma... almoçamos num silêncio que provoca dor a qualquer coração acostumado à agitação e felicidade com que fazíamos as refeições em casa... descansamos a tarde, dormi com a Júlia, mas acordei rápido sentindo algumas cólicas... assim terminamos o dia, a noite veio e com ela mais cólicas... acordei me sentindo estranha, pesada, barriga muito dura... às 11 da manhã eu já sabia que eu tinha contrações... mas enganei meu coração e fui almoçar na minha mãe... passei por lá a tarde, sentindo dores e tentando ficar calma, até que as 18h percebi que não poderia mais esperar. Liguei para o médico, um desses anjos que aparecem em nossas vidas, expliquei o que sentia e ele pediu para eu encontrá-lo na maternidade. Passei em casa, sua tia Cris foi comigo, mas quem dirigiu fui eu... cada buraco, cada semáforo, eu olhava para o lado e via seu pai assustado e sorrindo, como no dia em que Júlia nasceu...
As contrações aumentaram, peguei algumas roupinhas ( ainda sujas) para você, tomei um banho e corri o mais rápido que pude. No meio do caminho, senti a dor apertar. Cheguei à maternidade sentindo contrações de 2 em 2 minutos...
Meu médico chegou alguns segundos depois de mim. O exame foi rápido e certeiro, trabalho de parto. Porém o colo estava fechado, era possível inibir. Fui direto para medicação na veia. O primeiro susto veio quando descobri que precisaria ficar internada... e a Júlia? Eu não havia conversado com ela, não havia preparado-a para minha ausência, eu sequer me despedi para que ela não chorasse....
O remédio fez efeito logo e as contrações começaram a se espaçar até que começaram a vir de hora em hora... acalmei meu coração e pensei que tudo ia ficar bem. Prometi me comportar melhor, ficar mais quieta, repousar... mas às 6 da manhã precisamos ligar para o médico, as contrações voltaram e a dose de medicação foi aumentada. A todo momento eu perguntava se você estava bem, os médicos diziam que sim, ouviam seu coração e me acalmava.
Mas os remédios não surtiram efeito. Você queria nascer. Suportei a dor. Você precisava esperar mais 24h no mínimo. Eu resisti, a cada contração, que chegava às vezes em menos de 2 minutos, eu me contorcia na cama, mas pensava em você... às 7 da noite meu médico voltou. Ele estava sério, mas ainda tentou aumentar a dose de medicação. Eu chorei de cansaço e pela primeira vez admiti que não aguentava mais... meu médico permaneceu calado ao meu lado enquanto ouvia seu coração. Eu vi sua expressão mudar, sua expressão suave deu lugar a uma aparente preocupação. Senti o coração gelar, ele já estava disparado devido à alta dose de medicação... mas o seu até então permanecia normal, sem nenhuma alteração.
O médico sentou-se em silêncio ao lado da cama e me disse o que eu já suspeitava: não podemos mais esperar! O coração do bebê está acelerado demais...eram 19h e 30 minutos, mais ou menos. Depois disso, tudo que aconteceu foi intenso, rápido e confuso... eu não sabia o que sentir. Eu não ouvia o que me diziam. Meus pés pareciam flutuar. Eu pensava no seu pai, como quis e precisei dele naquele momento...
Mas eu não me sentia tão sozinha, tinha você ainda dentro de mim... os médicos e enfermeiros traziam fios, equipamentos, ajeitavam instrumentos, me preparavam... eu comecei a chorar. Alguém me perguntou por quê e eu disse que sentia medo. De quê? Tanta coisa... não dava para explicar...
Chorei sozinha, ninguém segurou a minha mão, o lugar do seu pai permaneceu vazio. Minhas mãos estavam amarradas, mas imploravam por segurança. Eu pensei em você, mentalizei seu pai ali comigo, implorei para Deus cuidar da gente. Foi quando os médicos disseram que você estava nascendo. Nasceu chorando, gritando, mostrando que chegara. Não vi seu rosto, não toquei você, eu perguntava por você e os médicos diziam está bem, mas eu aprendi a desconfiar dessa expressão... parei de ouvir seu choro, demorou demais até te trazerem para mim. Eu só ouvia barulhos de máquinas, sucção, confusão... eu me desliguei do mundo e me obriguei a acreditar em algo que não posso vê ou sentir... não apenas orei, mas implorei pela sua vida. Quando me trouxeram você, seu cheiro e seu calor afastaram toda dor e medo. Você estava quentinho e cheiroso, vermelhinho e me pareceu muito bem. Mal deu tempo de pensar e você foi levado, precisava de uma pequena ajuda para respirar...
Foi nessa hora que me senti a pessoa mais sozinha do mundo. Eu estava longe das 3 pessoas mais importantes da minha vida: você, sua irma e seu pai. Pela primeira vez, eu estava realmente sozinha... você que foi meu companheiro de corpo, de dor, de angústia, mas que me emprestou a vida por essas últimas 16 semanas não estava mais preso a mim, tinha se libertado, estava sozinho lutando por si. Júlia estava longe, senti vontade de abraçá-la e aliviar a dor do meu peito... chorei pelo meu amor, meu amigo, meu companheiro, minha vida que me faltava mais que nunca... meus olhos embaçaram com as lágrimas, fiquei muda, surda e cega até que percebi que não havia de fato mais ninguém na sala comigo... tentei chamar, a voz fugiu... entrei em pânico. Não me lembro mais de nada, não sei como fui para o quarto, não me lembro de quem estava lá, acordei com frio, sem conseguir me mexer. Você não estava comigo, seu pai não estava do meu lado como eu esperava, como ele tanto desejava. Só havia o medo... precisei lutar comigo mesma, contra o pânico e os pensamentos que me desnorteavam.... adormeci e acordei com o médico entrando pela porta. O dia comecara, eu precisava ser forte, você me esperava lá fora.
A primeira imagem que tenho de você na incubadora é dura e doce! Você estava envolto em um
Ninho de flores bem delicadas, mas sobre um lençol de bicicletinhas estilo retrô, que muito lembram uma Harley... lembrei-me do seu quarto! É nele que você dormirá em breve! Até que fique esperto o suficiente para escolher ou fugir para minha cama no meio da noite. Seu lugar está lá! A cama é grande, cabe todos nós, papai pensou em tudo... ele sempre pensou mais à frente que os outros...
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
Meu bem, tanta coisa para te dizer e eu só consigo sentir saudades...
Às vezes me desespero, mas aí penso na sua calma e me lembro que eu preciso fazer por nós dois...
Cuida dele quando eu não puder? Esteja com ele, enquanto estou com a Ju? Assim estaremos fazendo o que combinamos, o único detalhe é que trocamos os papéis, os lugares....
Às vezes me desespero, mas aí penso na sua calma e me lembro que eu preciso fazer por nós dois...
Cuida dele quando eu não puder? Esteja com ele, enquanto estou com a Ju? Assim estaremos fazendo o que combinamos, o único detalhe é que trocamos os papéis, os lugares....
sábado, 21 de janeiro de 2017
O vazio está tomando conta de mim... tento de todas as formas fazer o melhor pela Júlia, me manter ocupada com as coisas do pequeno Bruno... ontem fiz a matrícula da Júlia. Estou com medo de me separar dela... sei que ela vai se sair bem, mas e eu?
Saí da escola com um nó na garganta, um medo da vida, dos dias...
Já perdi as contas de quantas vezes menti meu estado civil... não sei quanto tempo vai demorar até descobrirem... não quero contar. Sem que as pessoas saibam, eu posso fingir que está tudo bem... será que é errado? Mas no meu coração sou casada, casada com você para sempre. Não pedi para me separar, não me lembro de ter reclamado de nós, muito menos me lembro de você se queixando da nossa vida. Nós dois queríamos continuar juntos! Não é justo... a vida não é justa, nunca sabemos o que esperar do amanhã... temos que estar prontos para continuar a qualquer preço, mas e o nosso coração? Como fazemos para consertá-lo? Revendo nossas últimas conversas, parei em uma que dizia assim:
"Bom dia, meus amores, já estou com saudades. Não vejo a hora de rever vocês."
É nessas palavras que quero me agarrar, é assim que penso em você, com saudades, sabendo que você também sentiria por nós... será que de onde você está você pode sentir? Júlia tem falado papai o tempo todo... ela também sente sua falta, e eu nunca sei o que lhe dizer nesses momentos... queria poder dizer que você já vai chegar, só está um pouquinho atrasado...
Você sempre foi tão meu! Sempre ali do meu lado pronto para qualquer aventura, para resolver qualquer problema... é madrugada, me sinto só é pago o preço por ter dormido cedo... o cansaço do corpo acabou, sem ele, a alma reclama, a mente vagueia, o coração sangra de saudade...
Como acreditar em propósito diante de tanta tristeza? Parece tudo um grande acaso... o que pode ter de bom na sua partida? Não suporto mais pensar, não consigo acreditar... meu bem, estou mal sem você, continuo perdida...
Por que você não está comigo? Estou precisando tanto de você... tanta coisa acontecendo, e eu precisando só de você...
Já passeio por isso outras vezes, me senti sozinha, enquanto estava longe de você, mas sabia que você voltaria... e agora, o que faço? Nosso bebê está tão quieto dentro da minha barriga, estou preocupada... lembro-me do dia em que não senti Júlia se mexer até a hora do almoço... te mandei uma mensagem despretenciosa, apenas para compartilhar... em menos de 5 minutos você já tinha pesquisado na internet, ligado para o médico e marcado uma consulta de emergência! Tudo muito rápido, sempre muito precavido... eu só queria te ter aqui agora do meu lado e eu teria certeza de que tudo ficaria bem... eu sinto muito por nós, pelo que perdemos... pelo que terei de enfrentar sem você...
Eu preciso de você, você saberia o que fazer... eu só sei sentir medo e saudade...
O tempo está passando rápido demais, cada dia sem você é uma nova dor. Eu não escolhi te perder, você não queria nos deixar... estávamos apenas começando uma vida, uma vida planejada, sonhada, bem pensada... fizemos tudo tão certo desde o início. Respeitamos todas as regras, nos respeitamos... fizemos nossos planos, lutamos, conquistamos, mas não pudemos aproveitá-los... foi tudo tão intenso desde o início! Seria tão perfeita a continuação da nossa história... ainda estou perplexa, ainda não posso acreditar... meu coração diz que você fez uma viagem para um lugar onde não funciona celular, mas que vamos nos ver de novo... assim eu espero, assim eu acredito. Eu me apego a isso desesperadamente...
Enquanto você não volta, prometo pensar em tudo de bom que vivemos, apesar de tudo parecer sonho...
Saí da escola com um nó na garganta, um medo da vida, dos dias...
Já perdi as contas de quantas vezes menti meu estado civil... não sei quanto tempo vai demorar até descobrirem... não quero contar. Sem que as pessoas saibam, eu posso fingir que está tudo bem... será que é errado? Mas no meu coração sou casada, casada com você para sempre. Não pedi para me separar, não me lembro de ter reclamado de nós, muito menos me lembro de você se queixando da nossa vida. Nós dois queríamos continuar juntos! Não é justo... a vida não é justa, nunca sabemos o que esperar do amanhã... temos que estar prontos para continuar a qualquer preço, mas e o nosso coração? Como fazemos para consertá-lo? Revendo nossas últimas conversas, parei em uma que dizia assim:
"Bom dia, meus amores, já estou com saudades. Não vejo a hora de rever vocês."
É nessas palavras que quero me agarrar, é assim que penso em você, com saudades, sabendo que você também sentiria por nós... será que de onde você está você pode sentir? Júlia tem falado papai o tempo todo... ela também sente sua falta, e eu nunca sei o que lhe dizer nesses momentos... queria poder dizer que você já vai chegar, só está um pouquinho atrasado...
Você sempre foi tão meu! Sempre ali do meu lado pronto para qualquer aventura, para resolver qualquer problema... é madrugada, me sinto só é pago o preço por ter dormido cedo... o cansaço do corpo acabou, sem ele, a alma reclama, a mente vagueia, o coração sangra de saudade...
Como acreditar em propósito diante de tanta tristeza? Parece tudo um grande acaso... o que pode ter de bom na sua partida? Não suporto mais pensar, não consigo acreditar... meu bem, estou mal sem você, continuo perdida...
Por que você não está comigo? Estou precisando tanto de você... tanta coisa acontecendo, e eu precisando só de você...
Já passeio por isso outras vezes, me senti sozinha, enquanto estava longe de você, mas sabia que você voltaria... e agora, o que faço? Nosso bebê está tão quieto dentro da minha barriga, estou preocupada... lembro-me do dia em que não senti Júlia se mexer até a hora do almoço... te mandei uma mensagem despretenciosa, apenas para compartilhar... em menos de 5 minutos você já tinha pesquisado na internet, ligado para o médico e marcado uma consulta de emergência! Tudo muito rápido, sempre muito precavido... eu só queria te ter aqui agora do meu lado e eu teria certeza de que tudo ficaria bem... eu sinto muito por nós, pelo que perdemos... pelo que terei de enfrentar sem você...
Eu preciso de você, você saberia o que fazer... eu só sei sentir medo e saudade...
O tempo está passando rápido demais, cada dia sem você é uma nova dor. Eu não escolhi te perder, você não queria nos deixar... estávamos apenas começando uma vida, uma vida planejada, sonhada, bem pensada... fizemos tudo tão certo desde o início. Respeitamos todas as regras, nos respeitamos... fizemos nossos planos, lutamos, conquistamos, mas não pudemos aproveitá-los... foi tudo tão intenso desde o início! Seria tão perfeita a continuação da nossa história... ainda estou perplexa, ainda não posso acreditar... meu coração diz que você fez uma viagem para um lugar onde não funciona celular, mas que vamos nos ver de novo... assim eu espero, assim eu acredito. Eu me apego a isso desesperadamente...
Enquanto você não volta, prometo pensar em tudo de bom que vivemos, apesar de tudo parecer sonho...
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Meu bem, hoje a Júlia me lembrou tanto você! O dia todo!
Você está nela! Quando ela chora, quando ela sorri, quando ela coça o nariz... meu Deus, como ela pode fazer os mesmos gestos seus, sem ninguém ter ensinado? Genética? Não sei, a verdade é que ela tem sido o única razão para eu me levantar todos os dias... é verdade que ela também tem sido a razão para eu dormir todas as noites... ela é pura energia, como significa o nome que escolhemos para ela! Quando ela fecha os olhos para dormir, eu não consigo nem pensar, desmaio...
Eu gosto disso nela, não me irrito, vejo você nessa agitação toda também...
Ela fala, entende, me testa, corre, pede, nega, sapateia, anda na ponta dos pés, grita, grita muito, conversa com o irmão, lhe dá beijos, ama ouvir e contar histórias, aponta com o definho para nossas fotos e diz:mamã, papá, Bibi, Neném... e repete isso em todas as fotos mesmo que não estejamos todos juntos... fala uma língua só dela, mas eu juro que entendo tudo, ela é dorminhoca e continua amando nossa cama... tudo isso lembra você! Mas o que mais me impressiona é como ela é destemida, sobretudo, para a água... se joga na piscina, engole água, engasga, mas não admite ser segurada... quer testar seus limites, mas não permite que eu saia de perto...
Essa semana aprendeu uma nova palavra. Tudo que ela faz, de arte a gracinha, ela nos olha com a cara mais sapeca do mundo e diz: viu? E repete isso muitas vezes...
E eu só consigo pensar, como eu queria dividir isso com você... só com você!
Por que foi assim, meu bem? Por quê?
O dia hoje foi uma prévia da minha vida daqui para frente... fiz tudo no piloto automático... sem sentido, sem razão... Júlia me deu vários abraços que mantêm meu coração batendo e aquecido... mas eu queria mais, eu preciso de mais... eu preciso de você também! Na mesma proporção que preciso dela... sei que me entende...
Você está nela! Quando ela chora, quando ela sorri, quando ela coça o nariz... meu Deus, como ela pode fazer os mesmos gestos seus, sem ninguém ter ensinado? Genética? Não sei, a verdade é que ela tem sido o única razão para eu me levantar todos os dias... é verdade que ela também tem sido a razão para eu dormir todas as noites... ela é pura energia, como significa o nome que escolhemos para ela! Quando ela fecha os olhos para dormir, eu não consigo nem pensar, desmaio...
Eu gosto disso nela, não me irrito, vejo você nessa agitação toda também...
Ela fala, entende, me testa, corre, pede, nega, sapateia, anda na ponta dos pés, grita, grita muito, conversa com o irmão, lhe dá beijos, ama ouvir e contar histórias, aponta com o definho para nossas fotos e diz:mamã, papá, Bibi, Neném... e repete isso em todas as fotos mesmo que não estejamos todos juntos... fala uma língua só dela, mas eu juro que entendo tudo, ela é dorminhoca e continua amando nossa cama... tudo isso lembra você! Mas o que mais me impressiona é como ela é destemida, sobretudo, para a água... se joga na piscina, engole água, engasga, mas não admite ser segurada... quer testar seus limites, mas não permite que eu saia de perto...
Essa semana aprendeu uma nova palavra. Tudo que ela faz, de arte a gracinha, ela nos olha com a cara mais sapeca do mundo e diz: viu? E repete isso muitas vezes...
E eu só consigo pensar, como eu queria dividir isso com você... só com você!
Por que foi assim, meu bem? Por quê?
O dia hoje foi uma prévia da minha vida daqui para frente... fiz tudo no piloto automático... sem sentido, sem razão... Júlia me deu vários abraços que mantêm meu coração batendo e aquecido... mas eu queria mais, eu preciso de mais... eu preciso de você também! Na mesma proporção que preciso dela... sei que me entende...
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
Meu bem, sonhos tão confusos... não consigo organizá-los! Queria poder te contar, queria poder ter teu consolo, queria dividir com você minhas dúvidas, fazer planos para o dia seguinte, para a semana seguinte, para o ano seguinte, para a vida toda como sempre fizemos...
Aos poucos estou emudecendo... o vazio está ficando maior dentro de mim. Não quero parar de falar com você, não posso me perder de você, não daria conta... você é a minha parte que me mantém de pé. Por favor, volte a falar comigo!
Não paro de pensar em como tudo poderia ter sido evitado, um simples detalhe, um único erro... por quê? Bastaria um pequeno ajuste e nós estaríamos em casa as 16h. Eu lavaria as roupinhas que você trouxe para a Júlia e você nem a viu usar... as suas camisas não estariam ainda com etiqueta, eu não teria que estar reorganizando as nossas fotos em outras paredes... a felicidade existiria! Meu sonho estaria real... tenho medo de ter vivido apenas um sonho com você, os 12 anos, de repente, parecem 12 dias... mas Júlia enrolando meu cabelo enquanto tenta pegar no sono e nosso pequeno mexendo na minha barriga me mostram que eu vivi tudo de fato! Mais fácil seria que eu não tivesse experimentado tanto amor, tanta felicidade... é muito difícil reaprender ou querer reaprender a viver sabendo que nunca mais terei você, terei amor, terei felicidade...
Aos poucos estou emudecendo... o vazio está ficando maior dentro de mim. Não quero parar de falar com você, não posso me perder de você, não daria conta... você é a minha parte que me mantém de pé. Por favor, volte a falar comigo!
Não paro de pensar em como tudo poderia ter sido evitado, um simples detalhe, um único erro... por quê? Bastaria um pequeno ajuste e nós estaríamos em casa as 16h. Eu lavaria as roupinhas que você trouxe para a Júlia e você nem a viu usar... as suas camisas não estariam ainda com etiqueta, eu não teria que estar reorganizando as nossas fotos em outras paredes... a felicidade existiria! Meu sonho estaria real... tenho medo de ter vivido apenas um sonho com você, os 12 anos, de repente, parecem 12 dias... mas Júlia enrolando meu cabelo enquanto tenta pegar no sono e nosso pequeno mexendo na minha barriga me mostram que eu vivi tudo de fato! Mais fácil seria que eu não tivesse experimentado tanto amor, tanta felicidade... é muito difícil reaprender ou querer reaprender a viver sabendo que nunca mais terei você, terei amor, terei felicidade...
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Tristeza... saudade... cabeça que não pensa... confusão que não se acerta... seu sorriso me dizendo que nada disso aconteceu... meu coração acelerando e parando toda vez que penso no acidente... sua voz comentando sobre tantas coisas... seu olhar enxergando minha alma... suas lembranças pela casa... a sensação de que não vivemos juntos, de que nossa história não foi real... pânico por pensar assim... pavor de acreditar nisso... dor no peito... choro que não se contém... soluço... falta de ar... enjoo... raiva do mundo (sem que o mundo tenha culpa)... luta para acreditar... luta para achar algo que me faça sonhar... vontade de ficar sozinha... você no meu pensamento... dor sem fim...
Penso em você! Busco nossas melhores lembranças... me sinto sufocada... escrevo... escrevo... escrevo...assim seguem meus dias, meus minutos... quero fugir, quero sumir... quero desligar... não posso! O tempo está passando rápido demais... não está me dando tempo... ainda tenho muito para pensar, decidir, resolver... logo Bruno chega... como será? Era para ser tudo tão diferente...
Não há como não me perguntar: por que Deus me deu a melhor vida sobre a Terra com você e de repente me deixou sozinha com a pior dor do mundo? Novamente reforço, sozinha, é estar sem você! Não importa quantos estejam ao meu lado, há um espaço que só você preenche!
Alguns dias antes do acidente, eu, como de costume, retirei as toalhas de banho para lavar e esqueci de colocar outras no lugar... fui tomar banho enquanto você brincava com Júlia longe do banheiro o suficiente para não me ouvir chamá-lo... ao terminar o banho, me lembrei que não havia reposto as toalhas, ensaiei para chamá-lo (em vão) ou sair molhando a casa toda até o quarto, quando olho para o lado e vejo as toalhas cuidadosamente penduradas... sorri! Você pensou por mim... como eu te amo! Me sequei e fui até você para te agradecer: meu bem, eu te amo também por isso! E você me respondeu: o que você faria sem mim?
Hoje eu que te pergunto: o que eu faço sem você?
Eu estou num banheiro escuro com a porta trancada, molhada, sem toalha e com frio... cadê você? O que eu faço sem você?
Penso em você! Busco nossas melhores lembranças... me sinto sufocada... escrevo... escrevo... escrevo...assim seguem meus dias, meus minutos... quero fugir, quero sumir... quero desligar... não posso! O tempo está passando rápido demais... não está me dando tempo... ainda tenho muito para pensar, decidir, resolver... logo Bruno chega... como será? Era para ser tudo tão diferente...
Não há como não me perguntar: por que Deus me deu a melhor vida sobre a Terra com você e de repente me deixou sozinha com a pior dor do mundo? Novamente reforço, sozinha, é estar sem você! Não importa quantos estejam ao meu lado, há um espaço que só você preenche!
Alguns dias antes do acidente, eu, como de costume, retirei as toalhas de banho para lavar e esqueci de colocar outras no lugar... fui tomar banho enquanto você brincava com Júlia longe do banheiro o suficiente para não me ouvir chamá-lo... ao terminar o banho, me lembrei que não havia reposto as toalhas, ensaiei para chamá-lo (em vão) ou sair molhando a casa toda até o quarto, quando olho para o lado e vejo as toalhas cuidadosamente penduradas... sorri! Você pensou por mim... como eu te amo! Me sequei e fui até você para te agradecer: meu bem, eu te amo também por isso! E você me respondeu: o que você faria sem mim?
Hoje eu que te pergunto: o que eu faço sem você?
Eu estou num banheiro escuro com a porta trancada, molhada, sem toalha e com frio... cadê você? O que eu faço sem você?
domingo, 15 de janeiro de 2017
Mais um dia se passou, meu bem, graças a Deus! São tantos desde o último que dormimos juntos... mas a sua ausência parece ser cada dia mais cruel. O tempo tem sido meu inimigo. Hoje, em especial, estou mais perdida, mais confusa, mais desesperada... a presença de alguns amigos da época de Viçosa reacendeu em mim lembranças, todas boas! Mas me mostrou uma outra realidade da qual você não faz mais parte. Isso doeu no fundo da minha alma. Eu vi as pessoas vivendo, continuando, sonhando aqueles mesmos sonhos que você me confidenciou há 12 anos...
Pela primeira vez senti que você não vai me voltar, senti o peso da solidão, quis dividir tanta coisa com você... não pude. Quis te confessar tantos medos, impossível... me sinto tão perdida, ouço as pessoas, mas não as escuto... tento explicar como me sinto, mas não encontro compreensão em ninguém... não há como entender, e eu desisti de explicar, sorrio, converso sobre outros assuntos, mas meu coração e mente estão longe, há um enorme vazio em mim. Se as pessoas pudessem senti-lo... talvez não suportassem permanecer ao meu lado mais que alguns poucos minutos...
Hoje também pela primeira vez eu pensei que talvez eu não consiga, talvez eu esteja sendo vencida pela dor, pela saudade... a vontade de ficar na cama, de não acordar, de não conversar, de não viver voltou com toda a intensidade... no fundo do meu coração eu só consigo escutar uma voz que grita: por favor, alguém me acorde, por favor! Isso não pode ser real...
Quero voltar no tempo, viçosa volta à minha cabeça. Quero ir para lá, no início de tudo, no dia em que fui a uma de minhas festas de formanda (festa dos dias), eu ia trabalhar para a comissão de formatura e você não pôde me acompanhar, porque teria uma prova importante no dia seguinte... ao ir até o seu apartamento para me despedir, você me atendeu à porta, estava com uma caneta e anotou uma sigla na palma da mina mão (PPBHP) olhou nos meus olhos e eu senti neles o medo de me perder. Se a gente soubesse que quem perderia seria eu... se a gente soubesse que nossa história acabaria assim... se eu pudesse te fazer mais feliz... se eu pudesse escolher entre a minha felicidade e a sua... se eu pudesse te acordar, me acordar... ninguém pode viver preso num pesadelo por muito tempo... não há como suportar...
Pela primeira vez senti que você não vai me voltar, senti o peso da solidão, quis dividir tanta coisa com você... não pude. Quis te confessar tantos medos, impossível... me sinto tão perdida, ouço as pessoas, mas não as escuto... tento explicar como me sinto, mas não encontro compreensão em ninguém... não há como entender, e eu desisti de explicar, sorrio, converso sobre outros assuntos, mas meu coração e mente estão longe, há um enorme vazio em mim. Se as pessoas pudessem senti-lo... talvez não suportassem permanecer ao meu lado mais que alguns poucos minutos...
Hoje também pela primeira vez eu pensei que talvez eu não consiga, talvez eu esteja sendo vencida pela dor, pela saudade... a vontade de ficar na cama, de não acordar, de não conversar, de não viver voltou com toda a intensidade... no fundo do meu coração eu só consigo escutar uma voz que grita: por favor, alguém me acorde, por favor! Isso não pode ser real...
Quero voltar no tempo, viçosa volta à minha cabeça. Quero ir para lá, no início de tudo, no dia em que fui a uma de minhas festas de formanda (festa dos dias), eu ia trabalhar para a comissão de formatura e você não pôde me acompanhar, porque teria uma prova importante no dia seguinte... ao ir até o seu apartamento para me despedir, você me atendeu à porta, estava com uma caneta e anotou uma sigla na palma da mina mão (PPBHP) olhou nos meus olhos e eu senti neles o medo de me perder. Se a gente soubesse que quem perderia seria eu... se a gente soubesse que nossa história acabaria assim... se eu pudesse te fazer mais feliz... se eu pudesse escolher entre a minha felicidade e a sua... se eu pudesse te acordar, me acordar... ninguém pode viver preso num pesadelo por muito tempo... não há como suportar...
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Meu bem, confesso que espero você voltar e resolver tudo! Confesso que ainda continuo mandando mensagem para seu número de celular gravado na minha agenda como Bruno, meu bem! Confesso que choro todos os dias enquanto Júlia dorme e enquanto escrevo... Confesso que muita coisa que escrevo ou penso não pode ser postada no blog porque seria sincero demais! Confesso que rezo todas as noites com a Júlia mesmo sem saber o porquê. Confesso que sempre agradeço à Júlia pela companhia que ela me faz, pelos sorrisos que ela me arranca... Confesso que visitando escolas para a Júlia, eu entendi o sonho que você teve quando estava em Jacksonville, duas semanas antes do acidente. Você me contou que ia buscar Júlia na escola e que ela estava sentada em carteiras convencionais, com quadro negro e a professora à frente. Ela prestava atenção e quando te viu, correu ao seu encontro, deixando todas as crianças agitadas...Ontem vi essa cena. Escolhi a escolinha da nossa pequena como você queria, mas meu coração de mãe ainda me dizia que era cedo, desnecessário. Hoje a levei a duas escolas para ver seu comportamento e ela simplesmente amou a que eu havia escolhido, parecia uma mocinha, sentou-se na cadeira, pulava de alegria e na hora de vir embora, relutou, brigou e se jogou para ali ficar... senti meu coração dilacerado, mas no fundo, fiquei feliz. Ela é igual a você, quer ir para a escola, quer aprender, quer começar a viver lá fora... você estava certo, sempre esteve! Ela precisa de mim, mas também precisa do mundo... eu espero que você esteja vendo tudo isso, e esteja sorrindo agora por ela. Peço que esteja comigo sempre e quando eu não puder buscá-la, por favor, esteja lá esperando-a sair...
2 dias! Quase 3 sem escrever... mas não sem pensar em você! A sua falta ainda dói como no primeiro dia, há muita revolta em mim, há muita raiva... talvez por isso eu tenha me calado durante esses dois dias... a luta dentro de mim não tem sido fácil. Outros compromissos, dezenas deles têm me obrigado a olhar para frente, conviver com as pessoas, conversar, cuidar dos outros... mas o que eu queria mesmo era ficar sozinha. É difícil para as pessoas entenderem isso, mas eu preciso ficar sozinha, eu preciso pensar, eu preciso não pensar, não falar, não me preocupar... houve um tempo, curto tempo, em que eu precisei muito das pessoas, eu quis muito encontrar algumas pessoas, hoje isso não importa mais. Eu sei que somos e seremos apenas eu e nossos filhos... e está bom assim. Quando eu não estiver bem, não quero precisar forçar sorrisos, manter conversas ou tentar agradar alguém...
Eu ainda espero meu momento, tento me recolher, mas está impossível... preciso testar meu coração, preciso criar uma rotina para mim e nossos filhos... preciso me preparar também emocionalmente para a chegada do nosso pequeno Bruno. Eu vou precisar de ajuda sim, mas eu ainda acho que sou a maior responsável por eles, e continuarei dedicando o meu tempo a eles como fiz com a Júlia, eu quero cuidar! Eu quero ficar acordada nas madrugadas, eu quero levar e buscar Júlia na escola e alimentá-la, eu quero trocar as fraldas e amamentar nosso pequeno... sim, porque eu continuo achando que essas são tarefas dos pais. Se eu vou dar conta? Não tenho dúvidas de que chegarei à exaustão, mas conseguirei! Estar sem você é a tarefa mais difícil que fui obrigada a suportar... por que eu não suportaria cuidar dos filhos que tanto desejamos e planejamos?
Essa madrugada, acordei sem nenhum motivo aparente. Apenas acordei... ao checar as mensagens, percebi que havia várias... uma delas dizia sobre os meus Brunos! Sorri ao ler isso, de repente algo se clareou: eu tenho dois Brunos, dois sonhos, dois amores, duas vidas... pessoas diferentes, mas capazes de me tornar melhor...
Nesses últimos 2 dias, eu tenho pensado muito em quem tenho me tornado, eu mudei muito. Já disse algumas vezes que não gosto da pessoa que sou hoje, e isso é insuportável de se sentir... mas olhando nossos vídeos antigos eu percebi que mudei também em relação à Júlia. Me entristeci, chorei ao certificar-me de que Júlia perdeu o pai, mas também aquela mãe leve, dedicada e orgulhosa... não é justo com ela! Pensei em você me vendo, repensei algumas atitudes, e decidi que ela não vai mais ter que esperar por mim, eu continuarei sendo a melhor mãe que eu puder ser para ela e para o Bruno. Eles são a única coisa que importa agora...
Mas aos demais, espero que entendam, não me cobrem e me deixem ser quem eu puder ser...
Eu ainda espero meu momento, tento me recolher, mas está impossível... preciso testar meu coração, preciso criar uma rotina para mim e nossos filhos... preciso me preparar também emocionalmente para a chegada do nosso pequeno Bruno. Eu vou precisar de ajuda sim, mas eu ainda acho que sou a maior responsável por eles, e continuarei dedicando o meu tempo a eles como fiz com a Júlia, eu quero cuidar! Eu quero ficar acordada nas madrugadas, eu quero levar e buscar Júlia na escola e alimentá-la, eu quero trocar as fraldas e amamentar nosso pequeno... sim, porque eu continuo achando que essas são tarefas dos pais. Se eu vou dar conta? Não tenho dúvidas de que chegarei à exaustão, mas conseguirei! Estar sem você é a tarefa mais difícil que fui obrigada a suportar... por que eu não suportaria cuidar dos filhos que tanto desejamos e planejamos?
Essa madrugada, acordei sem nenhum motivo aparente. Apenas acordei... ao checar as mensagens, percebi que havia várias... uma delas dizia sobre os meus Brunos! Sorri ao ler isso, de repente algo se clareou: eu tenho dois Brunos, dois sonhos, dois amores, duas vidas... pessoas diferentes, mas capazes de me tornar melhor...
Nesses últimos 2 dias, eu tenho pensado muito em quem tenho me tornado, eu mudei muito. Já disse algumas vezes que não gosto da pessoa que sou hoje, e isso é insuportável de se sentir... mas olhando nossos vídeos antigos eu percebi que mudei também em relação à Júlia. Me entristeci, chorei ao certificar-me de que Júlia perdeu o pai, mas também aquela mãe leve, dedicada e orgulhosa... não é justo com ela! Pensei em você me vendo, repensei algumas atitudes, e decidi que ela não vai mais ter que esperar por mim, eu continuarei sendo a melhor mãe que eu puder ser para ela e para o Bruno. Eles são a única coisa que importa agora...
Mas aos demais, espero que entendam, não me cobrem e me deixem ser quem eu puder ser...
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Amor, meu amor!
O dia passou rápido ontem... saí com Júlia e Laura para comprar algumas coisas que faltam para o quarto dos nossos bebês. Está quase tudo pronto, faltam apenas o guarda-roupas e o colchão para a caminha da Ju... andamos muito! Gostei de alguns, mas era preciso ver as medidas... ficou tarde, o calor insuportável, almoçamos por lá mesmo. Júlia amou a comida e, pasme, aceitou comer boa parte com talher!!! Fiquei bastante feliz por essa conquista!
A tarde em casa foi para organizar as roupinhas do bebê que precisam ser lavadas, separar o que ainda não serve e liberar espaço na cômoda da Júlia retirando as peças pequenas para doação... Júlia acordou no meio da arrumação e deu um jeito de pôr fogo na bagunça! Depois de muita luta, conseguimos retirar aquele mundaréu de coisas e o quarto já pode receber os ajustes finais...
A noite chegou daquele jeito que congela a alma de quem sente saudades... Júlia dormiu logo, mas acordou também logo tossindo. Assim passamos a noite, até que, de tanto tossir, ela vomitou. Eu senti mais uma vez o cansaço tomar conta do corpo... pensei em você, lembrei-me do episódio da cebola cortada ao meio. Não tive como conter o riso... Depois de uma madrugada como essa, você foi dormir as últimas horas que restavam antes do amanhecer no quarto de hóspedes enquanto eu cuidava da nossa pequena. Como tentativa desesperada de aliviar a tosse, recorri ao método de colocar uma cebola cortada ao meio debaixo da cama. Deu certo! Mas o cheiro forte e nada agradável tomou conta de tudo. Eu então te chamei para que voltasse para nossa cama. Você veio, mas não comentou nada sobre o forte odor... eu exausta, dormi... no dia seguinte, no café da manhã, você muito delicado comentou: precisamos ver o que aconteceu, mas o nosso quarto está com um puta cheiro de sovaco!
Eu tive uma crise de riso, não conseguia parar para te explicar, voou café por todo lado e você me olhando sem entender nada... durante muitos dias, eu ri sozinha desse ocorrido. Ainda hoje, agora, eu rio de chorar como fiz ontem... sempre que Júlia tinha tosse você me dizia: vamos recorrer ao sovacão! Ontem não foi possível, não havia cebola, mas usamos o vick nas solas dos pés, ela me ajudou a passar... tão mocinha! Depois de muito tempo, pegou no sono outra vez, eu fiquei acordada, pensando em você. Recorri à galeria de fotos e dormi enquanto olhava uma foto sua na Espanha, sua primeira viagem internacional... garoto ainda, mas com o mesmo brilho no olhar!
Sonhei, você voltava para casa, e em questão de minutos tudo se resolvia, a casa voltava a funcionar! Não houve cobrança, eu só te abracei e agradeci por ter voltado... a casa não era essa, mas também não era a de Telêmaco... Nós até organizamos a festinha de 2 aninhos da Júlia... estávamos tão felizes! Mas fui acordada por uma ligação... tentei em vão voltar para o sonho... tão real! Foi em vão... a vida, infelizmente, me espera com todas as obrigações...
O dia passou rápido ontem... saí com Júlia e Laura para comprar algumas coisas que faltam para o quarto dos nossos bebês. Está quase tudo pronto, faltam apenas o guarda-roupas e o colchão para a caminha da Ju... andamos muito! Gostei de alguns, mas era preciso ver as medidas... ficou tarde, o calor insuportável, almoçamos por lá mesmo. Júlia amou a comida e, pasme, aceitou comer boa parte com talher!!! Fiquei bastante feliz por essa conquista!
A tarde em casa foi para organizar as roupinhas do bebê que precisam ser lavadas, separar o que ainda não serve e liberar espaço na cômoda da Júlia retirando as peças pequenas para doação... Júlia acordou no meio da arrumação e deu um jeito de pôr fogo na bagunça! Depois de muita luta, conseguimos retirar aquele mundaréu de coisas e o quarto já pode receber os ajustes finais...
A noite chegou daquele jeito que congela a alma de quem sente saudades... Júlia dormiu logo, mas acordou também logo tossindo. Assim passamos a noite, até que, de tanto tossir, ela vomitou. Eu senti mais uma vez o cansaço tomar conta do corpo... pensei em você, lembrei-me do episódio da cebola cortada ao meio. Não tive como conter o riso... Depois de uma madrugada como essa, você foi dormir as últimas horas que restavam antes do amanhecer no quarto de hóspedes enquanto eu cuidava da nossa pequena. Como tentativa desesperada de aliviar a tosse, recorri ao método de colocar uma cebola cortada ao meio debaixo da cama. Deu certo! Mas o cheiro forte e nada agradável tomou conta de tudo. Eu então te chamei para que voltasse para nossa cama. Você veio, mas não comentou nada sobre o forte odor... eu exausta, dormi... no dia seguinte, no café da manhã, você muito delicado comentou: precisamos ver o que aconteceu, mas o nosso quarto está com um puta cheiro de sovaco!
Eu tive uma crise de riso, não conseguia parar para te explicar, voou café por todo lado e você me olhando sem entender nada... durante muitos dias, eu ri sozinha desse ocorrido. Ainda hoje, agora, eu rio de chorar como fiz ontem... sempre que Júlia tinha tosse você me dizia: vamos recorrer ao sovacão! Ontem não foi possível, não havia cebola, mas usamos o vick nas solas dos pés, ela me ajudou a passar... tão mocinha! Depois de muito tempo, pegou no sono outra vez, eu fiquei acordada, pensando em você. Recorri à galeria de fotos e dormi enquanto olhava uma foto sua na Espanha, sua primeira viagem internacional... garoto ainda, mas com o mesmo brilho no olhar!
Sonhei, você voltava para casa, e em questão de minutos tudo se resolvia, a casa voltava a funcionar! Não houve cobrança, eu só te abracei e agradeci por ter voltado... a casa não era essa, mas também não era a de Telêmaco... Nós até organizamos a festinha de 2 aninhos da Júlia... estávamos tão felizes! Mas fui acordada por uma ligação... tentei em vão voltar para o sonho... tão real! Foi em vão... a vida, infelizmente, me espera com todas as obrigações...
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
Hoje acordei com mais saudade, meu bem. Queria te dizer só isso, mas isso não é só, pelo contrário, é muito, é mais, é tudo que sinto...
Ontem foi dia de fazer ultrassonografia, nova clínica, novo médico, e eu de novo pensando na promessa que você me fez... senti saudade! Nosso bebê está bem, tem 1,700 kg, está de cabeça para baixo, encaixado, como a Júlia... continua bochechudo... não senti vontade de contar para ninguém, só para você... senti saudade!
Está muito calor e seco, Júlia e eu estamos com tosse e garganta ruim. Júlia está com o peito muito cheio, não consegui fazer inalação... só você conseguia... senti saudades!
O sono dela demorou para vir... senti saudades! O calor e pensamentos me tiraram o sono... senti saudades!
Sonhei que tentava te ligar, como sempre fazia, perguntando como faríamos no almoço: você viria em casa ou iríamos a algum restaurante? Não conseguia falar... você não atendia...
Você chegou, com aquele jeito rápido e preocupado de quem está atrasado e sabe que errou. Veio me chamando lá de fora e dizendo: trouxe uma pizza de calabresa (sua preferida) para o almoço... eu já estava à mesa, com o almoço pronto... a casa ainda era a de Telêmaco... nossa casa, nosso ninho, nosso refúgio, nossa história, para sempre nossa! Acordei... não deu tempo de te abraçar ou receber seu beijo... senti muita, muita saudade!
Eu sinto muita saudade em tudo que eu faça ou pense...
Olhei para o lado e vi Júlia dormindo debaixo do travesseiro... está tão fofa! Faz tantas gracinhas... não sinto vontade de contar para ninguém... só para você... sinto saudades, meu amor! Muitas! Hoje muito mais que ontem...
Ontem foi dia de fazer ultrassonografia, nova clínica, novo médico, e eu de novo pensando na promessa que você me fez... senti saudade! Nosso bebê está bem, tem 1,700 kg, está de cabeça para baixo, encaixado, como a Júlia... continua bochechudo... não senti vontade de contar para ninguém, só para você... senti saudade!
Está muito calor e seco, Júlia e eu estamos com tosse e garganta ruim. Júlia está com o peito muito cheio, não consegui fazer inalação... só você conseguia... senti saudades!
O sono dela demorou para vir... senti saudades! O calor e pensamentos me tiraram o sono... senti saudades!
Sonhei que tentava te ligar, como sempre fazia, perguntando como faríamos no almoço: você viria em casa ou iríamos a algum restaurante? Não conseguia falar... você não atendia...
Você chegou, com aquele jeito rápido e preocupado de quem está atrasado e sabe que errou. Veio me chamando lá de fora e dizendo: trouxe uma pizza de calabresa (sua preferida) para o almoço... eu já estava à mesa, com o almoço pronto... a casa ainda era a de Telêmaco... nossa casa, nosso ninho, nosso refúgio, nossa história, para sempre nossa! Acordei... não deu tempo de te abraçar ou receber seu beijo... senti muita, muita saudade!
Eu sinto muita saudade em tudo que eu faça ou pense...
Olhei para o lado e vi Júlia dormindo debaixo do travesseiro... está tão fofa! Faz tantas gracinhas... não sinto vontade de contar para ninguém... só para você... sinto saudades, meu amor! Muitas! Hoje muito mais que ontem...
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Meu bem, estou aqui parada, com a tela em branco. Não sei como começar. Desde ontem, dormi sem falar com você direito, estava exausta. Normalmente, eu gosto de dias assim. O cansaço me faz pegar no sono rapidamente. Ontem, entretanto, senti o peso físico de estar sozinha.
Júlia dormiu pouco à tarde e eu passei algumas horas pendurando alguns quadros na parede. Deu muito trabalho como eu imaginava... me muni de trena, lápis, fita, martelo e caixa de pregos. Na primeira martelada Júlia acordou, aí foi aquela confusão: parede rabiscada, quadro rasurado, prego perdido, martelo sendo roubado, trena desaparecida, eu enlouquecida, dedo martelado, suor escorrendo, ela com o bumbum quente e muitos quadros tortos...
No meio dessa loucura toda que tornou minha vida em qualquer atividade que eu tente executar, vi que já era hora de correr para a igreja ou não acharíamos lugar para sentar.
Mais correria! Banho coletivo, porque eu nunca mais consegui tomar um banho sozinha, não acho roupa que sirva tanto em mim quanto nela, procuro na pilha que espera para passar há dias...não dá tempo, veste amassada mesmo... arruma a bolsa, custa achar vaga para estacionar. Estaciono longe, caminho 4 quarteirões com ela no colo, mas acho lugar para sentar na igreja. Ela observa tudo, tira os sapatos e me olha desconfiada...
Mal o padre abre a boca ela começa a gritar de desespero, eu ainda recuperando o fôlego da caminhada, saio da igreja para acalmá-la e esqueço a bolsa com as chaves do carro e sapatos dela com minha sobrinha. Lá fora, ela se acalma, mas eu preciso ficar longe da porta da igreja. Ela quer descer, não pode, está descalço e não permite que eu volte, grita, esperneia. Preciso ter toda calma do mundo para não deixá-la no chão e fugir para longe.
Fico dando voltas na igreja com ela no colo. Não há como ouvir nada. Sento-me no banco da praça, ela para de chorar, mas ainda quer descer, minha barriga dói, minhas pernas também.
Júlia me abraça, eu penso em você, sinto sua falta como nunca! Choro por não poder assistir à missa marcada para você. Rezo sozinha, mas sem muita fé... não tenho tempo, não tenho forças, não tenho ânimo...
Penso em tudo que deixamos para trás, nós dois! Nossa vida era um mar de rosas... penso nos amigos... penso em você! Tudo repetição dentro de mim! Corpo cansado, alma destruída, coração sangrando de dor, saudade que faz meu corpo flutuar, meus pés saem do chão...
A missa acaba, posso voltar para casa. Mas ainda há tanto por fazer... quando termino, Júlia dorme e eu apago as luzes, penso em você. Vejo sua foto, volto a não acreditar. Não pode ter acontecido! Adormeço e pela primeira vez sonho que estamos em casa, e a nossa casa é aqui, não em Telêmaco... a realidade está vencendo o sonho aos poucos... acordo com a sensação de que vivi um sonho com você... será que nossa história existiu? Será que nós existimos? Eu não existo mais...
Júlia dormiu pouco à tarde e eu passei algumas horas pendurando alguns quadros na parede. Deu muito trabalho como eu imaginava... me muni de trena, lápis, fita, martelo e caixa de pregos. Na primeira martelada Júlia acordou, aí foi aquela confusão: parede rabiscada, quadro rasurado, prego perdido, martelo sendo roubado, trena desaparecida, eu enlouquecida, dedo martelado, suor escorrendo, ela com o bumbum quente e muitos quadros tortos...
No meio dessa loucura toda que tornou minha vida em qualquer atividade que eu tente executar, vi que já era hora de correr para a igreja ou não acharíamos lugar para sentar.
Mais correria! Banho coletivo, porque eu nunca mais consegui tomar um banho sozinha, não acho roupa que sirva tanto em mim quanto nela, procuro na pilha que espera para passar há dias...não dá tempo, veste amassada mesmo... arruma a bolsa, custa achar vaga para estacionar. Estaciono longe, caminho 4 quarteirões com ela no colo, mas acho lugar para sentar na igreja. Ela observa tudo, tira os sapatos e me olha desconfiada...
Mal o padre abre a boca ela começa a gritar de desespero, eu ainda recuperando o fôlego da caminhada, saio da igreja para acalmá-la e esqueço a bolsa com as chaves do carro e sapatos dela com minha sobrinha. Lá fora, ela se acalma, mas eu preciso ficar longe da porta da igreja. Ela quer descer, não pode, está descalço e não permite que eu volte, grita, esperneia. Preciso ter toda calma do mundo para não deixá-la no chão e fugir para longe.
Fico dando voltas na igreja com ela no colo. Não há como ouvir nada. Sento-me no banco da praça, ela para de chorar, mas ainda quer descer, minha barriga dói, minhas pernas também.
Júlia me abraça, eu penso em você, sinto sua falta como nunca! Choro por não poder assistir à missa marcada para você. Rezo sozinha, mas sem muita fé... não tenho tempo, não tenho forças, não tenho ânimo...
Penso em tudo que deixamos para trás, nós dois! Nossa vida era um mar de rosas... penso nos amigos... penso em você! Tudo repetição dentro de mim! Corpo cansado, alma destruída, coração sangrando de dor, saudade que faz meu corpo flutuar, meus pés saem do chão...
A missa acaba, posso voltar para casa. Mas ainda há tanto por fazer... quando termino, Júlia dorme e eu apago as luzes, penso em você. Vejo sua foto, volto a não acreditar. Não pode ter acontecido! Adormeço e pela primeira vez sonho que estamos em casa, e a nossa casa é aqui, não em Telêmaco... a realidade está vencendo o sonho aos poucos... acordo com a sensação de que vivi um sonho com você... será que nossa história existiu? Será que nós existimos? Eu não existo mais...
domingo, 8 de janeiro de 2017
Hoje é dia 08, mas eu escrevo por ontem, meu bem. Sábado costumava ser meu dia favorito da semana... eu e Júlia não fizemos nada do que costumávamos fazer com você. Fez muito calor, nos refugiamos em casa. Acordei cedo para organizar as coisas da churrasqueira e suas ferramentas que ainda estavam espalhadas pela área. Fiquei horas olhando os quadros que contam nossa história... cada um foi comprado em uma ocasião especial, mas os mais valiosos são aqueles que nós mesmos fizemos; eles ainda estão sobre a mesa, ainda não me decidi qual será o melhor lugar para colocá-los. A tarde, enquanto Júlia dormia, me ocupei acertando alguns detalhes no quarto dos nossos filhos. Já posicionei os móveis, agora preciso separar e guardar as roupas. Falta também posicionar os quadros, essa era sempre uma atividade que eu delegava a você que executava perfeitamente, por isso é a mais difícil para mim. Nenhum quadro foi fixado na casa, tenho medo de errar e te decepcionar. As tvs ainda não funcionam, estão já na parede, mas os cabos estão todos desconectados. Contratei uma pessoa para fazer as instalações, mas percebi que não vai rolar, ele está mais perdido que eu no manuseio dos aparelhos. Enquanto eu esperava a instalação que não foi concluída com sucesso, pensava em como você teria resolvido tudo em questão de minutos. Prometi para mim mesma que vou aprender a fazer isso. Tenho me esforçado...
Enfim, o crepúsculo do dia chegou, com ele veio toda a tristeza e angústia que causa essa parte do dia. Eu que tinha passado um dia mais sereno, absorta em lembranças, voltei a experimentar a inquietude da alma. Me olhei no espelho, como há muito tempo não fazia, me enxerguei. Vi que meus olhos estão ainda menores, mas o pior foi perceber que estão opacos, falta luz neles. Olhei minha barriga, está enorme... vi as lágrimas escorrerem, senti sua falta, indaguei pela milésima vez o motivo de eu ter que passar por isso sozinha. E estar sozinha, para mim, é estar sem você não importa quem ou quantos estejam ao meu lado. Fui interrompida pela hora, é preciso preparar o jantar da Júlia. Enquanto ela comia macarrão com brócolis e frango, fiquei observando suas ações: comendo com as mãos, assistindo a desenhos, separando a batata doce e a cenoura. Ela mudou, está seletiva para comer, não aceita garfo ou colher... fiquei imaginando como seria se você estivesse conosco, o que você faria, que ideia teria...
Meus Deus, como estou dando conta? Logo eu que me desesperava quando você chegava em casa depois das 9h! Como estou conseguindo há 90 dias?! Me desespero! Hoje eu não quero jantar, puxo uma baqueta para a janela e me sento, olho para o lado e puxo uma para você se sentar comigo, finjo que seguro sua mão, olhamos para fora, imagino as cenas felizes que protagonizaríamos ali, tomaríamos cerveja, vinho, jogaríamos conversa fora, sonharíamos tanto! Com certeza acharíamos lugar para pendurar mais lembranças das viagem que faríamos...
Júlia está acordada do meu lado, me lembrando que mais um dia começou, ela percebe que choro, me abraça... será que ela imagina a importância que tem na minha vida neste momento em especial?
Preciso levantar, preciso me preparar para hoje, também será difícil, será vazio, será sem graça como todos os outros desde que você nos deixou... foi num sábado, foi dia 08, foi uma grande covardia do destino...
A descrença agora é algo maior que tudo! Não há nada! Não ficou nada! Não acredito em nada...
Enfim, o crepúsculo do dia chegou, com ele veio toda a tristeza e angústia que causa essa parte do dia. Eu que tinha passado um dia mais sereno, absorta em lembranças, voltei a experimentar a inquietude da alma. Me olhei no espelho, como há muito tempo não fazia, me enxerguei. Vi que meus olhos estão ainda menores, mas o pior foi perceber que estão opacos, falta luz neles. Olhei minha barriga, está enorme... vi as lágrimas escorrerem, senti sua falta, indaguei pela milésima vez o motivo de eu ter que passar por isso sozinha. E estar sozinha, para mim, é estar sem você não importa quem ou quantos estejam ao meu lado. Fui interrompida pela hora, é preciso preparar o jantar da Júlia. Enquanto ela comia macarrão com brócolis e frango, fiquei observando suas ações: comendo com as mãos, assistindo a desenhos, separando a batata doce e a cenoura. Ela mudou, está seletiva para comer, não aceita garfo ou colher... fiquei imaginando como seria se você estivesse conosco, o que você faria, que ideia teria...
Meus Deus, como estou dando conta? Logo eu que me desesperava quando você chegava em casa depois das 9h! Como estou conseguindo há 90 dias?! Me desespero! Hoje eu não quero jantar, puxo uma baqueta para a janela e me sento, olho para o lado e puxo uma para você se sentar comigo, finjo que seguro sua mão, olhamos para fora, imagino as cenas felizes que protagonizaríamos ali, tomaríamos cerveja, vinho, jogaríamos conversa fora, sonharíamos tanto! Com certeza acharíamos lugar para pendurar mais lembranças das viagem que faríamos...
Júlia está acordada do meu lado, me lembrando que mais um dia começou, ela percebe que choro, me abraça... será que ela imagina a importância que tem na minha vida neste momento em especial?
Preciso levantar, preciso me preparar para hoje, também será difícil, será vazio, será sem graça como todos os outros desde que você nos deixou... foi num sábado, foi dia 08, foi uma grande covardia do destino...
A descrença agora é algo maior que tudo! Não há nada! Não ficou nada! Não acredito em nada...
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
Ai meu bem, hoje não acordei bem... não dormi bem, tive insônia, Júlia também...
Levantei-me cedo, dei mamadeira a Júlia, troquei-lhe a fralda, esperei para que ela adormecesse novamente. Deixe-a com a Laurinha, cuidei da Babi, levei-a para passear, me troquei e fui para o laboratório fazer os exames do terceiro trimestre. Enquanto fazia tudo isso pensei por muitas e muitas vezes na gravidez da Júlia. Como foi diferente, como foi mágico... cada etapa era vivida com euforia por nós dois, tudo era motivo de alegria, orgulho...
No caminho para o laboratório, tive pavor dos dias que virão. Serão todos iguais, cada atividade é uma obrigação, não sinto vontade de me cuidar, me arrumar, comer bem... nada faz sentido, tudo é besteira sem você...
Enquanto aguardava as 2 horas para repetir o exame, conversei com outra grávida que também esperava... conversamos sobre muitas coisas, sobre os filhos, calor, cansaço, escolinha, maridos... falei de você como sempre faço, contando algumas histórias, dizendo como você foi importante nos primeiros meses, como se você estivesse trabalhando normalmente... é assim que eu faço para conseguir me manter lúcida, para não enlouquecer!
Aos poucos as pessoas param de falar sobre você comigo... apesar de eu sentir uma vontade louca de só falar de você! Por outro lado, pessoas que nem me conheciam me procuram para falar de ti, demonstrar carinho e apoio. Isso é muito bom, me conforta muito...
Sua imagem feliz, sorridente e decidida está comigo em cada segundo, mas às vezes um arrepio atravessa todo o meu corpo, me corta a alma e apunhala meu coração! Eu me lembro de tudo e volto a me desesperar. Foi tudo tão rápido, o chão me foi tirado de repente, não tive chance de me despedir, de te ajudar, de te salvar... nessas horas, não há como fingir que tudo ficará bem. Não vai ficar! Eu sei que muitos não entendem, nunca vão entender... já ouvi que tenho tudo, que preciso seguir, parar de me lamentar... eu rebato dizendo que não tenho nada, porque me falta você, mas entendo que só será capaz de compreender meu coração que já passou pela mesma dor...
E assim seguem-se os dias, sem grandes novidades, sem alegrias, apenas na inércia e obrigações... a única certeza que tenho é a de que amanhã a saudade machucará ainda mais e que meu amor por você será ainda maior!
Espero pelo nosso reencontro...
Levantei-me cedo, dei mamadeira a Júlia, troquei-lhe a fralda, esperei para que ela adormecesse novamente. Deixe-a com a Laurinha, cuidei da Babi, levei-a para passear, me troquei e fui para o laboratório fazer os exames do terceiro trimestre. Enquanto fazia tudo isso pensei por muitas e muitas vezes na gravidez da Júlia. Como foi diferente, como foi mágico... cada etapa era vivida com euforia por nós dois, tudo era motivo de alegria, orgulho...
No caminho para o laboratório, tive pavor dos dias que virão. Serão todos iguais, cada atividade é uma obrigação, não sinto vontade de me cuidar, me arrumar, comer bem... nada faz sentido, tudo é besteira sem você...
Enquanto aguardava as 2 horas para repetir o exame, conversei com outra grávida que também esperava... conversamos sobre muitas coisas, sobre os filhos, calor, cansaço, escolinha, maridos... falei de você como sempre faço, contando algumas histórias, dizendo como você foi importante nos primeiros meses, como se você estivesse trabalhando normalmente... é assim que eu faço para conseguir me manter lúcida, para não enlouquecer!
Aos poucos as pessoas param de falar sobre você comigo... apesar de eu sentir uma vontade louca de só falar de você! Por outro lado, pessoas que nem me conheciam me procuram para falar de ti, demonstrar carinho e apoio. Isso é muito bom, me conforta muito...
Sua imagem feliz, sorridente e decidida está comigo em cada segundo, mas às vezes um arrepio atravessa todo o meu corpo, me corta a alma e apunhala meu coração! Eu me lembro de tudo e volto a me desesperar. Foi tudo tão rápido, o chão me foi tirado de repente, não tive chance de me despedir, de te ajudar, de te salvar... nessas horas, não há como fingir que tudo ficará bem. Não vai ficar! Eu sei que muitos não entendem, nunca vão entender... já ouvi que tenho tudo, que preciso seguir, parar de me lamentar... eu rebato dizendo que não tenho nada, porque me falta você, mas entendo que só será capaz de compreender meu coração que já passou pela mesma dor...
E assim seguem-se os dias, sem grandes novidades, sem alegrias, apenas na inércia e obrigações... a única certeza que tenho é a de que amanhã a saudade machucará ainda mais e que meu amor por você será ainda maior!
Espero pelo nosso reencontro...
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
Meu bem, já passa da meia noite, mas escrevo como se ainda fosse dia 05...
Ontem e hoje foram dias de reflexão... a casa é outra, as pessoas são outras, mas fico imaginando como seríamos felizes aqui! Muito! Daríamos um jeito, acertaríamos os detalhes que faltam e você já teria colocado todos os quadros na parede, eu sei! Falta apenas esse detalhe e nossa casa estará pronta para a chegada do nosso bebê tão amado e desejado por nós dois. Eu sei que já deveria tê-los colocado na parede, mas quero fazer certinho, medir, marcar, ver o nível, calcular a distância, centralizá-los como você me ensinou! Também me falta um martelo, o nosso se perdeu na mudança assim como os cabos das TVs que ainda aguardam para serem instalada. Aliás, como é complicado instalar uma! Não estamos sentindo falta delas, a não ser pela Júlia que agora virou fã número 1 da Peppa e passou a monopolizar meu celular...
Por falar nela, a danadinha está tagarela, canta e adora uma rua; passear de carro é de longe sua atividade favorita! Sua palavra mais cotada ainda é "ah nãaaaao!" Mas ela adora falar vovô também, não pode ver ou ouvir meu pai que ela já se assanha toda. Corre sem parar na casa dos meus pais, entrando numa porta e saindo na outra! E eu atrás...
Hoje ela calçou suas botas! Foi engraçado porque ela não conseguia levantar o pé do chão, mas ela disse orgulhosa: papa!
Deixei todas as suas coisas como antes. Ainda não sei o que fazer ou quando... acho importante que eles cresçam vendo suas lembranças pela casa. Para mim é primordial, é como se você voltasse a qualquer momento!
Pensei seriamente em não mais publicar as cartas que te escrevo por vários motivos... um deles é o fato de que eu não escrevo para convencer ninguém. Escrevo para desabafar, escrevo para organizar o pensamento, escrevo porque acredito/espero muito que você possa ler de algum lugar... sendo assim, bastava que eu escrevesse para mim, para nós dois. No entanto, recebi hoje muitas mensagens de amigos e conhecidos e repensei... talvez, mais alguém esteja passando pela mesma situação... talvez alguém esteja aprendendo conosco, vivendo mais, reclamando menos. Enfim, convenci-me de que devo continuar... e assim o farei até que não exista mais nada a ser dito...
O fato é que há ainda muito a ser contado, coisas que só posso dizer ao pé do seu ouvido. Venha escutar! Sinto sua falta, você anda muito quieto, fale mais alto, grite de onde estiver. Quero te ver, preciso te ouvir...
Ontem e hoje foram dias de reflexão... a casa é outra, as pessoas são outras, mas fico imaginando como seríamos felizes aqui! Muito! Daríamos um jeito, acertaríamos os detalhes que faltam e você já teria colocado todos os quadros na parede, eu sei! Falta apenas esse detalhe e nossa casa estará pronta para a chegada do nosso bebê tão amado e desejado por nós dois. Eu sei que já deveria tê-los colocado na parede, mas quero fazer certinho, medir, marcar, ver o nível, calcular a distância, centralizá-los como você me ensinou! Também me falta um martelo, o nosso se perdeu na mudança assim como os cabos das TVs que ainda aguardam para serem instalada. Aliás, como é complicado instalar uma! Não estamos sentindo falta delas, a não ser pela Júlia que agora virou fã número 1 da Peppa e passou a monopolizar meu celular...
Por falar nela, a danadinha está tagarela, canta e adora uma rua; passear de carro é de longe sua atividade favorita! Sua palavra mais cotada ainda é "ah nãaaaao!" Mas ela adora falar vovô também, não pode ver ou ouvir meu pai que ela já se assanha toda. Corre sem parar na casa dos meus pais, entrando numa porta e saindo na outra! E eu atrás...
Hoje ela calçou suas botas! Foi engraçado porque ela não conseguia levantar o pé do chão, mas ela disse orgulhosa: papa!
Deixei todas as suas coisas como antes. Ainda não sei o que fazer ou quando... acho importante que eles cresçam vendo suas lembranças pela casa. Para mim é primordial, é como se você voltasse a qualquer momento!
Pensei seriamente em não mais publicar as cartas que te escrevo por vários motivos... um deles é o fato de que eu não escrevo para convencer ninguém. Escrevo para desabafar, escrevo para organizar o pensamento, escrevo porque acredito/espero muito que você possa ler de algum lugar... sendo assim, bastava que eu escrevesse para mim, para nós dois. No entanto, recebi hoje muitas mensagens de amigos e conhecidos e repensei... talvez, mais alguém esteja passando pela mesma situação... talvez alguém esteja aprendendo conosco, vivendo mais, reclamando menos. Enfim, convenci-me de que devo continuar... e assim o farei até que não exista mais nada a ser dito...
O fato é que há ainda muito a ser contado, coisas que só posso dizer ao pé do seu ouvido. Venha escutar! Sinto sua falta, você anda muito quieto, fale mais alto, grite de onde estiver. Quero te ver, preciso te ouvir...
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
É cedo! Muito cedo! Acordei assustada, no meio de um pesadelo, muitas histórias misturadas... muita confusão... foi bom acordar, senti um alívio, mas imediatamente percebi que tenho uma realidade que muito se assemelha a um pesadelo... enquanto preparava a mamadeira da Júlia com ela no colo ( foi ela que me despertou, graças a Deus!), senti um vazio tão grande, a certeza de que estou sozinha voltou... a vontade de chorar, gritar, me revoltar precisou ser controlada...
De repente, aquela certeza de que me falta um pedaço não faz mais sentido... eu me acostumaria viver sem uma parte do meu corpo, mas me falta mais! Me falta um pedaço da alma, me falta muito mais que uma parte física, me falta você e era você que me tornava a pessoa que eu gostava de ser, sem você, é como se eu também me faltasse... se não há você, eu não existo!
Está difícil lidar com a dor, está difícil lidar com a saudade... seria tão mais fácil dormir, simplesmente...
De repente, aquela certeza de que me falta um pedaço não faz mais sentido... eu me acostumaria viver sem uma parte do meu corpo, mas me falta mais! Me falta um pedaço da alma, me falta muito mais que uma parte física, me falta você e era você que me tornava a pessoa que eu gostava de ser, sem você, é como se eu também me faltasse... se não há você, eu não existo!
Está difícil lidar com a dor, está difícil lidar com a saudade... seria tão mais fácil dormir, simplesmente...
Meu bem, hoje o dia foi corrido como todos os últimos, mas me permiti pela primeira vez ficar em casa o dia todo. Recebi visita de familiares, mas a maior parte do tempo me ocupei com as tarefas da casa e Júlia.
Tentei pensar em você, nas coisas boas que vivemos... uma imagem que sempre me vem a cabeça é de você fazendo uma dancinha de vitória toda vez que eu não conseguia fazer algo e você executava com a maior facilidade... acredito que só eu e Júlia tenhamos presenciado essas cenas... que sorte a nossa! Há tanta alegria e espontaneidade nelas!
Pensei na nossa viagem para Aruba, você me fez uma surpresa! Foi lindo! A melhor viagem de todas! Foi mágico! Me lembrei do passeio que fizemos de quadriciclo, do sol forte, dos mergulhos, do pôr do sol, dos pedidos que fizemos empilhando pedras no deserto... tantas histórias felizes!
Em meio a esses pensamentos coloquei Júlia para dormir, e como de costume, mostrei sua foto, falei de você, disse que eu sentia sua falta, ela olhou a foto e sorriu, disse "papa"... eu comentei: "você sente saudades dele, né filha?" Ela olhou para mim com um sorriso de quem sabe muito mais que eu e bateu no peito, como quem diz que você está no coração! Fiquei emocionada...
Hoje não fui eu quem ensinei a nossa filha, mas o contrário. Ela me mostrou que não há que temer quando você está conosco, em nossos corações. Júlia sábia, mais sabia que eu....
Tentei pensar em você, nas coisas boas que vivemos... uma imagem que sempre me vem a cabeça é de você fazendo uma dancinha de vitória toda vez que eu não conseguia fazer algo e você executava com a maior facilidade... acredito que só eu e Júlia tenhamos presenciado essas cenas... que sorte a nossa! Há tanta alegria e espontaneidade nelas!
Pensei na nossa viagem para Aruba, você me fez uma surpresa! Foi lindo! A melhor viagem de todas! Foi mágico! Me lembrei do passeio que fizemos de quadriciclo, do sol forte, dos mergulhos, do pôr do sol, dos pedidos que fizemos empilhando pedras no deserto... tantas histórias felizes!
Em meio a esses pensamentos coloquei Júlia para dormir, e como de costume, mostrei sua foto, falei de você, disse que eu sentia sua falta, ela olhou a foto e sorriu, disse "papa"... eu comentei: "você sente saudades dele, né filha?" Ela olhou para mim com um sorriso de quem sabe muito mais que eu e bateu no peito, como quem diz que você está no coração! Fiquei emocionada...
Hoje não fui eu quem ensinei a nossa filha, mas o contrário. Ela me mostrou que não há que temer quando você está conosco, em nossos corações. Júlia sábia, mais sabia que eu....
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
São 6:51 da manhã, hoje é o segundo dia do ano, ano novo, 2017. Minha irmã acabou de sair, meu Irmao vai embora à noite. Está chegando a hora de começar uma nova rotina, ou voltar para a antiga... há dias, Júlia não come direito, talvez o calor, talvez a desorganização dos horários a tenha feito perder o rumo também, ficou sem referencia... me culpo por isso. Com você era tão fácil manter tudo em ordem...
Ontem, enquanto, em vão, eu tentava fazê-la dormir a 1 da manhã e ela insistia em correr pela casa, fazendo festa, eu ouvia você falar: ela precisa de rotina, precisa ter horários, precisa dormir cedo ou não vamos aguentar... Precisa! Você está certo, fiquei imaginando como vou fazer para dar conta de tudo como antes. Babi não se adaptou à casa, cava o pouco espaço de terra que temos, mas não faz suas necessidades. Preciso levá-la à rua depois da meia noite e antes das 6 para que ela se acalme, não uive... às vezes Júlia acorda, entro em desespero sozinha, fico sem saber o que fazer... imaginando como será quando nosso pequeno chegar. Minha cabeça trava, não consegui planejar essa parte... ainda não sei o quê/como fazer.
A confusão da casa parece ceder aos poucos... ontem, foi dia de festa para muita gente, mas eu passei o dia organizando armários, desencaixotando, lavando, limpando, me encontrando em lembranças e me perdendo na saudade, na dor... a todo momento, eu pensava como você conseguiu fazer a nossa última mudança sozinho... minha barriga está tão pesada quanto naquele dia, mas eu não posso parar, preciso fazer por nós 2, nós 4... a 29a semana se aproxima, não sei se chegaremos à 38a como da Júlia, mas suplico que sim, peço para ele ficar quietinho aqui dentro, eu preciso que ele seja só mais um pouquinho forte... nosso bebê é tão forte! Tão valente! Quer tanto viver que me mantém viva, forte fisicamente. Não reclama, não me dá trabalho nenhum, já sei que será como você, um anjo nas nossas vidas.
Durante o dia todo, recebi mensagens de incentivo e apoio para o novo ano, não respondi a nenhuma, mas meu coração sentiu cada palavra, e sorriu ao perceber a bondade nos outros... eu não respondo por um único motivo: não tenho o que dizer, não tenho o que esperar, já disse uma vez aqui: eu sei que não vai ficar tudo bem, nunca serei completa novamente... a data de ontem foi apenas mais um dia no calendário. Para muitos, a maioria, isso representa recomeço, esperança de um ano melhor que o anterior, para mim não é a mesma coisa, sei que este ano eu terei que conviver com a sua falta os 365 dias, ano passado eu te tive por 278... como eu queria de volta esses dias! Na verdade, me bastava 1 dia por ano, me bastava saber (ter a certeza) que vou te reencontrar um dia, que te teria por minutos... As lembranças de ontem, arrumando nossas roupas no armário me fizeram voltar à Campos do Jordão! Estávamos lá, despreparados para o frio que fez, precisamos comprar alguns casacos, meias e gorros... eles estão aqui no novo armário com a esperança de serem usados novamente, com a mesma felicidade... Lá, brindamos 2016 tomando vinho e vendo os fogos pela janela do hotel. Júlia dormia, nós ficamos ali abraçados, como um olho no espetáculo do céu e outro na nossa pequena que poderia acordar assustada a qualquer minuto.
Ela não acordou, nos presenteou com uma noite inteira de sono e nós pudemos ficar juntinhos planejando o nosso ano, nosso futuro, nossos sonhos... 2016 seria incrível! É foi! Fomos mais felizes que nunca! Mas foi o nosso último réveillon... e foi tão bom como se soubéssemos que seria o último. Aliás, não me recordo de momentos que não tenhamos aproveitado ao máximo. Até quando discordávamos, era com leveza...
Tenho saudades de você cochichando no meu ouvido algo que eu já havia percebido, ou do seu olhar conversando com o meu... tenho saudade da nossa vida... tenho saudade dos nossos planos... tenho saudade e tenho dor. Aprendi que não há saudade sem dor, sem amor, sem lembranças...
Eu daria meu mundo, minha vida para te ter de volta... há um buraco em mim, na minha alma, no meu coração... nada pode preenchê-lo, só você! Me dá alguma resposta, me manda alguma mensagem, fale comigo de alguma forma, eu continuo esperando... vou esperar para sempre.
Ontem, enquanto, em vão, eu tentava fazê-la dormir a 1 da manhã e ela insistia em correr pela casa, fazendo festa, eu ouvia você falar: ela precisa de rotina, precisa ter horários, precisa dormir cedo ou não vamos aguentar... Precisa! Você está certo, fiquei imaginando como vou fazer para dar conta de tudo como antes. Babi não se adaptou à casa, cava o pouco espaço de terra que temos, mas não faz suas necessidades. Preciso levá-la à rua depois da meia noite e antes das 6 para que ela se acalme, não uive... às vezes Júlia acorda, entro em desespero sozinha, fico sem saber o que fazer... imaginando como será quando nosso pequeno chegar. Minha cabeça trava, não consegui planejar essa parte... ainda não sei o quê/como fazer.
A confusão da casa parece ceder aos poucos... ontem, foi dia de festa para muita gente, mas eu passei o dia organizando armários, desencaixotando, lavando, limpando, me encontrando em lembranças e me perdendo na saudade, na dor... a todo momento, eu pensava como você conseguiu fazer a nossa última mudança sozinho... minha barriga está tão pesada quanto naquele dia, mas eu não posso parar, preciso fazer por nós 2, nós 4... a 29a semana se aproxima, não sei se chegaremos à 38a como da Júlia, mas suplico que sim, peço para ele ficar quietinho aqui dentro, eu preciso que ele seja só mais um pouquinho forte... nosso bebê é tão forte! Tão valente! Quer tanto viver que me mantém viva, forte fisicamente. Não reclama, não me dá trabalho nenhum, já sei que será como você, um anjo nas nossas vidas.
Durante o dia todo, recebi mensagens de incentivo e apoio para o novo ano, não respondi a nenhuma, mas meu coração sentiu cada palavra, e sorriu ao perceber a bondade nos outros... eu não respondo por um único motivo: não tenho o que dizer, não tenho o que esperar, já disse uma vez aqui: eu sei que não vai ficar tudo bem, nunca serei completa novamente... a data de ontem foi apenas mais um dia no calendário. Para muitos, a maioria, isso representa recomeço, esperança de um ano melhor que o anterior, para mim não é a mesma coisa, sei que este ano eu terei que conviver com a sua falta os 365 dias, ano passado eu te tive por 278... como eu queria de volta esses dias! Na verdade, me bastava 1 dia por ano, me bastava saber (ter a certeza) que vou te reencontrar um dia, que te teria por minutos... As lembranças de ontem, arrumando nossas roupas no armário me fizeram voltar à Campos do Jordão! Estávamos lá, despreparados para o frio que fez, precisamos comprar alguns casacos, meias e gorros... eles estão aqui no novo armário com a esperança de serem usados novamente, com a mesma felicidade... Lá, brindamos 2016 tomando vinho e vendo os fogos pela janela do hotel. Júlia dormia, nós ficamos ali abraçados, como um olho no espetáculo do céu e outro na nossa pequena que poderia acordar assustada a qualquer minuto.
Ela não acordou, nos presenteou com uma noite inteira de sono e nós pudemos ficar juntinhos planejando o nosso ano, nosso futuro, nossos sonhos... 2016 seria incrível! É foi! Fomos mais felizes que nunca! Mas foi o nosso último réveillon... e foi tão bom como se soubéssemos que seria o último. Aliás, não me recordo de momentos que não tenhamos aproveitado ao máximo. Até quando discordávamos, era com leveza...
Tenho saudades de você cochichando no meu ouvido algo que eu já havia percebido, ou do seu olhar conversando com o meu... tenho saudade da nossa vida... tenho saudade dos nossos planos... tenho saudade e tenho dor. Aprendi que não há saudade sem dor, sem amor, sem lembranças...
Eu daria meu mundo, minha vida para te ter de volta... há um buraco em mim, na minha alma, no meu coração... nada pode preenchê-lo, só você! Me dá alguma resposta, me manda alguma mensagem, fale comigo de alguma forma, eu continuo esperando... vou esperar para sempre.
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