sábado, 31 de dezembro de 2016

Já passa das 3 da manhã... de repente o sono deu lugar a uma tristeza sem fim! Me permiti chorar com todo o desespero com que não fazia há dias, tomada pelo cansaço, perdida no meio de tantas caixas! Quis te ligar, quis pedir socorro como sempre fazia, quis dividir com você uma decepção, algo pequeno, mas que atravessou minha alma já tão fragilizada... foram poucas palavras, mas insensíveis o suficiente para arrancar de mim uma vontade louca de deixar esse mundo, correr para você, te encontrar. Olhei várias vezes para o seu contato gravado na minha agenda, seria tão bom ouvir sua voz nem que fosse para me dizer que eu errei,, tomei decisões erradas... me sinto tão sozinha. Sabia que seria assim... Implorei por você, por um Deus que não me responde... o silêncio continua... no meio disso tudo, ter que lidar com a intolerância, me entristece... algumas pessoas se julgam tão superiores por acreditar em Deus, que se negam a colocarem-se no lugar dos outros... estão tão ocupadas no orgulho de se dizer crentes que não se dão conta que existem sofrimentos que nos fazem duvidar se estamos realmente vivos, quem dirá questionar a existência de Deus...
Acalmar sozinha, sem ter para onde correr, para quem ligar, no meio da madrugada, não foi fácil! Pensei em ler um livro, mas a luz acordaria a Júlia... peguei então o celular e entre soluços e lágrimas, comecei a rever nossas fotos! Tão felizes! Fomos tão felizes! Nossos sorrisos se encontram, nossos olhares se cruzam, nossa sintonia é sentida mesmo pelas fotos! Revivi  nossa primeira viagem com a Júlia! Foi a melhor de todas! Que bom que a fizemos! Vi meu sorriso, meu olhar para você, seu olhar para mim... imaginei como será bom poder mostrar essas e outras fotos para Júlia e Bruno. Tenho muitas histórias para contar-lhes... histórias lindas de um amor e respeito que algumas pessoas são incapazes de compreender, entre essas pessoas, estão aquelas prontas para nos criticar por perder a fé no meio de um pesadelo, um inferno, levantam mil bandeiras, mas foram/são incapazes de dizer uma única palavra de consolo, não houve nenhum telefonema, uma mensagem sequer...
Volto a sentir-me triste, me pergunto se essas pessoas imaginam o meu sofrimento, se já foram capazes de amar verdadeiramente... repenso algumas atitudes minhas,  relembro mensagens de incentivo, apoio e compreensão que recebo de inúmeras pessoas, sonhins nem  eram tão próximas...
Eu olho para dentro de mim e busco uma resposta. Deve haver um propósito, e, sem dúvida, tem que ser por uma causa maior, por um bem maior... ainda não sei, mas aprendi que a vida é demasiadamente curta para perdermos tempo com pessoas pequenas que se acham superiores...
Volto meu olhar para nossas fotos, nossas lembranças estão recheadas de histórias do bem, de pessoas do bem. É assim que eu quero que seja a história dos nossos filhos! E assim será! Como eu e você sonhamos!
O sono ainda não voltou... vai demorar, mas eu sei que você quer que eu lute! E eu vou lutar por nós 4! Seremos sempre nos 4! Para sempre!
Pensando tanto em você! Mas tanto! Você não me sai da cabeça, mas hoje, em especial, o "Se" foi a palavra de ordem. E se a gente não tivesse saído, e se a gente tivesse dormido por lá, e se eu não tivesse dormido, e se a gente tivesse imaginado, e se...
Como seria? O que estaríamos fazendo agora? Onde estaríamos? Você estaria de férias, isso já sabíamos... mas o que faríamos? Não importa, estaríamos felizes, vendo nossa pequena crescer e minha barriga multiplicar-se a cada dia...
Está cada dia mais difícil cuidar da Júlia com essa barriga toda... nós tínhamos combinado que você assumiria os cuidados com ela enquanto eu me preparava para as noite em claro e os dias de muita correria com os dois...  E agora, o que faço? Como faço?
Um medo, que eu nunca senti quando estava com você toma conta de mim... uma saudade que não tem limite invade meu coração... hoje senti vontade de falar de você, de falar de nós... mas para quem? E por isso, senti saudades dos nossos amigos, senti vontade de estar em Telêmaco... de falar sobre você, de ouvir sobre você...
Laura está comigo, ela me faz rir com suas histórias e dilemas de adolescente, mas você está também nesses momentos! Eu sempre me lembro de algum exemplo nosso para contar-lhe... como ela te admira muito, sempre me ouve. Sabia que ela quer ser engenheira ambiental como você?
Eu sei do fascínio que você nutre por ela, mas ela também sente o mesmo por você... olho para ela e vejo a Júlia, fazendo as mesmas coisas e tento imaginar o que você faria, como reagiria... é tão difícil ver a nossa filha crescendo, encantando as pessoas com suas peraltices e não poder compartilhar com você...
Eu hoje senti mais falta de você que o normal... muita mesmo! Estou desmaiando de sono... espero dormir logo cessar essa dor por algum tempo... melhor ainda seria sonhar com você, te ter pertinho de mim, dormir abraçada a você, nem que seja só no sonho...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Bom dia, meu amor
Hoje acordamos na nova casa sozinhos. Aos poucos, como era de de se esperar, as pessoas vão nos deixando, preocupando-se menos conosco. Isso não me incomoda ou entristece, eu sempre soube que esse tempo chegaria... precisamos encarar a realidade e eu sei que preciso assumir as rédeas da nossa vida, sou a única responsável agora, não posso contar com ninguém como contava com você. Por mais disposição e boa vontade que os amigos, parentes e até desconhecidos tenham, todos têm suas vidas e compromissos. Isso é natural e compreensível.
Aos poucos a desordem vai cedendo espaço e a casa toma forma. Ontem montei a brinquedoteca,  Júlia vibrou ao reconhecer seus livros e brinquedos. Ontem também foi o primeiro aninho da nossa afilhada, Carol. Não houve parabéns, nem bolo... lembrei-me de que exatamente neste mesmo dia, estávamos indo para Campos do Jordão... antes passamos no hospital para conhecê-la... você a pegou no colo com todo o jeito que adquiriu cuidando da Júlia... choro ao pensar no que faltará ao nosso pequeno, na falta que você fará a ele... ainda vejo você falando por telefone com a Claudia no dia em que descobrimos o sexo: sério? Você dizia... que legal! Vi seus olhos brilharem com a possibilidade de ter um menino, poder ensinar a ele a ser um homem de valor... ele não precisaria aprender sozinho, como aconteceu com você... sua história me volta à cabeça, como eu te admiro! Como sua partida me fez repensar na minha própria vida, nos meus valores... tremo porque não sei se serei capaz de formar nossos filhos como sonhamos, já disse que você era o meu melhor, o meu exemplo, a base da nossa família.
Repito comigo todos os dias, todas as horas: você está conosco, está em nós... está na casa. Suas camisas então penduradas no cabideiro no nosso quarto. Seu espaço no armário está guardado, sua escova de dentes está no banheiro, seu perfume está junto aos meus... tudo seu continua no mesmo lugar. Eu falo de você para as pessoas como se você estivesse viajando, aqui ninguém sabe que você não voltará. Na verdade, eu também não sei, eu espero e acredito que vou acordar e tudo será como sempre foi...
Enquanto isso não acontece, choro sozinha, choro na madrugada, choro ao dormir e acordar, choro vendo nossas fotos, choro pensando no futuro, choro pensando no passado e, sobretudo, choro por você, pelo que você não pode viver... eu te conheço tão bem, conheço seu coração, conheço seus planos... meu Deus! Quantos sonhos! Acredite, eu também deixei de sonhar junto com você, no mesmo instante... vivo de lembranças e por lembranças!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Meu bem,
Enfim, acabou o Natal! Não há mais papai Noel, as luzes diminuíram, os enfeites também... mas eu continuo aqui imóvel, paralisada, sem voz! Durante esses últimos dias, perdi as palavras, me perdi na dor, perdi totalmente a fé...
Está tudo diferente, já estamos acomodados na nova casa, mas ela não é um Lar, não para mim, falta você. Eu luto desesperadamente para te encontrar no meio da bagunça, espero você chegar, em vão, você numa aparece. Meus sonhos se tornaram mais raros... essa noite, entretanto, sonhei que você chegava e me ajudava a por ordem em tudo. Foi rápido, não deu tempo de conversamos, acordei com a Júlia me pedindo a pepê.
Ela está mais traquinas do que nunca... juntou-se às primas e está do jeito que você sempre quis, cercada de crianças. Você tinha razão, ela precisava disso... já está falando bastante, entende tudo, mas só quer comer com as próprias mãos sem uso da colher. Você pode imaginas a bagunça na hora das refeições né?
Nosso pequeno está valente do meu lado! Aguenta firme comigo a dor da saudade, o cansaço físico da mudança, da insônia... penso nele e choro por não poder proporcionar a ele uma espera tranquila, cheia de amor como deveria ser... me culpo por isso, mas estou fazendo o meu melhor... Júlia tem me surpreendido quanto à isso, ela olha para minha barriga, sabe onde está o irmãozinho, abraça, faz carinho e dá beijos... você iria se emocionar...
Quando ela me abraça bem forte, depois de passar algum tempo longe de mim, eu fecho os olhos e imagino você... ela é tão parecida com você! Eu passo a mão nos cabelos dela como fazia com você, de frente para trás, lembra? Você ficava bravo porque bagunçava tudo... quando faço o mesmo com ela, eu tenho certeza de que é você que está ao meu lado...
Na verdade, você está constantemente no meu pensamento e ações. Você está comigo onde vou e em cada decisão que tomo. Isso torna o meu fardo menor... as suas lembranças são tudo que tenho...
Ainda não aceitei, ainda não processei, ainda não entendi como todos dizem que vai acontecer. Acho que isso jamais acontecerá, não me importa, na verdade, se vai essa dor vai cessar... chega a ser, inclusive, irritante quando alguém me diz: você vai superar, vai sorrir de novo... superar? Claro, essas palavras vêm sempre daqueles que não passaram por esse tipo de perda, não há como... como eu poderia "superar" perder você? Eu não perdi um jogo, dinheiro ou coisa do tipo, eu perdi uma pessoa, a pessoa! O amor da minha vida, a luz, o sonho, o brilho, a esperança! Meu Deus, chega a ser desumano dizer isso para alguém...
Eu ainda estou cansada, perdida, me sinto presa à vida de outra pessoa, alguém de quem eu não gosto nem um pouco... porque eu era de verdade ao seu lado, vivendo juntos os nossos sonhos, nossa vida. Sem você tenho medo, medo de mim mesma, medo de quem sou, de quem posso me tornar, porque você era a melhor parte de mim, o que sobrou não é bom, não me agrada, não é nada...
Sinto, sinto muito, e só sinto a sua falta...

sábado, 24 de dezembro de 2016

Então é Natal...
Hoje não escrevo, apenas me resguardo...
É só mais um dia para sentir saudade!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

É tarde! O dia foi difícil, mais coisas deram errado...  nossa nova casa só não está mais bagunçada do que meu coração. Mas o dia ainda não acabou... estou tendo muita ajuda... mais anjos, disfarçados de irmãos, sobrinhos, cunhados e desconhecidos apareceram para me ajudar...
Mas preciso te confessar: eu ainda espero um milagre... eu ainda espero você voltar... eu ainda espero acordar na nossa casa, ao seu lado!
Volta para mim! Volta para nós! Sem você, não há graca em nada, as pessoas são chatas, os assuntos entediantes, vazios, fúteis, desnecessários... a vida é uma grande obrigação! Espero acordar amanhã como naquele dia 20 de fevereiro de 2015, grávida da Juju, na casa onde criaríamos nossos 3 filhos, ainda toda desmontada, encaixotada, bagunçada e suja... mas  os pássaros vão estar cantando e você vai estar ao meu lado... eu farei tudo  diferente! Não me importarei com nada, te convidarei para tomar café na padaria... depois, vamos montar  o quartinho da Juju, só isso, porque ela chegará em 2 dias... o resto do tempo? Vamos namorar, estender um lençol na grama do lindo jardim da nossa nova casa... ver o sol se pôr e depois contar as estrelas... vai ser lindo!
Sabe, meu bem, a maior falta que sinto é de poder contar para você as aventuras pela quais passo... coisas boas, surpresas, decepções, dificuldades... eu ouço você dizer: "que massa! Sério? Eu te avisei! Tenha cuidado! Que cagada! O loooco! Que bacana!" Para cada situação, você tinha uma frase de efeito é só depois fazia uma análise dos fatos. O engraçado é que eu te contava, mas já sabia sua reação, nós nos entendíamos tão bem que até o nosso pensamento sobre as coisas e pessoas era igual...
Hoje, repensando minhas decisões dos últimos dias, vi que pequei em muitos detalhes... você teria feito algumas coisas diferente... algumas eu consegui consertar a tempo, outras já passaram, mas eu ainda posso reverter muitas.
Mas certeza mesmo, eu nunca terei...
Estou fazendo o melhor que posso. Tento a todo custo me manter ocupada com a mudança e chegada do nosso bebê. Não estou me sentindo muito bem desde ontem... não sou boa com mudanças estando grávida... da última vez que nos mudamos, Júlia nasceu...
Apesar disso, há coisas que preciso fazer, para muitas delas você torceria o nariz, não deixaria. Eu ficaria toda envaidecida de ter um marido tão cuidadoso, e acabaria cedendo. Mas a verdade é que tenho extrapolado bastante o limite... muitas coisas deram errado, mas todas são remediáveis, não se preocupe.
Como te disse, faço o melhor que posso por nós, para que nossos filhos sejam criados como se você estivesse ao nosso lado fisicamente. Mesmo assim, sinto sua falta demais quando minha barriga endurece, quando me falta o ar, quando a Júlia cai (ela está toda ralada, já te disse isso? Pois é, caiu de novo, é teimosa demais! Ontem levou um esfrega da gata porque puxou-lhe o rabo; agora ela vê a gata e a imita com um som de ataque: grrrrr...), quando os pernilongos a atacam, quando ela não come... sinto sua falta quando como e não posso dividir com você meu prato, minha xícara de chá ou minha sobremesa favorita... vejo você sentado do meu lado, abrindo a boca de um jeito todo especial para roubar minha comida... assim como senti você no avião enquanto Júlia chorava aterrorizada pelos solavancos que o minúsculo avião do aeroporto de Ponta Grossa nos proporcionou até Campinas... você teria gargalhado de nervoso e eu teria que ter cuidado dos dois... mas eu teria dado conta porque, embora você assustado, você estaria do meu lado, e eu me sentiria forte, quase que imortal... sem você lá, eu perdi a cabeça, fiquei nervosa, chorei junto com a Júlia sem saber o que fazer... prometi nunca mais viajar com os dois, não nos próximos 5 anos! Senti sua falta porque não pude fazer xixi durante toda a viagem, segurei firme, com a bexiga quase explodindo até chegar em Juiz de Fora. Acho que isso me rendeu uma leve infecção...
Enfim, meu amor, minha vida se resume a sentir sua falta... nos momentos vagos, tento ser a melhor mãe possível para os nossos pequenos... neles, eu vejo você!
Ps. Esqueci de dizer, a ultrassonografia 3D confirmou: ele será sim bochechudo, terá seu queixo e será a cara da Juju!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Meu bem, a noite foi agitada!
Ao me deitar, rezei como de costume, falei com você, pedi desculpas por não estar escrevendo com a mesma intensidade... estou cansada. Na minha cabeça passam apenas as mesmas coisas, sou repetitiva, meus sentimentos são repetitivos: dor, saudade, medo, angústia, solidão e raiva... estou tão descrente! De repente sua presença vem se dissipando, não no meu coração, não no meu pensamento, não na minha alma, mas fisicamente não sinto a sua energia. Talvez seja porque eu parei de acreditar...
Júlia dormiu logo, eu desmaiei ao seu lado, pedindo desculpas por ser descrente, acordei várias vezes, levantei para ver a Babi, senti muito calor, fui várias vezes ao banheiro, minha barriga está bastante dura, me falta ar...  fiquei boa parte da noite acordada, senti muita fome, não levantei para comer, não tive coragem... tentei me conectar, tive cochilos, sonhei coisas confusas, mas não via você nos sonhos...
Entre um cochilo e pensamentos, ouvi a seguinte mensagem:
"Querida!
Levante a cabeça, aceite a legião de amigos que se levantaram para te ajudar. Você não está sozinha, Deus está ao seu lado, acredite!"
Ainda não sei se foi apenas um sonho, se eu estava acordada ou dormindo... mas senti paz. Depois de tanto tempo, foi a primeira mensagem que recebo, como eu queria que a voz fosse sua... não era! Era uma voz desconhecida....
Talvez esse seja o começo da nossa história além da vida! Espero por nossa conexão! Já pensei várias vezes que se existe uma continuação, você daria um jeito de me avisar, tenho certeza. Assim, eu aguardo uma mensagem sua para que eu saiba o que fazer... como continuar...
Te amo e sinto demais a sua falta, apesar de fazer tudo como você me ensinou, estou sempre pensando se é o certo...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Hoje vivi um dos dias mais difíceis da minha vida... A vida não meu deu opção, não pude escolher, ela escolheu por mim...
Como disse anteriormente, não quis adeus, não me despedi...tive vontade de mandar tudo mundo embora hoje, fechar a porta e recolocar tudo de volta no lugar, como sempre esteve... não foi possível! Recolho-me, quero o silêncio... por alguns dias, não quero falar, não quero ouvir,  gostaria de não pensar, mas é impossivel... as pessoas vão entender o meu silêncio... assim espero.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Já é terça! Dia 20/12! Hoje é o dia de partir... Júlia está prestar a completar 1 ano e 10 meses, nós estaríamos contando os dias para viajar de férias em família... mas não, o dia foi intenso, foi cansativo... nossas malas estão prontas, nossas memórias encaixotadas... muita coisa está sendo deixada para trás, amigos, sonhos, planos, felicidade...
Em meio a tanta correria e cansaço, parei e chorei por vários motivos... recebemos muitas visitas. Desde sábado, nossos amigos vieram se despedir. Me recusei, disse apenas até breve... aprendi que o futuro não pode ser definido, tudo pode ser mudado em questão de segundos e é preciso estar pronto... quem sabe não há volta? Eu não estou partindo feliz, os últimos dias foram de angústia e dor...
O último domingo amanheceu triste e melancólico, começou com a visita dos amigos do Ventura, chegaram todos de moto, uniformizados... tremi ao ouvir o ronco das motos... quantas vezes meu coração acelerou de felicidade ao te ouvir chegar em casa ou ir me encontrar para o almoço, anunciado por esse ronco... Dessa  vez, você não estava junto... ou melhor, estava! Você sempre estará! Seus amigos lhe prestaram uma linda homenagem! Você estará sempre acompanhando-os, com seu nome gravado em todos os coletes! Chorei um choro tão intenso, tão doído! Mas, ao mesmo tempo, senti um orgulho tão grande de você! Quantas vezes, você saiu de moto e eu e Júlia fomos atrás te acompanhando de carro... era maravilhoso ver você pilotar! Seu espírito se enchia ainda mais de luz... e eu não me cabia de orgulho! Chorei por não poder vê-lo novamente a fazer o que ama!
Reuni forças e organizei o que faltava, quando encerrei, deitei na cama, nossa cama, pela última noite, o sono se foi... Júlia dorme, não sabe que é sua última noite aqui...
Não quero pensar nisso, estou tentando encarar como uma viagem de férias, como a nossa última, quando deixamos a casa toda revirada por motivo de reforma... é assim que nossa linda casa está, revirada, desorganizada, quase sem vida...
Aqui, no meio da madrugada, sabendo o que me espera amanhã, eu só consigo pensar no que farei nos próximos 40 anos?! É muito tempo para viver sem você... logo eu, que sempre tive medo da rápida passagem do tempo, hoje torço para que ele passe logo...
Ainda me lembro muito do dia, tento tirar essa imagem da minha cabeça, sofro só de imaginar se você sentiu dor ou medo... me coloco no seu lugar e a dor aumenta... já fechei os olhos várias vezes enquanto dirigia para tentar entender o que aconteceu, como aconteceu? O que você sentiu...
Eu daria tudo para trocar de lugar com você... não suporto pensar em seu sofrimento...
A única coisa que passa pela minha cabeça neste momento é a letra de uma música: "é só isso, acabou, não tem mais jeito..."
Não tem mais jeito, precisamos partir, mas você vai conosco e permanecerá na nossa vida, tão intenso como sempre foi. Não é uma despedida, nunca será! Seu exemplo e amor ficam! "Se há amor, há vida", portanto, você vive em mim e eu vivo por você!

domingo, 18 de dezembro de 2016

Sonhei com seu sorriso! Tão intenso que acordei na hora... tentei em vão voltar para o mesmo momento do sonho...
Sonhar é bom, é maravilhoso! Acalenta o espírito, mas acordar e deparar com a realidade, depois de sonhos bons, torna o dia ainda pior... acordei com ainda mais saudade, com mais dor, mais tristeza, mais solidão, mais raiva, mais falta de você....
Meu Deus! Como te amo! Como você é importante para mim! Como é difícil ser forte! Como é difícil continuar... "quero você", sussurro baixinho para mim mesma, na tentativa que você ouça... ninguém pode me ajudar... ninguém!

sábado, 17 de dezembro de 2016

Meu bem,
Hoje acordei com o coração apertado... vi tantos presentes, tantas fraldas... senti tanto por você não estar conosco...
Júlia está aqui, pegou no sono abraçada a um pônei bebê que toma mamadeira (presente da tia Sheila). Ela está crescida, esperta! Do jeito que sempre sonhamos! Enquanto não foi vencida pelo sono, virou várias vezes na cama como que procura alguém, se cobriu (porque agora aprendeu a puxar o edredom bem perto do rosto e dormir bem quentinha.. me lembra você dormindo de capuz), pediu que eu projetasse no teto bichos feitos com a sombra das mãos... enganei-a, dizendo que mão tinha jeito, ela resmungou um pouquinho e enfim foi vencida pelo sono...
Ela tem dormido muito tarde! Eu tenho ficado muito cansada, mas prefiro assim. Quando ela dorme, eu já estou exausta e durmo também... ficar sem ela, é uma tortura para o meu pensamento, ela ocupa uma parte importante do meu dia, mas, acima de tudo, ela aquieta meu coração. Quando ela dorme, sinto o peso de estar sozinha...
Eu me pego pensando em você, em tudo que vivemos e em tudo que pensamos em viver, nos nossos sonhos...
Queria voltar no tempo! Em minhas orações peço a Deus que Ele me acorde, eu só posso estar sonhando... só pode ser! Não faz sentido viver sem você...
Tento fechar os olhos, não pensar em nada, sua imagem doce chegando em casa depois de um dia difícil ou madrugada na fábrica toma conta de mim...
Imploro a Deus que, se não vivo um pesadelo, se é de fato tudo real, pelo menos me permita sonhar com você, continuando nossa vida de onde paramos...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Meu bem,
Há dois dias não escrevo... hoje, não foi muito diferente de ontem, fiquei em estado de choque. De repente, nada fazia sentido, tudo me lembrava solidão, nada mais tinha importância!
A partida se aproxima, não quero despedidas. Telêmaco/Harmonia fazem parte da nossa história, na verdade, a esse lugar pertencem as nossas memórias mais felizes! Mas também é aqui que as lembranças mais difíceis foram construídas...
No meio de tanta tristeza, emudeci, faltaram-me palavras, perdi a voz, fiquei anestesiada. Quis fugir, quis me trancar, quis me esconder, quis me fechar! Tive raiva do mundo e da vida. Minha crença foi abalada, se perdeu... chorei como criança de pirraça que chora sem saber muito bem por quê, seria por você, por mim, pelos nossos filhos? Por tudo isso e muito mais... fraquejei, quis ficar sozinha, não ver ninguém! No entanto, uma amiga me pediu conselho, me pediu colo... eu quis negar, quis ser egoísta, mas uma voz lá no fundo dizia: vá!
Eu fui e tive a mais bela surpresa: não estou só! Não estamos só! Nunca estaremos! Mais uma vez senti você nos nossos amigos! Senti o amor que emana das pessoas. Me senti amada e doeu não poder dividir isso com você...
Lembrei-me do chá da Júlia... lembrei-me de você! As roupas que você comprou para ele estavam lá, penduradas no varal; os amigos, que conquistamos juntos, estavam lá, eu estava lá, nosso bebê, pequeno, mas forte, estava lá, você estava lá! A alegria esteve lá... ainda que por instantes! Foi lindo! Tão lindo como se nós dois tivéssemos feito juntos! Agora nosso filho também terá uma lembrança, assim como Júlia, ele teve um lindo chá de bebê, azul e cheio de carrinhos! Enquanto eu escrevo, ele pula na minha barriga, acho que está feliz... a crença volta a surgir... deve existir alguém que nos cuida aqui na Terra... não pode ser o fim, quando amamos tanto, quando há tanta bondade nas pessoas...
Eu continuo muda, como antes, porém agora os motivos são outros,  muda por amor, muda por gratidão, muda de surpresa, muda! Me faltam palavras para expressar o quanto me senti especial, o quanto nossos amigos são especiais... ou o quanto sou grata pelos amigos que deixaremos aqui...
Sei que vou sentir falta dessa doação, dessa dedicação, desses olhares, abraços e sorrisos... muita falta! Mas  isso não é uma despedida, é apenas um até breve... assim como o nosso reencontro!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Madrugada do dia 15/12

Já passa da meia-noite... estou aqui, pensando, tomando decisões, acertando a nossa partida. Essa casa foi escolhida por nós para criar nossos filhos, fizemos daqui um lindo ninho de amor, compreensão, dedicação e felicidade. Aqui vivemos nossos melhores momentos! Agora, preciso desmontar tudo, partir, sozinha, sem realizar todos os sonhos, deixando muita coisa interrompida...
O dia foi longo, cansativo, exigiu demais de mim... mais do que eu pudesse suportar!
Chorei! Chorei muito, confesso! Chorei no trajeto do supermercado, avancei o sinal vermelho, não tive coragem de descer no estacionamento porque meus olhos e nariz denunciavam minha recente crise de choro; chotei ao ler a mensagem que uma amiga deixou para nossa família (Fer, vamos guardar para sempre, a mensagem e o álbum); chorei no chuveiro; chorei fazendo o jantar, chorei no abraço de uma amiga, chorei na cama, enquanto fazia Júlia dormir; chorei tentando desesperadamente falar com Deus... não tive resposta!
Parece que o dia hoje me cobrou o preço por ontem. Ontem fui forte! Só pensei em coisas boas, hoje desci ao fundo do poço, e é lá que permaneço! Não tenho mais a dizer, estou muda de dor e saudade...
Amanhecer do dia 14/12

Meu bem,
Que saudade!
Fico aqui, acordada pela manhã, vendo nossa pequena dormir e pensando nos nossos planos...
Júlia está tão crescida! Tão esperta, tão independente!
Preciso seguir com o plano: criar nossos filhos, educá-los da melhor maneira... tão difícil sem você, tão mais fácil desistir...
Coração está apertado, procuro lembrar da promessa de ontem: lembrar de você alegre, de nós dois realizados, orgulhosos das nossas conquistas... por ontem eu consegui, com muito custo, pois a vida insiste em me por à prova. Ontem pela primeira vez senti na pele o peso da desconfiança dos outros por estar sozinha com dois bebês, senti o preconceito por ser mulher e mãe sozinha.... mas espere aí! Eu não estou sozinha! Tenho você que me sopra o que fazer a todo segundo, ouço sua voz e seus conselhos em cada decisão, em cada momento de susto e angústia.
Tenho amigos, temos! Ontem recebi a visita do Diego, me fez bem, chegou para me ajudar a lembrar de você como preciso! Ele está bem, se encontrou, está feliz e é muito grato a você.
Ontem também recebemos a visita da Andreia, isso não é novidade, mas preciso te contar! Ela vem todos os dias, depois do trabalho, academia e tantas outras atividades que as pessoas têm normalmente. É de admirar o carinho dela por nós! Ela nos faz muito bem e também ajuda a preservar as lembranças boas, as melhores sobre você! Conseguimos rir muito ontem lembrando da fatídica noite da defesa do meu mestrado e embriaguez por tequila... ela estava lá, quando os outros se foram, ela foi uma das que nos cuidou...
Viu só? Não estou sozinha, nunca estive, nunca estarei... você está comigo em pensamento em energia, em lembranças e na presença física das pessoas. Sei que de onde está, você sopra no ouvido dos nossos amigos: "estejam com eles, façam por eles aquilo que eu faria". Tem funcionado, fique tranquilo e aguarde nosso encontro, será mágico, será lindo, será tão belo como o nosso primeiro beijo, primeiro abraço, primeiro "mãos dadas", primeiro "eu te amo"... "O que eu sinto não é de mentira, agora eu tenho certeza que é para toda vida, toda vida!" Eu apenas mudaria o final da nossa música para "é para todas as vidas!"

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Meu bem,
Assim como ontem, estou pensativa...
Eu sei que você ter entrado na minha vida foi um presente, daqueles mais inesperados! Você se lembra dos meus planos de formanda? Lembra que quando eu te conheci eu não queria compromisso? Lembra  da minha teoria dos 3 primeiros meses? Segundo meus pensamentos, se um relacionamento passasse sem crise por esse período, certamente ele vingaria, mas se houvesse briga, era melhor separar-se já que não teria futuro... você me confessou mais tarde que contou os dias, até que findasse esse tempo... e aí  sim, pude, enfim, ser pedida em namoro, numa tarde de preguiça, depois do almoço, naquele quarto do alojamento da UFV... foi uma das raras vezes que te vi matar aula... Lembra que eu queria estar livre, solteira, para buscar  aventuras profissionais em qualquer lugar do Brasil?
Lembra que eu tinha planos de fazer um concurso no Amapá junto com o Jeferson? O Jeferson foi, passou e mora lá até hoje... você me convenceu a não ir com o argumento mais frágil que poderia existir: lá teria índios muito perigosos... não posso deixar de rir... na verdade, eu já tinha razão para não ir, VOCÊ!
Ontem minha amiga e comadre me disse que descobriu não ser dona da vida dela, é isso! Não somos donos de nossas vidas, há um destino por trás de tudo, algo que sempre nos sacode e nós diz: ei, você fez planos, mas quem decide como e quando sou eu! E assim, vamos fazendo planos e descobrindo que a vida nos leva para além, distante, nem sempre para melhor, nem sempre para pior... depende... Até hoje, a vida tinha mudado muitos planos meus, nossos, mas sempre nos mostrando que ela sabia o que era melhor...
Há pouco mais de 2 meses, a vida mudou meu rumo, me derrubou, me fez ficar de joelhos, me fez implorar por misericórdia, me fez esquecer a dor física e mergulhar na pior das dores, a da alma. Nesse tempo, ela me mostrou que não sou nada, mas usou o mesmo método de sempre, o imprevisto. Porém, dessa vez, não há como ver algo bom nessa mudança de planos...
Hoje, senti uma certa perseguição pela rua. Para onde eu olhasse, havia uma grávida de barriga imponente (com aquele brilho no olhar que só as grávidas possuem) de mãos dadas com o marido/namorado. Isso me lembra o que eu tive é que o destino me tirou... dói!
Dói no fundo do coração saber que você não ficará grisalho (você seria um grisalho e tanto, talvez me fizesse sentir ciúmes); dói saber que você não levará Júlia ao altar ou não terá a chance de trabalhar com o seu filho e se orgulhar dos comentários positivos que ouviria sobre ele;  dói por tantos motivos que eu poderia ficar aqui, listando-os interminavelmente.
Mas acordei com um pensamento novo, que me fez mudar um pouco, talvez só por hoje.
Depois de ver centenas de fotos sobre nossa história madrugada a dentro, percebi que posso guardar de ti duas imagens: a de antes e a de depois do acidente.
Assim, como num estalo, descobri que eu preciso me lembrar de você com toda a sua força, garra e brilho. É assim que nossos filhos precisam te conhecer, e é através de mim que este encontro acontecerá...
Para isso, preciso esquecer aquele dia, pensar em vc nos nossos melhores momentos, pensar em você como o grande exemplo que é, no homem forte e seguro que eu sempre admirei. Caso contrário, eu vou criar a imagem de um Bruno que não existiu, e isso é o mesmo que te esquecer...
Eu prometo que só por hoje eu vou ter apenas lembranças bonitas! Amanhã é outro dia, outra história e ao destino pertence...

domingo, 11 de dezembro de 2016

Meu bem,
Hoje eu queria te contar algo bom, dizer como Júlia está esperta, imitando os desenhos que assiste ou reinando para não entrar em casa...
Queria ouvir o barulho do carro chegando, Babi chorando para você, ouvir seus passos deixando as botas e capacete no quartinho dos fundos, entrando em casa e se escondendo atrás da porta para a Júlia não te ver e você assusta-lá. Você amava nos assustar, como era bom quando você chegava sem que esperássemos...queria deitar no seu peito enquanto assistíamos a um programa de TV qualquer observando Júlia brincar ao nosso lado...
Hoje queria tomar banho com você e dormir agarradinha depois de tomar uma xícara de chá.
Hoje queria te ouvir contar sobre a fábrica e ver seus olhos brilharem, queria ver seu sorriso, o mais lindo, saído da mais linda boca. Queria te contar algo que te fizesse gargalhar, queria cozinhar para você, como eu sempre fazia e você amava, até aqueles pratos feitos de última hora... queria tomar um vinho e comer brigadeiro de panela ao mesmo tempo como fazíamos sempre...
Hoje queria adormecer nos seus braços e  descobrir que tudo não passou de um grande e confuso pesadelo... só por hoje...
Meu bem,
A minha dor não é só sobre a falta que você me faz nos detalhes do dia-a-dia, é sobre você não estar aqui... é sobre tudo aquilo que você perdeu!
Não é sobre mim, é sobre tudo aquilo que seus olhos não podem ver, não é sobre mim, é sobre aquilo que as suas mãos não podem tocar, nao é sobre mim, é sobre aquilo que sua boca não pode experimentar, não é sobre mim, é sobre tudo que seu coração não pode sentir, não é sobre mim, é sobre todos os conselhos que você não poderá dar, não é sobre mim, é sobre todas as pessoas que você não poderá ajudar, não é sobre mim, é sobre todo o conhecimento que você não poderá passar para os nossos filhos, não é sobre mim, é sobre a alegria que você não poderá sentir, não é sobre mim, é sobre os lugares que você não poderá conhecer, nao é sobre mim, é sobre os carimbos que você não terá no seu passaporte, não é sobre mim, é sobre o vento no rosto que você não poderá sentir, não é sobre mim, é sobre a liberdade que você não poderá experimentar sobre 2 rodas, não é sobre mim, É SOBRE VOCÊ! É isso! Será que as pessoas conseguem compreender?
Eu poderia suportar, não sem dor, te perder para outra família, mas eu não posso suportar que você se perca de si, da vida!
É isso que dói, porque eu te conheço como ninguém! Sei o que sentiria, sei que sua alma está dilacerada pela dor e saudade de tudo aquilo que tínhamos pela frente...

sábado, 10 de dezembro de 2016

Meu bem,
Tem dias que são tão tristes sem você!
Hoje é um desses dias, chove muito, entre uma pancada e outra, os pássaros cantam! São tantos!
Júlia espreguiça do meu lado e volta a dormir...
Eu, sem forças, não quero levantar, não quero encarar o dia sem você... é sábado novamente!
Sem você aqui, está tudo tão confuso! Se você pode nos ver, sei que sua maior preocupação é como eu farei para nos organizar, como eu darei conta sozinha...
Está difícil, me desdobro em 2,3, às vezes 4 ou mais, mas a verdade é que estou perdida!
Perdi a conta sobre as semanas da gestação e não posso te ligar para perguntar...
Me perdi nas vacinas da Júlia... me perdi nas contas a serem pagas... nos impostos, nas fraldas, no leite da Ju e em tantas outras coisas, detalhes dos quais você cuidava com tanta facilidade...
Mas o pior de tudo é que me perdi de mim, não sei me achar, não quero me achar! Estou, sim, perdida... só você pode me ajudar! Cadê você? Está tudo tão silencioso.... sem resposta, sem jeito, sem chão, sem vida...
Adormeci depois de dar a mamadeira da Júlia. Sonhei conosco, despertei com a sensação de que nossa história foi apenas um sonho... é assim que me sinto todos os dias, acordando de um lindo sonho é mergulhando num pesadelo...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016


Estranho como as datas exatas nos marcam... era para ser só mais um dia sem você, mas a saudade hoje bateu mais forte, beirando à loucura! Há 2 meses nós tínhamos tantos planos, tantos sonhos! De repente, eu me vejo parada, perdida, estacionada, sem nada que seja importante, com exceção dos nossos filhos, é claro! Mas, mesmo eles, sem você, são diferentes agora. Se queríamos vê-los formados, prontos para a vida, hoje tenho medo desse dia, pois significará solidão para mim, quando antes significaria recomeço, viagens, namoro depois de velhinhos...
Todos sentiram muito a sua partida, algumas pessoas, inclusive, nem nos conhecia, mas se fizeram presentes. Alguns, entretanto, dividem comigo até hoje a minha dor, outros já voltaram para as suas rotinas de egoísmos é ilusão... fogem da minha dor, nossa dor, porque ela os lembra que a vida não vale nada, e ninguém quer viver com esse peso... compreensível!
Tem tantas outras coisas que eu queria te contar! Coisas bobas, coisas sérias... Ju virou melhor amiga da Amanda, nossa vizinha, claro que ela tem interesse na piscina e na Raika...
Sua mãe abriu mão da vida dela para nos acompanhar... você sentiria orgulho dela e da amizade que ela é Juju estão construindo juntas!
Ontem nós plantamos uma árvore para você, uma cerejeira japonesa, na frente da churrasqueira, seu lugar favorito na casa, Júlia me ajudou e é claro que aprontou também, muito, até terra comeu...



Fizemos algumas fotos com os queridos André e Fer, foi difícil! Quase impossível! Senti sua falta como nunca, chorei, doeu fundo no peito, mas precisava deixar para o nosso filho essa recordação, um pouco  casa que você montou com todo amor para a nossa família.


Sua moto vai precisar ser vendida e um amigo, daqueles que se aproximou e divide conosco a dor, quer ficar com ela como recordação sua... ele se emocionou, eu me emocionei...
Você continua vivo em tudo! Na roupa que visto na Júlia, eu vejo você; na roupa que visto, vejo você, nos casais de mãos dadas, vejo você; num pai que brinca com o filho, vejo você; nas paisagens bonitas, vejo você; no pôr do sol, vejo você; num pote de doce, vejo você; no roncar de uma moto, vejo você; no vento que sopra, vejo você; na música cuja letra diz "teria mais herdeiros que um coelho, vejo você; em cada chute do nosso bebê, vejo você; em cada sorriso da Júlia, eu vejo você! Em cada amanhecer, em cada anoitecer, é você que está no meu pensamento... você está vivo no meu coração e no no coração de muitos! Eu vejo você em tudo que é bom, pois foi isso que você me ensinou...
Nós conhecemos o mundo juntos, construímos um sonho juntos, crescemos juntos, conquistamos o sucesso juntos, é injusto que eu siga sozinha... é injusto que você tenha construído tanto e não possa desfrutar! Meu Deus! A vida é uma grande piada, porém, sem nenhuma graça!
É triste constatar que o mundo é injusto que a vida é injusta...
Você me diria: "olhe para frente, levanta a cabeça, saia da cama, lute!" Mas eu te pergunto: "Você faria isso sem mim?"
Como seria você sem mim? Essa pergunta atormenta meu coração, o que você faria? Com certeza, sairia-se melhor que eu...
Somos um só, sem você, sinto falta de mim, sinto falta da gente! Sinto falta de sonhar, viver...

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ai que saudade de você! Ai que saudade da gente, meu bem!
Passo pelos lugares e só consigo ver eu e você de mãos dadas, entrando, saindo, sentados, conversando, sorrindo... já estivemos em todos os cantos dessa cidade. Não há para onde fugir, na verdade, não quero fugir. Sua lembrança é tudo que tenho, mas, ao mesmo tempo, ela me corta o coração...
Ouço das pessoas que preciso recomeçar. Não quero! Quero continuar, continuar nossa história, continuar nossos sonhos, continuar de mãos dadas como você... é do que eu sinto mais falta, do calor da sua mão me acolhendo, me protegendo! Olhos nossas fotografias espalhadas pela casa (são tantas que você chegou a me proibir de comprar mais porta-retratos ou quadros...) e vejo seu olhar para mim enquanto eu olho para frente, feliz, realizada, segura! Eu daria meu mundo, minha vida para sentir de novo essa sensação ao seu lado, de ouvir sua voz...
Hoje o dia não será fácil, como todos os outros... eu terei que tomar decisões sozinha, terei que decidir por mim, pelos nossos filhos, mas acima de tudo, terei que decidir por você, pela sua vida, uma vida curta demais para tanto brilho no olhar... não posso suportar a dor, a saudades, ainda há esperança de que você esteja escondido em algum lugar... meu Deus!
Fecho os olhos, finjo que nada aconteceu, você está trabalhando, eu vou esperar, já já você chega e tudo se resolve...
Eu vivo para te encontrar de novo!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Meu bem,
Eu não sei mais o que fazer. Não há nada que eu faria sem você e, de repente, eu tenho que fazer tudo sozinha... estou perdida... meu coração sangra! Faz muito tempo que não ouço sua voz, preciso ouvir! Grite, fale mais alto, dê um jeito, me encontre, por favor!
Eu estarei esperando, passe o tempo que for... mas cada dia, é uma tortura de corpo e alma.
As palavras se perdem no vazio, não há mais nada a ser dito, estou muda diante da dor, da saudade e solidão,  a dor é constante, a saudade só aumenta, sua falta me consomem, a casa e tantas outras coisas perderam a graça... e isso se repete sem dó e com maior intensidade, segundo após segundo, hora após hora, dia após dia...
Encontre-me! Dê um jeito, como você sempre fez! Eu só preciso de você, nada mais...

domingo, 4 de dezembro de 2016

Bom dia, meu amor
Mais um despertar sem você. Não me lembro mais de como é acordar serena, com preguiça de sair da cama, querendo ficar só mais 10 minutos como sempre fazia... abro os olhos e você me vem à cabeça, penso no dia que há pela frente. Não há nada de novo nele, sei que vou viver os segundos, esperando chegar a noite para eu enfim desligar-me de tudo por meio do sono. Mas geralmente não é o que acontece, penso em você, relembro tudo, sinto sua falta, o sono vai embora, procuro respostas em livros, em blogs, na Bíblia, em depoimentos de quem já passou por isso. Tudo em vão... cada história é única, é diferente da minha, não há como comparar, não há como medir a dor... quando passamos por situações desse tipo, imaginamos que a nossa dor é a maior do mundo... a minha é a pior que eu poderia enfrentar, por isso não há conforto nas histórias dos outros... sempre termina em raiva, revolta! Acabo pegando no sono sem perceber já de madrugada... acordo inúmeras vezes, sentindo sua falta. Sinto muito sua falta, dói, Machuca, desnorteia, confunde o coração...
Penso que preciso prosseguir, uma mistura de sentimentos invadem meu coração... não quero prosseguir, não faz sentido sem você! Mas dói tanto a sua falta, a sua ausência... nem no pior dos pesadelos, eu imaginei ter que seguir sem você...
Estou sem forças, Júlia se mexe do meu lado, ela cresce rápido, e eu sofro por cada descoberta que ela faz... você não pode vibrar comigo. Ela foi nosso sonho, não é justo você não poder estar aqui...
Permaneço assim, na cama, perdida em pensamentos... na inércia da vida, esperando um milagre, uma pane no universo que me permita voltar no tempo e eu descubra que tudo está lá, do jeitinho que deixamos, no mesmo lugar. Você vai estacionar o carro, eu vou prender a Babi e tirar a Júlia do carro, você manobrará na garagem enquanto eu coloco a Júlia na cama, por sorte, ela não acordará. Nós dormiremos ao seu lado, com os pés encostados, sabendo que amanhã ainda será domingo e poderemos passar o dia inteiro juntinhos, nós quatro!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

São 04:33 da manhã. Depois de um dia corrido, um entardecer melancólico, de choro e questionamento, um anoitecer de saudades, eu  adormeci sem nem mesmo perceber. Acordei horas depois, minha garganta incomoda, Júlia está resfriada e também reclama... penso em você... levanto-me procuro um remédio, não há nada que eu possa tomar para aliviar a dor e o incômodo... você saberia o que fazer, você sempre soube! Choro de saudade... sem consegui dormir, relembro o meu dia. Júlia fez tanta gracinha, está tão esperta! Riu a valer, correu, apertou e chamou pela Babi incontáveis vezes. Descobriu uma nova posição para acomodar-se ao cadeirão de alimentação (você iria surtar de preocupação), mas ela só come se for desse jeito! Está geniosa, não aceita ser contrariada. Não sei a quem puxou, mas você sabe muito bem...
Minha barriga ficou dura várias vezes, nosso pequeno pula e passeia por ela que está enorme!
Júlia tomou banho comigo e adorou, mas eu passei aperto... pensei em você de novo e em como tudo teria sido diferente. O cansaço seria o mesmo, mas teria sido muito mais fácil, a alegria e a descontração estariam conosco, o final do dia seria nosso. Eu e você ainda teríamos ficado grudadinhos por um longo tempo, antes de irmos e nos deitar e dividir, com muita alegria, nossa cama com a Júlia.
Espero ansiosamente pelo tempo que cura, mas ele só maltrata meu coração de saudade. Essa palavra de repente ficou pequena para descrever o que sinto... um estado de torpor toma conta de mim. A sensação de estar fora do corpo ainda persiste, a verdade e a realidade ainda me fogem...
Tento, em vão, pegar no sono. Sinto raiva da vida, sinto raiva de mim, sinto raiva do mundo. Sei que não adianta, mas é inevitável. Penso nas pessoas e em como para elas também é difícil me encarar, olhar nos meus olhos. Muitos desviam o olhar, outros desviam o assunto, muitos não suportam se colocar no meu lugar... sei que estou sozinha nesta dor que é minha, é nossa. Ninguém quer passar por isso nem que seja encarando e dividindo esse sofrimento comigo, salvo pouquíssimos e raros amigos. No geral, querem me ver forte, cabeça erguida, lutando pela vida e agradecendo por estar viva! Viva? Não estou...
Vejo você em cada detalhe do dia, cada decisão minha é cheia de você, cada passo que dou em direção ao futuro dói! Dói demais saber que esses passos ( terei que dar milhões deles) serão solitários, sem sonhos, apenas na inércia da vida como muitas outras pessoas fazem, mas sem felicidade, apenas por estar num fluxo que não pode ser interrompido.
Queria eu poder voltar no tempo, como queria! Viver para trás, e não para frente. Buscar o dia em que te vi pela primeira vez, de camisa xadrez, cabelo espetado, cheio de gel, jogando sinuca no bar do DCE no horário de almoço. Você não me viu, talvez sua memória nem tenha guardado esse dia, mas a minha guardou, talvez para me permitir voltar no tempo e admirar aquele garoto, cheio de sonhos, feliz e decidido que se tornou homem muito cedo e que me permitiu fazer parte de suas conquistas. Naquele dia, eu não sabia que seríamos um só, mas eu senti que você era especial, talvez até demais para mim. Mas a vida me deu você de presente, assim, sem eu pedir, naturalmente, simples e direto como você sempre foi, mas transformou minha vida e me encheu de sonhos. Aprendi a sonhar mais alto, mas acima de tudo a conquistar os sonhos. Em 12 anos, planejamos e construímos uma vida de sonhos. Muitos realizamos juntos, alguns, entretanto, ficaram só para mim... e assim vão ficar, guardamos, esperando por você para que um dia possamos realizá-los, quem sabe em outro plano, outra vida... nossa história não acabou, ela é para sempre, é eterna...