Sabe, meu bem, a maior falta que sinto é de poder contar para você as aventuras pela quais passo... coisas boas, surpresas, decepções, dificuldades... eu ouço você dizer: "que massa! Sério? Eu te avisei! Tenha cuidado! Que cagada! O loooco! Que bacana!" Para cada situação, você tinha uma frase de efeito é só depois fazia uma análise dos fatos. O engraçado é que eu te contava, mas já sabia sua reação, nós nos entendíamos tão bem que até o nosso pensamento sobre as coisas e pessoas era igual...
Hoje, repensando minhas decisões dos últimos dias, vi que pequei em muitos detalhes... você teria feito algumas coisas diferente... algumas eu consegui consertar a tempo, outras já passaram, mas eu ainda posso reverter muitas.
Mas certeza mesmo, eu nunca terei...
Estou fazendo o melhor que posso. Tento a todo custo me manter ocupada com a mudança e chegada do nosso bebê. Não estou me sentindo muito bem desde ontem... não sou boa com mudanças estando grávida... da última vez que nos mudamos, Júlia nasceu...
Apesar disso, há coisas que preciso fazer, para muitas delas você torceria o nariz, não deixaria. Eu ficaria toda envaidecida de ter um marido tão cuidadoso, e acabaria cedendo. Mas a verdade é que tenho extrapolado bastante o limite... muitas coisas deram errado, mas todas são remediáveis, não se preocupe.
Como te disse, faço o melhor que posso por nós, para que nossos filhos sejam criados como se você estivesse ao nosso lado fisicamente. Mesmo assim, sinto sua falta demais quando minha barriga endurece, quando me falta o ar, quando a Júlia cai (ela está toda ralada, já te disse isso? Pois é, caiu de novo, é teimosa demais! Ontem levou um esfrega da gata porque puxou-lhe o rabo; agora ela vê a gata e a imita com um som de ataque: grrrrr...), quando os pernilongos a atacam, quando ela não come... sinto sua falta quando como e não posso dividir com você meu prato, minha xícara de chá ou minha sobremesa favorita... vejo você sentado do meu lado, abrindo a boca de um jeito todo especial para roubar minha comida... assim como senti você no avião enquanto Júlia chorava aterrorizada pelos solavancos que o minúsculo avião do aeroporto de Ponta Grossa nos proporcionou até Campinas... você teria gargalhado de nervoso e eu teria que ter cuidado dos dois... mas eu teria dado conta porque, embora você assustado, você estaria do meu lado, e eu me sentiria forte, quase que imortal... sem você lá, eu perdi a cabeça, fiquei nervosa, chorei junto com a Júlia sem saber o que fazer... prometi nunca mais viajar com os dois, não nos próximos 5 anos! Senti sua falta porque não pude fazer xixi durante toda a viagem, segurei firme, com a bexiga quase explodindo até chegar em Juiz de Fora. Acho que isso me rendeu uma leve infecção...
Enfim, meu amor, minha vida se resume a sentir sua falta... nos momentos vagos, tento ser a melhor mãe possível para os nossos pequenos... neles, eu vejo você!
Ps. Esqueci de dizer, a ultrassonografia 3D confirmou: ele será sim bochechudo, terá seu queixo e será a cara da Juju!
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