Meu bem, há uma saudade tão grande no meu peito! Saudade de você, de nós! Eu sinto tanta falta de mim, de quem eu era ao seu lado...
Sinto falta da felicidade
Do orgulho
Dos sonhos
De fazer planos
Do frio na barriga ao te ver, te sentir
Das borboletas no estômago que me lembravam que você mexia comigo quimicamente
Da certeza do reencontro depois de uma longa viagem...
Eu sinto falta de você!
No meu coração, há uma sensação de desejo constante de voltar para casa, não importa onde eu esteja... minha casa é você! É em você que eu sinto que posso descansar depois de um dia difícil; sem você, esse dia não termina... as palavras fogem, falta vocabulário para expressar o quanto dói, só fica o vazio...
O que eu sinto é uma falta danada de me sentir viva...
terça-feira, 31 de outubro de 2017
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Os minutos passaram lentamente, eu quase pude contar cada segundo.... o coração vazio, a casa vazia, o olhar vazio. Vazia a minha vida se tornou... eu revivi por várias vezes tudo que nos aconteceu, e eu senti meu peito sufocar centenas de vezes.
Eu em vão refiz nossos planos para aquele dia; eu chorei em silêncio, por dentro, enquanto sorria para nossos filhos; eu lembrei da sua última palavra; eu quis fechar os olhos e parar de respirar; eu duvidei de Deus centenas de vezes e me arrependi na mesma proporção; pedi respostas, pedi provas e as recebi num lindo sermão que falava sobre videiras; eu me senti mais próxima de Deus, apesar de ainda existir mágoa em mim; eu olhei para trás e me orgulhei muito de quem você é, mas senti uma dor enorme ao constatar que você não está mais ao alcance dos meus dedos.
Eu rezo para que a minha fé seja restaurada e que a certeza do reencontro seja constante na minha vida. Eu sigo te amando, mais que ontem e menos que amanhã...
Eu em vão refiz nossos planos para aquele dia; eu chorei em silêncio, por dentro, enquanto sorria para nossos filhos; eu lembrei da sua última palavra; eu quis fechar os olhos e parar de respirar; eu duvidei de Deus centenas de vezes e me arrependi na mesma proporção; pedi respostas, pedi provas e as recebi num lindo sermão que falava sobre videiras; eu me senti mais próxima de Deus, apesar de ainda existir mágoa em mim; eu olhei para trás e me orgulhei muito de quem você é, mas senti uma dor enorme ao constatar que você não está mais ao alcance dos meus dedos.
Eu rezo para que a minha fé seja restaurada e que a certeza do reencontro seja constante na minha vida. Eu sigo te amando, mais que ontem e menos que amanhã...
sábado, 7 de outubro de 2017
Um constante lembrar e esquecer toma conta dos meus dias... eu esqueço por segundos tudo que aconteceu, e toda vez que eu lembro sinto meus pés flutuarem como naquele 08 de outubro quando percebi que a vida tinha terminado para nós dois...
Esse ano passou sem que eu me desse conta dos dias, semanas e meses... me perco nos dias da semana e nunca sei qual é o dia do mês... os dias têm se repetido exaustivamente do mesmo jeito há um ano. É como se eu observasse a minha vida sendo vivida por atores, num faz de contas sem fim.
Há uma mistura de eternidade e sensação de que não se passou um dia sequer...
Eu vivo e revivo as mesma coisas, os mesmos sentimentos, pensamentos, medos, incertezas... não estou pronta para nada, mas preciso encarar tudo. É pesado, meu bem. E não se trata de peso físico, é mais que isso, é no coração que pesa.
Eu vou dormir, esperando acordar amanhã no nosso quarto, vamos perder a hora e não vamos viajar. Vamos passear pelo bairro e sentir o sol da primavera no rosto.... vamos passar a tarde agarradinhos, vendo nossa série preferida, comendo chocolate e tomando vinho... Juju estará brincando por ali com aquela carinha redonda e olhos espertos... Bruninho estará protegido dentro da minha barriga. A história dele será tão diferente! A felicidade estará tão perto que nós poderemos prendê-la numa garrafa para que ela nunca mais nos abandone.
Boa noite, meu amor. Nos vemos amanhã...
Esse ano passou sem que eu me desse conta dos dias, semanas e meses... me perco nos dias da semana e nunca sei qual é o dia do mês... os dias têm se repetido exaustivamente do mesmo jeito há um ano. É como se eu observasse a minha vida sendo vivida por atores, num faz de contas sem fim.
Há uma mistura de eternidade e sensação de que não se passou um dia sequer...
Eu vivo e revivo as mesma coisas, os mesmos sentimentos, pensamentos, medos, incertezas... não estou pronta para nada, mas preciso encarar tudo. É pesado, meu bem. E não se trata de peso físico, é mais que isso, é no coração que pesa.
Eu vou dormir, esperando acordar amanhã no nosso quarto, vamos perder a hora e não vamos viajar. Vamos passear pelo bairro e sentir o sol da primavera no rosto.... vamos passar a tarde agarradinhos, vendo nossa série preferida, comendo chocolate e tomando vinho... Juju estará brincando por ali com aquela carinha redonda e olhos espertos... Bruninho estará protegido dentro da minha barriga. A história dele será tão diferente! A felicidade estará tão perto que nós poderemos prendê-la numa garrafa para que ela nunca mais nos abandone.
Boa noite, meu amor. Nos vemos amanhã...
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
Bruno, meu bem! É assim que seu nome está salvo nos meus contatos e assim que permanecerá...
Eu sei, faz tempo que não apareço por aqui, mas isso não significa que eu não escreva ou não pense em você o tempo todo. Tempo este que anda corrido por aqui... estranhamente, os dois dormiram e eu ainda estou aqui acordada com aquela sensação de que foi muito fácil e que, portanto, eu devo ter esquecido de fazer algo...
A verdade é que os dias tem sido bastante tumultuados sem você aqui. Eu sinto falta de te ligar, mandar um áudio ou mensagem dizendo que não vou aguentar, que preciso que você volte para casa e ver você entrar em questão de minutos.
Há horas tão difíceis, tão estressantes e cansativas que eu tenho certeza que vou enlouquecer... nessas horas sua falta machuca o coração...
Por incrível que pareça, eu não enlouqueço e surgem bons momentos, mas eu não me entrego a eles totalmente, porque nessas horas sua faltas se faz ainda mais forte! É que eu queria compartilhar tanta coisa com você...
Como a primeira aula de natação do nosso Bruninho. Ele é filho de peixe, meu bem! Deu um show de alegria e simpatia! Me encheu de orgulho, e eu senti falta de dividir com você! Hoje foi dia de Juju voltar à natação depois de um longo período afastada: ela relutou no início, mas em questão de minutos, mostrou que é também filha de peixe e relembrou muitas das lições que aprendera com a tia Manu em Telêmaco, quando nós dois revezávamos na piscina para acompanhá-la... hoje você não estava na borda nos olhando, mas suas palavras sussurravam nos meus ouvidos: "eu tenho planos para a Juju, pode confiar!"
Eu queria te dizer, meu amor, que eu me lembro de todos os nossos planos, os que fizemos para nós dois e também aqueles que fizemos para nossos filhos. E é por isso que estou seguindo, tentando colocar em prática aquilo que você desenhou, mas não pôde colorir... Eles vão nadar, vão fazer música, vão praticar algum tipo de artes marciais, vão soltar pipa, vão acampar no fundo do quintal, vão falar inglês cedo, vão viajar, vão ser bons alunos ( não necessariamente inteligentes, porque isso não se planeja, mas serão dedicados e educados), vão ser gentis, honestos e humildes, mas acima de tudo saberão ser gratos...
E eu? Onde eu entro nisso tudo? Eu vou estar ali do lado, tentando ser exemplo para eles... tem tanto de você em mim... Eu estou firme nos nossos sonhos. Fique tranquilo, estou dando conta, estamos saindo do olho do furacão (era assim que chamávamos o período de 0 a 6 meses da Juju), estou viva e, digo mais, até já consegui tomar um banho de 5 minutos sem ouvir uma trilha sonora de muito chororô ao fundo...
Claro que tudo mudou. Você não está mais aqui para me proteger, nos proteger, mas eu cresci e estou aqui por nossos filhos, e vou continuar até quando for necessário...
Se antes eu queria envelhecer bem, hoje eu só quero envelhecer e logo...
Eu sei, faz tempo que não apareço por aqui, mas isso não significa que eu não escreva ou não pense em você o tempo todo. Tempo este que anda corrido por aqui... estranhamente, os dois dormiram e eu ainda estou aqui acordada com aquela sensação de que foi muito fácil e que, portanto, eu devo ter esquecido de fazer algo...
A verdade é que os dias tem sido bastante tumultuados sem você aqui. Eu sinto falta de te ligar, mandar um áudio ou mensagem dizendo que não vou aguentar, que preciso que você volte para casa e ver você entrar em questão de minutos.
Há horas tão difíceis, tão estressantes e cansativas que eu tenho certeza que vou enlouquecer... nessas horas sua falta machuca o coração...
Por incrível que pareça, eu não enlouqueço e surgem bons momentos, mas eu não me entrego a eles totalmente, porque nessas horas sua faltas se faz ainda mais forte! É que eu queria compartilhar tanta coisa com você...
Como a primeira aula de natação do nosso Bruninho. Ele é filho de peixe, meu bem! Deu um show de alegria e simpatia! Me encheu de orgulho, e eu senti falta de dividir com você! Hoje foi dia de Juju voltar à natação depois de um longo período afastada: ela relutou no início, mas em questão de minutos, mostrou que é também filha de peixe e relembrou muitas das lições que aprendera com a tia Manu em Telêmaco, quando nós dois revezávamos na piscina para acompanhá-la... hoje você não estava na borda nos olhando, mas suas palavras sussurravam nos meus ouvidos: "eu tenho planos para a Juju, pode confiar!"
Eu queria te dizer, meu amor, que eu me lembro de todos os nossos planos, os que fizemos para nós dois e também aqueles que fizemos para nossos filhos. E é por isso que estou seguindo, tentando colocar em prática aquilo que você desenhou, mas não pôde colorir... Eles vão nadar, vão fazer música, vão praticar algum tipo de artes marciais, vão soltar pipa, vão acampar no fundo do quintal, vão falar inglês cedo, vão viajar, vão ser bons alunos ( não necessariamente inteligentes, porque isso não se planeja, mas serão dedicados e educados), vão ser gentis, honestos e humildes, mas acima de tudo saberão ser gratos...
E eu? Onde eu entro nisso tudo? Eu vou estar ali do lado, tentando ser exemplo para eles... tem tanto de você em mim... Eu estou firme nos nossos sonhos. Fique tranquilo, estou dando conta, estamos saindo do olho do furacão (era assim que chamávamos o período de 0 a 6 meses da Juju), estou viva e, digo mais, até já consegui tomar um banho de 5 minutos sem ouvir uma trilha sonora de muito chororô ao fundo...
Claro que tudo mudou. Você não está mais aqui para me proteger, nos proteger, mas eu cresci e estou aqui por nossos filhos, e vou continuar até quando for necessário...
Se antes eu queria envelhecer bem, hoje eu só quero envelhecer e logo...
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Tanto espaço nesta cama, meu bem! Eu abraço nossos filhos bem forte e, por alguns segundos, eu sinto você! A mesma coisa acontece com o olhar deles ou o sorriso... eles me olham no fundo da alma e me sorriem como se soubessem que é deles que vem o ar que eu respiro...
O tempo está passando, mas a dor continua intacta aqui, às vezes eu esqueço que tudo aconteceu... aí vem o fim do dia, você não volta para tomar café comigo, eu não posso te contar que Júlia já faz tudo aquilo que nós dois imaginávamos quando ela ainda era só um pedacinho nosso dentro da minha barriga... e eu preciso confessar que não é tão engraçado quando acontece de fato; eu preciso contar até mil para não enlouquecer...
Só para você ter uma ideia, ela fala sem parar a mesma frase quando quer algo, até que te vence pelo canção... ou você cede ou enlouquece! A Babi, nestes dias intermináveis de crise asmática do Bruninho, tem sido uma fiel amiga, mantendo Júlia a salvo e entretida, mas não posso dizer que a Júlia faça o mesmo por ela. A pobrezinha me olha como quem diz: por favor, tire a Juju daqui! Mas se mantém firme ao lado da Amiga enquanto nossa menina apronta todas as peraltices imagináveis: expulsa a Babi da casinha, come sua ração, dá banho nas bonecas no pote de água, obriga a coitada a se deitar ao seu lado, prega adesivos por todo o corpo da bichinha, insiste no banho gelado, molhando a cachorra e toda a varanda... para ela, o nome é Bibi, mas a amiguinha da escola, cujo nome é Gabi, passou a ser chamada de Babi. Ela tem esse dom, troca o nome de todos e nos arranca bastante gargalhadas: tio Ted, tia Kity, tia Kika, tia Tida... e por aí vai... fala uma língua só dela, mas eu entendo tudo! Nomeia as bonecas com o nome das pessoa que mais ama! Agora eu também sou uma boneca dela! A primeira delas, a que esteve pendurada no berço, lembra? Ela também fala papai, te reconhece nas fotografias e sempre diz que você está no coração... as pessoas têm receio de falar sobre você perto dela, mas essa é uma questão bem resolvida por aqui! Eles têm um pai maravilhoso!
E assim vamos seguindo, vivendo um dia de cada vez... Sem planos, sem saber como será amanhã, fazendo mil perguntas, tendo quase nenhuma resposta...
Eu ainda não chorei sua partida, não fui ao fundo do poço, não aceitei a realidade... quando vem o desespero, quando a realidade insiste em me confrontar, eu fujo, encontro abrigo nas crianças para não me despedir de você... não posso, não consigo...
Sendo fuga ou não, me fazendo bem ou mal, foi a forma que encontrei para seguir e cuidar dos pequenos como se você estivesse conosco...
As pessoas dizem que sou forte, mas eu queria mesmo era estar com você, em qualquer circunstância, qualquer situação, qualquer lugar, em qualquer tempo...
O tempo está passando, mas a dor continua intacta aqui, às vezes eu esqueço que tudo aconteceu... aí vem o fim do dia, você não volta para tomar café comigo, eu não posso te contar que Júlia já faz tudo aquilo que nós dois imaginávamos quando ela ainda era só um pedacinho nosso dentro da minha barriga... e eu preciso confessar que não é tão engraçado quando acontece de fato; eu preciso contar até mil para não enlouquecer...
Só para você ter uma ideia, ela fala sem parar a mesma frase quando quer algo, até que te vence pelo canção... ou você cede ou enlouquece! A Babi, nestes dias intermináveis de crise asmática do Bruninho, tem sido uma fiel amiga, mantendo Júlia a salvo e entretida, mas não posso dizer que a Júlia faça o mesmo por ela. A pobrezinha me olha como quem diz: por favor, tire a Juju daqui! Mas se mantém firme ao lado da Amiga enquanto nossa menina apronta todas as peraltices imagináveis: expulsa a Babi da casinha, come sua ração, dá banho nas bonecas no pote de água, obriga a coitada a se deitar ao seu lado, prega adesivos por todo o corpo da bichinha, insiste no banho gelado, molhando a cachorra e toda a varanda... para ela, o nome é Bibi, mas a amiguinha da escola, cujo nome é Gabi, passou a ser chamada de Babi. Ela tem esse dom, troca o nome de todos e nos arranca bastante gargalhadas: tio Ted, tia Kity, tia Kika, tia Tida... e por aí vai... fala uma língua só dela, mas eu entendo tudo! Nomeia as bonecas com o nome das pessoa que mais ama! Agora eu também sou uma boneca dela! A primeira delas, a que esteve pendurada no berço, lembra? Ela também fala papai, te reconhece nas fotografias e sempre diz que você está no coração... as pessoas têm receio de falar sobre você perto dela, mas essa é uma questão bem resolvida por aqui! Eles têm um pai maravilhoso!
E assim vamos seguindo, vivendo um dia de cada vez... Sem planos, sem saber como será amanhã, fazendo mil perguntas, tendo quase nenhuma resposta...
Eu ainda não chorei sua partida, não fui ao fundo do poço, não aceitei a realidade... quando vem o desespero, quando a realidade insiste em me confrontar, eu fujo, encontro abrigo nas crianças para não me despedir de você... não posso, não consigo...
Sendo fuga ou não, me fazendo bem ou mal, foi a forma que encontrei para seguir e cuidar dos pequenos como se você estivesse conosco...
As pessoas dizem que sou forte, mas eu queria mesmo era estar com você, em qualquer circunstância, qualquer situação, qualquer lugar, em qualquer tempo...
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
Meu bem, tem dias muito difíceis! Dias como ontem, como hoje que desafiam o nosso equilíbrio, que nos fazem perder a calma, chegar à beira da loucura. Tem dias que se trancar no quarto enquanto as crianças choram, o cachorro late e o interfone toca parece ser a única atitude sensata.
E eu me tranquei por alguns poucos minutos enquanto controlava o choro com a razão: quem resolveria por mim? Quem daria o colo da Júlia, quem amamentaria o Bruno, quem faria carinho na Babi, quem daria os remédios a eles se não eu? Tive que engolir o choro, levantar a cabeça e assumir meu posto. Não é a primeira vez e não será a última que preciso tirar forças a e assumir minhas batalhas.
Algumas não podem ser vencidas, apenas remediadas... Outras eu ainda nem imagino como serão, como o dia dos pais na escola, por exemplo... ou as inúmeras noites em claro, cuidando dos pequenos...
Eu puxo pela memória e tento voltar nas lutas que travamos no passado juntos... não consigo me lembrar de nenhuma. Ou elas realmente não existiram ou éramos muito fortes juntos... concluo que só pode ser a segunda opção, sem dúvida!
Meu Deus! Eu só consigo pensar naquilo que poderia ter sido! Tínhamos o plano perfeito, fizemos tudo tão certinho... eu só queria sentir suas mãos na minha cintura enquanto eu me sentia a pessoa mais protegida e feliz do mundo...
E eu me tranquei por alguns poucos minutos enquanto controlava o choro com a razão: quem resolveria por mim? Quem daria o colo da Júlia, quem amamentaria o Bruno, quem faria carinho na Babi, quem daria os remédios a eles se não eu? Tive que engolir o choro, levantar a cabeça e assumir meu posto. Não é a primeira vez e não será a última que preciso tirar forças a e assumir minhas batalhas.
Algumas não podem ser vencidas, apenas remediadas... Outras eu ainda nem imagino como serão, como o dia dos pais na escola, por exemplo... ou as inúmeras noites em claro, cuidando dos pequenos...
Eu puxo pela memória e tento voltar nas lutas que travamos no passado juntos... não consigo me lembrar de nenhuma. Ou elas realmente não existiram ou éramos muito fortes juntos... concluo que só pode ser a segunda opção, sem dúvida!
Meu Deus! Eu só consigo pensar naquilo que poderia ter sido! Tínhamos o plano perfeito, fizemos tudo tão certinho... eu só queria sentir suas mãos na minha cintura enquanto eu me sentia a pessoa mais protegida e feliz do mundo...
sábado, 5 de agosto de 2017
Já é dia 06! Eu ainda estou aqui lendo algumas mensagens dentre as dezenas que recebi ao longo do dia...
Acordei disposta a ficar só, mas fui surpreendida por amigos e família... não fiquei só, um só minuto! Isso não impediu que algumas lágrimas rolassem, mas evitou que rolassem muitas outras... permitiu que eu me sentisse amada e agradecida...
Agora o corpo reclama, cansaço vence, embora eu termine o dia esperando a sua mensagem, o seu abraço e o seu sorriso... para isso, preciso dormir.
Acordei disposta a ficar só, mas fui surpreendida por amigos e família... não fiquei só, um só minuto! Isso não impediu que algumas lágrimas rolassem, mas evitou que rolassem muitas outras... permitiu que eu me sentisse amada e agradecida...
Agora o corpo reclama, cansaço vence, embora eu termine o dia esperando a sua mensagem, o seu abraço e o seu sorriso... para isso, preciso dormir.
Enfim, julho ficou para trás, mês difícil por ser alegre e triste, mês de datas tão especiais! Eu me mantive firme e muda, incapaz de dizer o que penso, incapaz de organizar o pensamento...
Como eu gostaria que toda tristeza se findasse com a chegada de Agosto... mas não, é apenas mais um mês, repleto de dias de saudade e solidão... eu sei que será assim, não há como ser diferente, a dor não nos abandona! A morte tem uma forma especialmente dura de nos ensinar sobre a vida. Foi preciso muita dor para eu entender que morrer não é um castigo, mas um regresso; que não perdi você, apenas nos separamos e por isso mesmo não temo mais a morte; que milagres existem, muito embora, ele não ocorra para todos; que não importa o quanto eu sofra, ninguém vai parar a vida por causa disso; que sofrimento não é prova de amor; que amar é o bem mais precioso que podemos deixar sobre a Terra; que nem sempre as palavras conseguem captar o sentimento; que muitas vezes o silêncio diz mais que mil palavras; que o melhor presente que se pode ganhar na vida é um beijo e o calor de quem se ama...
Eu espero, meu bem, ganhar esse presente hoje.
Todo amor do mundo...
Como eu gostaria que toda tristeza se findasse com a chegada de Agosto... mas não, é apenas mais um mês, repleto de dias de saudade e solidão... eu sei que será assim, não há como ser diferente, a dor não nos abandona! A morte tem uma forma especialmente dura de nos ensinar sobre a vida. Foi preciso muita dor para eu entender que morrer não é um castigo, mas um regresso; que não perdi você, apenas nos separamos e por isso mesmo não temo mais a morte; que milagres existem, muito embora, ele não ocorra para todos; que não importa o quanto eu sofra, ninguém vai parar a vida por causa disso; que sofrimento não é prova de amor; que amar é o bem mais precioso que podemos deixar sobre a Terra; que nem sempre as palavras conseguem captar o sentimento; que muitas vezes o silêncio diz mais que mil palavras; que o melhor presente que se pode ganhar na vida é um beijo e o calor de quem se ama...
Eu espero, meu bem, ganhar esse presente hoje.
Todo amor do mundo...
terça-feira, 18 de julho de 2017
Meu bem! Hoje falei tanto sobre você, hoje chorei por você, por mim, pelos nossos filhos... senti sua falta ao levar nossos filhos ao sítio pela primeira vez.
Imaginei você correndo atrás da Júlia, armando brincadeiras, inventando diversão... ela gargalhou, aprontou, correu, caiu, se assustou e repetiu essa sequência muitas vezes até que, enfim, desmaiou de cansaço...
Bruninho apenas gargalhou e olhou tudo com aqueles olhos arregalados de quem está conhecendo o mundo e não quer perder nada! Ele sorri com a alma, meu bem... é tão lindo!
Eu voltei para um lugar onde eu estive antes de te conhecer.... senti como se nossa história ainda fosse começar... por vários momentos visualizei seu sorriso, senti você ao meu lado, ouvi você me alertar sobre perigos que Júlia poderia correr...
Eu estou aqui, meu bem, eu continuo aqui... esperando por você!
Imaginei você correndo atrás da Júlia, armando brincadeiras, inventando diversão... ela gargalhou, aprontou, correu, caiu, se assustou e repetiu essa sequência muitas vezes até que, enfim, desmaiou de cansaço...
Bruninho apenas gargalhou e olhou tudo com aqueles olhos arregalados de quem está conhecendo o mundo e não quer perder nada! Ele sorri com a alma, meu bem... é tão lindo!
Eu voltei para um lugar onde eu estive antes de te conhecer.... senti como se nossa história ainda fosse começar... por vários momentos visualizei seu sorriso, senti você ao meu lado, ouvi você me alertar sobre perigos que Júlia poderia correr...
Eu estou aqui, meu bem, eu continuo aqui... esperando por você!
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Meu bem, tão difícil imaginar você em outro plano, em outra vida, longe de mim... tão difícil, olhar para o seu contato salvo na minha agenda há tanto tempo sem me responder, sem mandar sequer uma mensagem de bom dia, ou simplesmente dizer que me ama... quantas vezes você fazia isso durante o dia? Não sei, mas não passávamos mais que 2 horas sem nos falar... já faz tempo que parei de contar o tempo que passa, agora conto o tempo que resta... já me disseram que o tempo curaria as feridas, mas, cá entre nós, não cura não! A dor é a mesma, o medo é o mesmo, a incerteza é a mesma... só a intensidade da saudade é maior!
Esta noite sonhei que eu e as crianças faríamos uma viagem e ao chegar ao destino percebi que não havia levado o celular. Fiquei preocupada, não teria notícias suas...
Acordei pensando que talvez quem estivesse sem notícias seria você. Faz tempo que não escrevo... o tempo tem sido curto, as horas de calmaria têm sido raras, mas meu pensamento continua com você, eu te conto sobre tudo o dia todo. Você está comigo em cada detalhe... e quando eu não te sinto, recebo mensagens trazidas por amigos que não desistem de mim, de nós, da nossa família por mais que eu duvide e questione...
Quando eu penso que vou esmorecer, nossos pequenos me surpreendem com uma Graça, um carinho, uma palavra... Júlia é tão doce, tão amável e educada, mas muito arteira! Bruno tão valente, tão simpático e tão calminho...
Não me canso olhá-los cheia de orgulho! Eu vejo você ao meu lado, sorrindo e se orgulhando de cada conquista deles. Eles são as nossas sementes, são a nossa continuação na Terra! Eu não tenho dúvida da semelhança deles com você, não tenho dúvida de que eles vão nos encher ainda mais de orgulho assim como eu sinto de você!
Agora, me conte sobre você... é noite, é tarde, os dois dormem, incrível, não tenho sono, mas vou tentar sonhar com você... faca um esforço, fale conosco, previso ver seus olhos nem que seja por um milésimo de segundo...
Esta noite sonhei que eu e as crianças faríamos uma viagem e ao chegar ao destino percebi que não havia levado o celular. Fiquei preocupada, não teria notícias suas...
Acordei pensando que talvez quem estivesse sem notícias seria você. Faz tempo que não escrevo... o tempo tem sido curto, as horas de calmaria têm sido raras, mas meu pensamento continua com você, eu te conto sobre tudo o dia todo. Você está comigo em cada detalhe... e quando eu não te sinto, recebo mensagens trazidas por amigos que não desistem de mim, de nós, da nossa família por mais que eu duvide e questione...
Quando eu penso que vou esmorecer, nossos pequenos me surpreendem com uma Graça, um carinho, uma palavra... Júlia é tão doce, tão amável e educada, mas muito arteira! Bruno tão valente, tão simpático e tão calminho...
Não me canso olhá-los cheia de orgulho! Eu vejo você ao meu lado, sorrindo e se orgulhando de cada conquista deles. Eles são as nossas sementes, são a nossa continuação na Terra! Eu não tenho dúvida da semelhança deles com você, não tenho dúvida de que eles vão nos encher ainda mais de orgulho assim como eu sinto de você!
Agora, me conte sobre você... é noite, é tarde, os dois dormem, incrível, não tenho sono, mas vou tentar sonhar com você... faca um esforço, fale conosco, previso ver seus olhos nem que seja por um milésimo de segundo...
sábado, 1 de julho de 2017
Estar sem você, meu bem, implica em tanta coisa, tantas perdas... eu queria tanto te contar sobre como Júlia dançou em sua primeira quadrilha ou como foi a reação dela quando fui buscá-la na escola com o irmãozinho, como ela faz pirraça e para sozinha depois de perceber que eu não vou ceder, como ela calça suas botas, meus chinelos e pede para passar meus batons...queria te contar como foi mudar o leite do Bruninho, da insegurança, da vontade de voltar ao leite anterior, queria te contar como ele me olha nos olhos e me derrete, como ele já pega os objetos e como ama a fisioterapia... queria te contar sobre mim, sobre como me sinto fraca, apesar de parecer forte...
Eu só queria poder sentar ao seu lado e ouvir seus conselhos... eu só queria poder escutar sua voz...
Eu só queria poder dormir abraçada a você e sentir só mais uma vez aquela sensação de proteção, a certeza de que tudo ficará bem, a segurança que eu tinha a seu lado... você sempre foi a parte forte de nós dois, meu bem. Eu sempre soube que iria partir antes de você, por isso, por várias vezes eu falei para você sobre o que queria que você fizesse, o que não fizesse... você sempre pedia para que eu parasse de falar besteiras... mudava de assunto como a maioria das pessoas faz. Vivemos como se fôssemos imortais, como se a morte viesse apenas para os outros... ledo engano! Eu descobri isso tarde demais, descobri também que existem muitas formas diferentes de morrer... e eu já experimentei quase todas quando te perdi... e são todas absurdamente doloridas... renascer?! Nem sempre é possível! Temos que lidar com a nossa parte morta, temos que acostumar o coração à dor, temos que acomodar no peito a saudade e aceitar que somos diferentes, que seremos para sempre diferentes, que não é possível mais viver os mesmos sonhos... viemos ao mundo sozinhos e é também sozinhos que partiremos, mas eu queria muito, muito mesmo, poder me despedir daqui ao seu lado...
Todo amor do mundo,
Sempre sua.
Eu só queria poder sentar ao seu lado e ouvir seus conselhos... eu só queria poder escutar sua voz...
Eu só queria poder dormir abraçada a você e sentir só mais uma vez aquela sensação de proteção, a certeza de que tudo ficará bem, a segurança que eu tinha a seu lado... você sempre foi a parte forte de nós dois, meu bem. Eu sempre soube que iria partir antes de você, por isso, por várias vezes eu falei para você sobre o que queria que você fizesse, o que não fizesse... você sempre pedia para que eu parasse de falar besteiras... mudava de assunto como a maioria das pessoas faz. Vivemos como se fôssemos imortais, como se a morte viesse apenas para os outros... ledo engano! Eu descobri isso tarde demais, descobri também que existem muitas formas diferentes de morrer... e eu já experimentei quase todas quando te perdi... e são todas absurdamente doloridas... renascer?! Nem sempre é possível! Temos que lidar com a nossa parte morta, temos que acostumar o coração à dor, temos que acomodar no peito a saudade e aceitar que somos diferentes, que seremos para sempre diferentes, que não é possível mais viver os mesmos sonhos... viemos ao mundo sozinhos e é também sozinhos que partiremos, mas eu queria muito, muito mesmo, poder me despedir daqui ao seu lado...
Todo amor do mundo,
Sempre sua.
quarta-feira, 21 de junho de 2017
Tanta coisa acontecendo, e eu pensando só em você... tanto tempo se passou, e eu ainda espero você voltar... tantas lágrimas derramei e ainda há infinitas a cair... tanto medo eu senti e ainda há tanto a temer, tantos obstáculos eu venci e ainda há tantas batalhas, quantas pessoas se afastaram, e mais que o dobro se aproximou... tantas alegrias não pude compartilhar com você e por causa disso duraram segundos apenas... tanta revolta brotou no meu peito e ainda há um mundo de fúria dentro de mim... tanta coisa para te contar e não há ninguém para ouvir... tantas perguntas e tão poucas respostas...
Há uma certeza, entretanto, a de que você sentiria muito orgulho de mim, da nossa família. Estou sentada na sala de espera da pediatra do Bruninho... sozinha! Você estaria comigo, sem dúvida, organizado, faria as perguntas certas, teria as respostas exatas, guardaria o nome de todos os medicamentos, doses, horários, peso, medidas... saberia onde encontrar qualquer documento ou anotação importante... mas como disse, estou sozinha. Nosso pequeno dorme no bebê conforto, o mesmo que você carregou por inúmeras vezes a Juju... ele é gordinho como ela, é difícil carregá-lo por aí além de todo aparato de que precisa um bebê...
É difícil, muito difícil, mas nada se compara à dificuldade em levar a vida sem você, meu amor...
A pediatra dele faz de tudo para que as dificuldades e cuidados sejam mais leves, ela facilita tudo o que pode para nós... ela não sabe, mas é um anjo na nossa vida... eu sinto muito por você não poder conhecê-la, sinto mais ainda por ela não desconfiar da grandeza da sua pessoa, da bondade do seu coração, da pessoa maravilhosa que você foi e continua sendo para nós... sinto muito por ela não ter te conhecido.
Infelizmente, quem não te conheceu, não consegue te ver conosco... mas você está aqui o tempo todo, em cada detalhe em cada manhã, em cada anoitecer, em cada dificuldade e em cada raro momento de alegria porque você está em mim, você me mudou, você me ensinou, você me preparou para essa missão e hoje eu sei que estou pronta, estou segura de que nossos pequenos vão conseguir crescer felizes e saudáveis. Eu vou estar sempre por perto e consequentemente você também estará conosco nesta missão terrena e passageira até o dia em que eu volte para casa e te reencontre. Não tenho dúvida, a gente vai se reconhecer, vai se amar, vai ser lindo!
Com amor, para sempre sua.
Há uma certeza, entretanto, a de que você sentiria muito orgulho de mim, da nossa família. Estou sentada na sala de espera da pediatra do Bruninho... sozinha! Você estaria comigo, sem dúvida, organizado, faria as perguntas certas, teria as respostas exatas, guardaria o nome de todos os medicamentos, doses, horários, peso, medidas... saberia onde encontrar qualquer documento ou anotação importante... mas como disse, estou sozinha. Nosso pequeno dorme no bebê conforto, o mesmo que você carregou por inúmeras vezes a Juju... ele é gordinho como ela, é difícil carregá-lo por aí além de todo aparato de que precisa um bebê...
É difícil, muito difícil, mas nada se compara à dificuldade em levar a vida sem você, meu amor...
A pediatra dele faz de tudo para que as dificuldades e cuidados sejam mais leves, ela facilita tudo o que pode para nós... ela não sabe, mas é um anjo na nossa vida... eu sinto muito por você não poder conhecê-la, sinto mais ainda por ela não desconfiar da grandeza da sua pessoa, da bondade do seu coração, da pessoa maravilhosa que você foi e continua sendo para nós... sinto muito por ela não ter te conhecido.
Infelizmente, quem não te conheceu, não consegue te ver conosco... mas você está aqui o tempo todo, em cada detalhe em cada manhã, em cada anoitecer, em cada dificuldade e em cada raro momento de alegria porque você está em mim, você me mudou, você me ensinou, você me preparou para essa missão e hoje eu sei que estou pronta, estou segura de que nossos pequenos vão conseguir crescer felizes e saudáveis. Eu vou estar sempre por perto e consequentemente você também estará conosco nesta missão terrena e passageira até o dia em que eu volte para casa e te reencontre. Não tenho dúvida, a gente vai se reconhecer, vai se amar, vai ser lindo!
Com amor, para sempre sua.
quinta-feira, 8 de junho de 2017
Hoje, me vesti de coragem, tranquei meus medos na gaveta mais escura que encontrei, peguei nossos filhos e saí sozinha com eles pela primeira vez... foi muito mais fácil do que eu julgava... Júlia se comportou como uma princesa, Bruninho sorriu o tempo todo... eu me senti forte como uma leoa que defende seus filhotes e os ensina a serem felizes... eles vão ser! E é também por você, meu bem, que eu não desisto, que eu acordo todos os dias...
Ps. Há 3 pessoas na foto, mas nós somos 4, seremos sempre 4!
Ps. Há 3 pessoas na foto, mas nós somos 4, seremos sempre 4!
sexta-feira, 26 de maio de 2017
Meu bem,
Você está vendo tudo? Consegue me enxergar, me sentir, ver meu desespero?
Está tudo errado. Júlia está numa fase difícil, eu não estou sabendo lidar... não paro de pensar em como seria se você estivesse aqui... ela estaria assim? Como agiríamos? O que você me diria para fazer? O que você faria em algumas situações?
Perguntas... muitas, todas sem respostas...
Tudo isso por causa de um erro, um descuido, talvez o único em uma vida inteira...
De repente, me vejo em situações que imaginei inúmeras vezes quando me tornei mãe, mas não posso agir como planejei simplesmente porque eu não sou mais a mesma, nossa família não é mais como sonhamos... eu dependo agora de muitas pessoas que não estavam nos nossos planos. Nunca estou sozinha, mas também nunca mais vivi a ninha vida. É como seu estivesse vivendo a vida dos outros e os outros vivessem a minha...
Você era a alma da casa, você nos mantinha unidos, você nos tornava quem nós éramos... sem você, me perdi, tento resgatar o que sonhamos, mas faço apenas o mínimo... estou perdendo o controle, estou apenas seguindo em frente, sem planos, sem projetos... não há mais os nossos, eu não tenho mais os meus... sou apenas vazio, uma casca, oca, lutando para parecer forte e manter-me de pé...
Você está vendo tudo? Consegue me enxergar, me sentir, ver meu desespero?
Está tudo errado. Júlia está numa fase difícil, eu não estou sabendo lidar... não paro de pensar em como seria se você estivesse aqui... ela estaria assim? Como agiríamos? O que você me diria para fazer? O que você faria em algumas situações?
Perguntas... muitas, todas sem respostas...
Tudo isso por causa de um erro, um descuido, talvez o único em uma vida inteira...
De repente, me vejo em situações que imaginei inúmeras vezes quando me tornei mãe, mas não posso agir como planejei simplesmente porque eu não sou mais a mesma, nossa família não é mais como sonhamos... eu dependo agora de muitas pessoas que não estavam nos nossos planos. Nunca estou sozinha, mas também nunca mais vivi a ninha vida. É como seu estivesse vivendo a vida dos outros e os outros vivessem a minha...
Você era a alma da casa, você nos mantinha unidos, você nos tornava quem nós éramos... sem você, me perdi, tento resgatar o que sonhamos, mas faço apenas o mínimo... estou perdendo o controle, estou apenas seguindo em frente, sem planos, sem projetos... não há mais os nossos, eu não tenho mais os meus... sou apenas vazio, uma casca, oca, lutando para parecer forte e manter-me de pé...
terça-feira, 23 de maio de 2017
sábado, 20 de maio de 2017
Hoje é segunda! Graças a Deus o fim de semana acabou e com ele ficou o dia das mães...
Ontem, eu recebi inúmeras mensagens, mas não respondi a nenhuma, não parabenizei ninguém, com exceção de minha mãe com quem passei o dia. Mal educada? Não, triste, muda, atônita...
Não tinha o que dizer, não queria estar ali, sozinha, vivendo os planos que fizemos juntos... lembro de suas palavras em uma palestra... você me agradeceu por ter te acompanhado e aceitado viver e compartilhar dos seus sonhos, se disse realizado pessoalmente e só desejava dar conforto para a sua família... eu só queria te dizer que nós trocaríamos todo o conforto do mundo pela sua presença...
Hoje visualizei a última foto que você me mandou. Nela vi amor, cuidado e proteção... na penúltima vi seu olhar sereno conversando com o meu... é como se o tempo não tivesse passado e você estivesse ali na sala... eu vou só fechar os olhos por alguns minutos para descansar e prometo te encontrar daqui a pouco lá... as crianças dormiram, nós poderemos conversar sem pressa...
Já é sábado! 5 da manhã! Demorei exatamente uma semana para escrever este texto que não é dos maiores...
A vida não me deu trégua ainda, não sei se dará um dia...
As crianças estão resfriada, Juju fez febrão de 40 graus e quase me matou de susto! Bruno, com uma gripe que evoluiu para asma... muito remédio por aqui! Medo de me perder sem você... me perder nos remédios, nos horários, nos procedimentos (vc cuidava de tudo! Ainda tenho frascos com a sua letra indicando o horário, a quantidade e o procedimento correto para eu não me perder)... na vida, eu já estou perdida...
Saudade sem fim! Você faz falta nos momentos difíceis, meu bem, mas ela é infinitamente maior nos momentos felizes! É isso! É essa a dor maior, você precisava estar aqui para receber o primeiro desenho da Juju na escola (foi uma flor) e também para roubar o primeiro sorriso do nosso pitico... ele já gargalha, indo contra todaos os diagnósticos médicos, ele cresce feliz... ele é seu, saiu a você! Ele vê solução onde todos veem problemas...
Ontem, eu recebi inúmeras mensagens, mas não respondi a nenhuma, não parabenizei ninguém, com exceção de minha mãe com quem passei o dia. Mal educada? Não, triste, muda, atônita...
Não tinha o que dizer, não queria estar ali, sozinha, vivendo os planos que fizemos juntos... lembro de suas palavras em uma palestra... você me agradeceu por ter te acompanhado e aceitado viver e compartilhar dos seus sonhos, se disse realizado pessoalmente e só desejava dar conforto para a sua família... eu só queria te dizer que nós trocaríamos todo o conforto do mundo pela sua presença...
Hoje visualizei a última foto que você me mandou. Nela vi amor, cuidado e proteção... na penúltima vi seu olhar sereno conversando com o meu... é como se o tempo não tivesse passado e você estivesse ali na sala... eu vou só fechar os olhos por alguns minutos para descansar e prometo te encontrar daqui a pouco lá... as crianças dormiram, nós poderemos conversar sem pressa...
Já é sábado! 5 da manhã! Demorei exatamente uma semana para escrever este texto que não é dos maiores...
A vida não me deu trégua ainda, não sei se dará um dia...
As crianças estão resfriada, Juju fez febrão de 40 graus e quase me matou de susto! Bruno, com uma gripe que evoluiu para asma... muito remédio por aqui! Medo de me perder sem você... me perder nos remédios, nos horários, nos procedimentos (vc cuidava de tudo! Ainda tenho frascos com a sua letra indicando o horário, a quantidade e o procedimento correto para eu não me perder)... na vida, eu já estou perdida...
Saudade sem fim! Você faz falta nos momentos difíceis, meu bem, mas ela é infinitamente maior nos momentos felizes! É isso! É essa a dor maior, você precisava estar aqui para receber o primeiro desenho da Juju na escola (foi uma flor) e também para roubar o primeiro sorriso do nosso pitico... ele já gargalha, indo contra todaos os diagnósticos médicos, ele cresce feliz... ele é seu, saiu a você! Ele vê solução onde todos veem problemas...
segunda-feira, 15 de maio de 2017
Meu bem,
Muita coisa me entristece, muitas atitudes, muitos comentários, a ausência de alguns, a distância e frieza de outros...
Mas eu coloco tudo na balança e descubro que as coisas boas são infinitamente maiores.
Acabo de deixar Juju na escola. Hoje é sexta, dia de levar brinquedos para o colégio (escolheu um dinossauro e uma bola), dia de comprar pipoca depois da aula... ela já entende, se despediu de todos aqui em casa, beijou o irmão e deu tchau para a Babi... foi feliz para a escolinha de uniforme e laço no cabelo, segurando a lancheira de borboleta que a tia Dê deu no aniversário de 1 aninho, lembra? Como sonhamos com essa cena...
Bruno está no meu colo fazendo inalação, pegou resfriado da Juju, passamos essa noite mais juntos e acordados que de costume... ele não respirou direito, ele gemeu de dor, mas não chorou... eu, com o coração na mão, não consegui ao menos cochilar. O medo de vê-lo novamente em uma Uti me manteve acordada... vez ou outra ia ver a Juju que tossia no outro quarto... ela dormiu com a Andreia, nossa amiga de tempo bom, de balada e tequila, mas irmã nas horas difíceis. Ela veio de TB passar conosco 1/3 de suas férias... É dessas coisas que eu preciso lembrar quando algo me magoar... é nessas pessoas que preciso me agarrar para seguir sem você... amigos de infância separados pelas besteiras da adolescência que se reaproximam também tornam o fardo mais leve.
É difícil demais, por inúmeras vezes durante o dia eu choro, eu me desespero, eu quero desistir, eu sinto saudades de mim, da nossa vida, mas aí vêm nossos pequenos que me sacodem com um susto (gripe, tosse, vômito, ficar preso no carro, comer Pimenta, faltar o ar, tombos...) como quem diz: mamãe, estamos aqui e agora você é tudo que nós temos...
Muita coisa me entristece, muitas atitudes, muitos comentários, a ausência de alguns, a distância e frieza de outros...
Mas eu coloco tudo na balança e descubro que as coisas boas são infinitamente maiores.
Acabo de deixar Juju na escola. Hoje é sexta, dia de levar brinquedos para o colégio (escolheu um dinossauro e uma bola), dia de comprar pipoca depois da aula... ela já entende, se despediu de todos aqui em casa, beijou o irmão e deu tchau para a Babi... foi feliz para a escolinha de uniforme e laço no cabelo, segurando a lancheira de borboleta que a tia Dê deu no aniversário de 1 aninho, lembra? Como sonhamos com essa cena...
Bruno está no meu colo fazendo inalação, pegou resfriado da Juju, passamos essa noite mais juntos e acordados que de costume... ele não respirou direito, ele gemeu de dor, mas não chorou... eu, com o coração na mão, não consegui ao menos cochilar. O medo de vê-lo novamente em uma Uti me manteve acordada... vez ou outra ia ver a Juju que tossia no outro quarto... ela dormiu com a Andreia, nossa amiga de tempo bom, de balada e tequila, mas irmã nas horas difíceis. Ela veio de TB passar conosco 1/3 de suas férias... É dessas coisas que eu preciso lembrar quando algo me magoar... é nessas pessoas que preciso me agarrar para seguir sem você... amigos de infância separados pelas besteiras da adolescência que se reaproximam também tornam o fardo mais leve.
É difícil demais, por inúmeras vezes durante o dia eu choro, eu me desespero, eu quero desistir, eu sinto saudades de mim, da nossa vida, mas aí vêm nossos pequenos que me sacodem com um susto (gripe, tosse, vômito, ficar preso no carro, comer Pimenta, faltar o ar, tombos...) como quem diz: mamãe, estamos aqui e agora você é tudo que nós temos...
terça-feira, 9 de maio de 2017
Hoje o dia amanheceu triste!
Minha irmã se foi, a babá não apareceu, Juju dorme na nossa cama sozinha, Bruninho dorme comigo apertado na cama dela... está tudo errado, eu sei! É exatamente essa a sensação que tenho para minha vida: tudo fora do lugar, mas eu não consigo ajeitar...
Eu sei que o dia vai ser especialmente triste... temos motivos, sua ausência é sentida mais forte nessas datas... mas eu preciso dizer que seu sorriso continua lá para mim...
Enquanto eu cochilava durante a mamada da madrugada, você me visitou... fez a mamadeira do Bruno, eu senti um alívio tão grande, a certeza de que tudo ia ficar bem... foi por segundos, mas foi reconfortante demais!
Minha irmã se foi, a babá não apareceu, Juju dorme na nossa cama sozinha, Bruninho dorme comigo apertado na cama dela... está tudo errado, eu sei! É exatamente essa a sensação que tenho para minha vida: tudo fora do lugar, mas eu não consigo ajeitar...
Eu sei que o dia vai ser especialmente triste... temos motivos, sua ausência é sentida mais forte nessas datas... mas eu preciso dizer que seu sorriso continua lá para mim...
Enquanto eu cochilava durante a mamada da madrugada, você me visitou... fez a mamadeira do Bruno, eu senti um alívio tão grande, a certeza de que tudo ia ficar bem... foi por segundos, mas foi reconfortante demais!
segunda-feira, 8 de maio de 2017
Eu não me lembro com certeza qual foi o nosso último beijo, aquele dia 08 ainda é ainda muito confuso, mas eu me lembro do primeiro... parece que foi ontem...
Você meio tímido, me segurou pela mão já tarde da noite em um festival de rock... eu imaginei que seria apenas um namorico de faculdade, mas foi um encontro de almas! Nós nos abraçamos para nunca mais nos largar! Foi lindo, como a nossa história... Algumas lembranças parecem embaçadas, foram 12 anos muito bem vividos, cheios de boas recordacoes, é difícil saber quais são as primeiras, quais foram as últimas...
Mas eu me esforço e tudo começa a voltar como se o tempo não tivesse passado... Fecho os olhos, vejo você chegando ao festival e me olhando, enquanto eu recolhia os bilhetes na portaria. Eu já sabia das suas intenções, foi um encontro armado por um cupido chamado Valéria. Eu sempre o vi pelo Campus da UFV, mas nunca nos falamos. Acho que minha memória mais antiga é a de você sentado com os amigos no bar do DCE, tomando limonada suíça... depois vem você de bicicleta indo para o Laboratório de Informática, onde fizemos nosso primeiro contato. Você era monitor, eu aluna sem nenhuma experiência com as máquinas. O nosso olhar não se cruzou ali, mas mais tarde você me confessou que foi até a recepção ver minha carteirinha de estudante para confirmar meu nome, saber meu curso...
Você na biblioteca também me remete para uma época em que nós éramos apenas conhecidos...
Da fila do RU, tenho a recordação de você centrado, mas cheio de amigos e sempre com um sorriso no rosto. Também vejo você nesta mesma fila, em um domingo na hora do almoço, de bermuda e chinelo, com ar de cansado e faminto depois de um feriado acampando. Apesar do cansaço, aquele seu sorriso estava lá. De todas as coisas, é dele que eu sinto mais falta. Tão espontâneo, tão verdadeiro, tão lindo e ao mesmo tempo tão decidido, tão forte! Acho que foi neste dia, na fila do RU, que enxerguei você, minha alma deve ter te reconhecido, porque desde então eu não mais olhei para ninguém... faz tempo, mas parece ontem...
O que aconteceu na sequência foi promovido pelo destino... nosso encontro foi por acaso, consequência de uma brincadeira... você falou sobre mim, eu brinquei sobre você, você pagou para ver e eu não me importei... nasceu um amor, aconteceu um encontro. Minha vida começou a fazer sentido ali, a partir de então eu encontrei o equilíbrio, a felicidade... ali, eu me perguntei: como fui capaz de viver sem você?
No meio de tanta vida, um desencontro aconteceu... Sim! Apenas um desencontro, porque a palavra morte não combina com você, meu coração acredita que você apenas viajou, que me espera e que em breve nos reencontraremos...
Enquanto isso, vou buscar nossas lembranças e registrá-las para que eu e nossos filhos sempre saibamos o que é felicidade, que ela existe! Para que naquele domingo triste e melancólico eu possa abrir o nosso livro e reviver a nossa história.
Te amo, te busco, te espero...
Você meio tímido, me segurou pela mão já tarde da noite em um festival de rock... eu imaginei que seria apenas um namorico de faculdade, mas foi um encontro de almas! Nós nos abraçamos para nunca mais nos largar! Foi lindo, como a nossa história... Algumas lembranças parecem embaçadas, foram 12 anos muito bem vividos, cheios de boas recordacoes, é difícil saber quais são as primeiras, quais foram as últimas...
Mas eu me esforço e tudo começa a voltar como se o tempo não tivesse passado... Fecho os olhos, vejo você chegando ao festival e me olhando, enquanto eu recolhia os bilhetes na portaria. Eu já sabia das suas intenções, foi um encontro armado por um cupido chamado Valéria. Eu sempre o vi pelo Campus da UFV, mas nunca nos falamos. Acho que minha memória mais antiga é a de você sentado com os amigos no bar do DCE, tomando limonada suíça... depois vem você de bicicleta indo para o Laboratório de Informática, onde fizemos nosso primeiro contato. Você era monitor, eu aluna sem nenhuma experiência com as máquinas. O nosso olhar não se cruzou ali, mas mais tarde você me confessou que foi até a recepção ver minha carteirinha de estudante para confirmar meu nome, saber meu curso...
Você na biblioteca também me remete para uma época em que nós éramos apenas conhecidos...
Da fila do RU, tenho a recordação de você centrado, mas cheio de amigos e sempre com um sorriso no rosto. Também vejo você nesta mesma fila, em um domingo na hora do almoço, de bermuda e chinelo, com ar de cansado e faminto depois de um feriado acampando. Apesar do cansaço, aquele seu sorriso estava lá. De todas as coisas, é dele que eu sinto mais falta. Tão espontâneo, tão verdadeiro, tão lindo e ao mesmo tempo tão decidido, tão forte! Acho que foi neste dia, na fila do RU, que enxerguei você, minha alma deve ter te reconhecido, porque desde então eu não mais olhei para ninguém... faz tempo, mas parece ontem...
O que aconteceu na sequência foi promovido pelo destino... nosso encontro foi por acaso, consequência de uma brincadeira... você falou sobre mim, eu brinquei sobre você, você pagou para ver e eu não me importei... nasceu um amor, aconteceu um encontro. Minha vida começou a fazer sentido ali, a partir de então eu encontrei o equilíbrio, a felicidade... ali, eu me perguntei: como fui capaz de viver sem você?
No meio de tanta vida, um desencontro aconteceu... Sim! Apenas um desencontro, porque a palavra morte não combina com você, meu coração acredita que você apenas viajou, que me espera e que em breve nos reencontraremos...
Enquanto isso, vou buscar nossas lembranças e registrá-las para que eu e nossos filhos sempre saibamos o que é felicidade, que ela existe! Para que naquele domingo triste e melancólico eu possa abrir o nosso livro e reviver a nossa história.
Te amo, te busco, te espero...
sábado, 29 de abril de 2017
Tantas escolhas, meu bem, tantas decisões eu preciso tomar todos os dias... já te falei que nunca sei se estou no caminho certo, mas preciso resolver, há coisas que não podem esperar... no meio disso tudo, há muitos acertos, inúmeros erros, mas a decisão mais bem tomada, sem dúvida, foi ficar perto da minha família. Nestes últimos 4 meses, precisei mais do que nunca de ajuda e foram tantos imprevistos, mas minha mãe esteve ali, incansável, ao meu lado. Nunca serei capaz de agradecê-la por tamanha dedicação, mesmos nos momentos em que perdi a razão, chorei, apavorei, briguei, fui chata ou inconveniente... foi também nestes momentos, em que não fui a melhor companhia, nem a pessoa mais agradável, que percebi o amor, é nessas horas que separamos o amor da conveniência, do puro interesse ou da aparência...
Graças a Deus, também fizemos bons amigos que me surpreenderam com visitas, mensagens, telefonemas capazes de me resgatar das sombras e me fazer sorrir ou me manter de pé por mais um dia... nestes também reconheci o amor, diferente do que eu sinto por você, mas verdadeiro... sei que você gostaria de agradecer a cada um deles, por isso, eu faço isso por nós. Obrigada àqueles que, muitas vezes não souberam o que dizer, mas foram capazes de estar presentes, de se fazer presentes. Acreditem, eu vivo também por vocês. Eu continuo porque sei que ao meu lado há uma família muito grande (escolhida pelo coração, muito além do sangue) que caminha comigo, eu tenho para onde correr, mesmo que, em meu coração, a bússola aponte apenas para o deserto... saber que há um norte, um abrigo, uma proteção, faz a caminhada menos cansativa, mais leve e, talvez, possível de ser suportada!
Eu sei que de onde você está, meu bem, você sorri em agradecimento e por orgulho dos amigos que fizemos aqui na Terra, lugar apenas de passagem, mas onde construímos o amor. Eu rezo para que nossos filhos encontre amigos como os nossos e sejam capazes de reconhecê-los...
Graças a Deus, também fizemos bons amigos que me surpreenderam com visitas, mensagens, telefonemas capazes de me resgatar das sombras e me fazer sorrir ou me manter de pé por mais um dia... nestes também reconheci o amor, diferente do que eu sinto por você, mas verdadeiro... sei que você gostaria de agradecer a cada um deles, por isso, eu faço isso por nós. Obrigada àqueles que, muitas vezes não souberam o que dizer, mas foram capazes de estar presentes, de se fazer presentes. Acreditem, eu vivo também por vocês. Eu continuo porque sei que ao meu lado há uma família muito grande (escolhida pelo coração, muito além do sangue) que caminha comigo, eu tenho para onde correr, mesmo que, em meu coração, a bússola aponte apenas para o deserto... saber que há um norte, um abrigo, uma proteção, faz a caminhada menos cansativa, mais leve e, talvez, possível de ser suportada!
Eu sei que de onde você está, meu bem, você sorri em agradecimento e por orgulho dos amigos que fizemos aqui na Terra, lugar apenas de passagem, mas onde construímos o amor. Eu rezo para que nossos filhos encontre amigos como os nossos e sejam capazes de reconhecê-los...
sexta-feira, 28 de abril de 2017
Tanta saudade, tanta falta, tanta angústia existe no meu peito... existia antes tanto amor em mim, por mim, para mim...
Sabe?! O tempo não é nada bom quando o que sentimos é saudade, é falta... cada dia sem você é uma tortura, um lembrete da findada felicidade, dizendo que não há mais aquela vida, aqueles sonhos, aquele casal... que não há mais "eu", deixei de existir...
Estranho voltar para um lugar que já fora seu lar, mas não reconhecê-lo. De repente, você percebe que não pertence mais a nada, não é nada, não significa nada... ao mesmo tempo, as lembranças de quem você foi parecem não existir mais, é como se eu nunca tivesse saído daqui, é como se eu tivesse voltado para antes de te conhecer... isso dói, mas dói muito fundo, dói agudo...
Me pergunto por que Deus me deu você, me mostrou o que é o amor, a felicidade e me tirou sem ao menos me dar a chance de negociar... não consigo explicação...
Meu Deus! Como pode doer tanto? Como posso seguir, como posso sorrir? Como posso viver?
O jeito como você segurava minha cintura, como me dava as mãos, como cuidava da gente... tudo faz falta. Mas o que mais me falta é ver seu sorriso, ver sua alegria, sua felicidade...
Eu só sei sentir sua falta, sinto muito por tudo que você não pode presenciar e que te faria tão feliz... a risada da Júlia ou a expressão de decepção que ela esboça quando a impedimos de fazer alguma arte... a alegria em receber os primeiros trabalhos da escola, a preocupação com o primeiro relatório, ela é boa em muitas coisas, mas, como todo mundo, precisa melhorar em outros...
O orgulho do nosso pequeno gigante! Esse menino é uma rocha, meu bem. Enfrentou tanta coisa, sozinho e eu ainda consigo sentir mais orgulho dele a cada dia que passa... você falaria dele para todos, contaria suas conquistas e deixaria seus olhos brilharem.
Tenho ainda tanta felicidade projetada por nós 2 para colher... acontece que essa colheita sem você perde totalmente a graça ...💔
Eu olho para você toda hora, eu penso em você a todo instante. Eu me pergunto se de fato aconteceu. Eu me pergunto por que aconteceu. Eu luto para não me perder no caminho, para não abandonar os sonhos que tivemos para nossa família, mas a verdade é que eu me vejo fazendo coisas que eu jurei jamais fazer, educar é muito difícil e você me falta mais que tudo...
Eu sempre soube que minha felicidade, minha força e minha motivação estavam atreladas a você... sem você, ficou pouco, quase nada...
Eu só espero que acabe logo e que nosso reencontro seja em breve... só assim poderei me reencontrar!
Sabe?! O tempo não é nada bom quando o que sentimos é saudade, é falta... cada dia sem você é uma tortura, um lembrete da findada felicidade, dizendo que não há mais aquela vida, aqueles sonhos, aquele casal... que não há mais "eu", deixei de existir...
Estranho voltar para um lugar que já fora seu lar, mas não reconhecê-lo. De repente, você percebe que não pertence mais a nada, não é nada, não significa nada... ao mesmo tempo, as lembranças de quem você foi parecem não existir mais, é como se eu nunca tivesse saído daqui, é como se eu tivesse voltado para antes de te conhecer... isso dói, mas dói muito fundo, dói agudo...
Me pergunto por que Deus me deu você, me mostrou o que é o amor, a felicidade e me tirou sem ao menos me dar a chance de negociar... não consigo explicação...
Meu Deus! Como pode doer tanto? Como posso seguir, como posso sorrir? Como posso viver?
O jeito como você segurava minha cintura, como me dava as mãos, como cuidava da gente... tudo faz falta. Mas o que mais me falta é ver seu sorriso, ver sua alegria, sua felicidade...
Eu só sei sentir sua falta, sinto muito por tudo que você não pode presenciar e que te faria tão feliz... a risada da Júlia ou a expressão de decepção que ela esboça quando a impedimos de fazer alguma arte... a alegria em receber os primeiros trabalhos da escola, a preocupação com o primeiro relatório, ela é boa em muitas coisas, mas, como todo mundo, precisa melhorar em outros...
O orgulho do nosso pequeno gigante! Esse menino é uma rocha, meu bem. Enfrentou tanta coisa, sozinho e eu ainda consigo sentir mais orgulho dele a cada dia que passa... você falaria dele para todos, contaria suas conquistas e deixaria seus olhos brilharem.
Tenho ainda tanta felicidade projetada por nós 2 para colher... acontece que essa colheita sem você perde totalmente a graça ...💔
Eu olho para você toda hora, eu penso em você a todo instante. Eu me pergunto se de fato aconteceu. Eu me pergunto por que aconteceu. Eu luto para não me perder no caminho, para não abandonar os sonhos que tivemos para nossa família, mas a verdade é que eu me vejo fazendo coisas que eu jurei jamais fazer, educar é muito difícil e você me falta mais que tudo...
Eu sempre soube que minha felicidade, minha força e minha motivação estavam atreladas a você... sem você, ficou pouco, quase nada...
Eu só espero que acabe logo e que nosso reencontro seja em breve... só assim poderei me reencontrar!
quarta-feira, 19 de abril de 2017
Feliz Páscoa? É esse o desejo de muitos para mim... sei que é de coração, mas o significado dessa palavra tornou-se vazio para mim. Dizemos feliz aniversário, feliz Natal, feliz Ano Novo, feliz, feliz...
Não tem como ser feliz sem você, meu bem.
Eu sei que se você pudesse falar comigo diria: "aconteceu, não tem como mudar, a vida não pode parar, siga! Levante a cabeça, viva!" Por vezes, ouço sua voz e sinto uma força, um ânimo, uma vontade de fazer a diferença... mas dura apenas segundos...
E eu volto para o início pela milésima vez... acordar é recomeçar todos os dias! Dá um trabalho danado!Se pudesse, eu apenas dormia...
Não tem como ser feliz sem você, meu bem.
Eu sei que se você pudesse falar comigo diria: "aconteceu, não tem como mudar, a vida não pode parar, siga! Levante a cabeça, viva!" Por vezes, ouço sua voz e sinto uma força, um ânimo, uma vontade de fazer a diferença... mas dura apenas segundos...
E eu volto para o início pela milésima vez... acordar é recomeçar todos os dias! Dá um trabalho danado!Se pudesse, eu apenas dormia...
domingo, 16 de abril de 2017
Ando tão cansada, meu bem. Não é só cansaço físico, é mental também... por mais que os dias sejam duros, eu tenho dado conta, mas à noite, quando todos dormem, eu sinto falta de dividir o meu dia com você, sinto falta de algo que recarregue minhas forças, sinto falta de uma vida minha, resumindo, sinto falta de você...
Como eu era feliz! Meu Deus! Eu poderia passar horas falando da minha felicidade, mas o buraco que ficou no lugar é maior que tudo...
As palavras têm me fugido, a raiva tem cedido espaço à apatia...
Eu tenho muito a agradecer, mas estranhamente me falta tudo, porque com você estavam todos meus sonhos... eu estou cansada de ser sozinha...
Me lembro de uma madrugada no quarto da Júlia. Enquanto cuidávamos dela e reclamávamos do cansaço, eu comentei: imagina passar por isso sozinha? Você concordou e acrescentou que pais/mães " solteiros" eram realmente heróis...
Ironia do destino, hoje eu me encontro sozinha com 2 bebês. Nas madrugadas em claro, ando pela casa e olho suas fotos, sinto sua falta e lembro dessa nossa conversar. Meu coração palpita, será que já estava mesmo tudo programado? Será que poderíamos ter evitado?
A verdade é que essa resposta ninguém tem. Enquanto isso, eu sigo fazendo com uma mão aquilo que eu não conseguia antes fazer com as duas. Eu mudei bastante, não há dúvida, me tornei mais forte, porém menos feliz. Decepcionei-me com pessoas, mas surpreendi-me com tantas outras que, sinceramente, as decepções deixaram de significar... aprendi que amor e dedicação não necessariamente estão ligados à família ou amigos, muito menos pode ser por obrigação, vêm de onde menos se espera, às vezes de desconhecidos, mas é também muito gostoso quando esperamos e somos atendidos...
De tudo isso fica uma grande lição, aprendida com uma amiga que me veio por acaso, destino, uma amiga que nunca me viu, mas que enxerga minha alma: não podemos exigir das pessoas aquilo que elas não podem nos dar, aquilo que elas não têm...
Mas, enfim, não se trata das pessoas, mas de nós dois. Duas almas, dois corações. Dois sonhos. Um amor. A mesma história. A mesma vida. É como se a minha vida não existisse mais e, ao mesmo tempo, sua vida estivesse comigo, dependesse da minha...
Como eu era feliz! Meu Deus! Eu poderia passar horas falando da minha felicidade, mas o buraco que ficou no lugar é maior que tudo...
As palavras têm me fugido, a raiva tem cedido espaço à apatia...
Eu tenho muito a agradecer, mas estranhamente me falta tudo, porque com você estavam todos meus sonhos... eu estou cansada de ser sozinha...
Me lembro de uma madrugada no quarto da Júlia. Enquanto cuidávamos dela e reclamávamos do cansaço, eu comentei: imagina passar por isso sozinha? Você concordou e acrescentou que pais/mães " solteiros" eram realmente heróis...
Ironia do destino, hoje eu me encontro sozinha com 2 bebês. Nas madrugadas em claro, ando pela casa e olho suas fotos, sinto sua falta e lembro dessa nossa conversar. Meu coração palpita, será que já estava mesmo tudo programado? Será que poderíamos ter evitado?
A verdade é que essa resposta ninguém tem. Enquanto isso, eu sigo fazendo com uma mão aquilo que eu não conseguia antes fazer com as duas. Eu mudei bastante, não há dúvida, me tornei mais forte, porém menos feliz. Decepcionei-me com pessoas, mas surpreendi-me com tantas outras que, sinceramente, as decepções deixaram de significar... aprendi que amor e dedicação não necessariamente estão ligados à família ou amigos, muito menos pode ser por obrigação, vêm de onde menos se espera, às vezes de desconhecidos, mas é também muito gostoso quando esperamos e somos atendidos...
De tudo isso fica uma grande lição, aprendida com uma amiga que me veio por acaso, destino, uma amiga que nunca me viu, mas que enxerga minha alma: não podemos exigir das pessoas aquilo que elas não podem nos dar, aquilo que elas não têm...
Mas, enfim, não se trata das pessoas, mas de nós dois. Duas almas, dois corações. Dois sonhos. Um amor. A mesma história. A mesma vida. É como se a minha vida não existisse mais e, ao mesmo tempo, sua vida estivesse comigo, dependesse da minha...
quinta-feira, 13 de abril de 2017
Ai meu bem,
Volta para nós! Preciso da sua mão e do seu sorriso...
Preciso de algo que conforte meu coração. Preciso de ajuda para educar as crianças e mostrar para elas a beleza da vida...
Não suporto mais ficar sozinha...
Olho para o pequeno Bruno e vejo você, vejo a semelhança e agradeço por poder te ver nele; olho para a Juju e te reconheço nela, vejo sua energia, curiosidade, esperteza e teimosia... sim! Você sempre foi teimoso e me vencia pelo cansaço, eu acabava fazendo tudo do seu jeito, mas nunca me arrependi, tudo que você planejava, dava certo, brilhava...
Eu luto para continuar fazendo do seu jeito, mas não sei se estou conseguindo. Sempre penso no que você diria em certas ocasiões, mas, na verdade, eu queria ouvir sua voz, eu queria sentir a segurança que sentia ao seu lado. Quando penso no que perdi, no que perdemos, eu beiro à loucura... eu quero fugir para longe, mas como me disse um amigo, "isso não resolveria, porque meu coração e minha dor fugiriam junto comigo..."
Nessas horas, preciso reunir toda a força do mundo e buscar minhas lembranças mais felizes para recuperar o equilíbrio... essa tem sido minha forma de enfrentar, de lutar, de vencer... o estranho é que eu não sei contra o que luto, apenas luto para continuar viva...
Volta para nós! Preciso da sua mão e do seu sorriso...
Preciso de algo que conforte meu coração. Preciso de ajuda para educar as crianças e mostrar para elas a beleza da vida...
Não suporto mais ficar sozinha...
Olho para o pequeno Bruno e vejo você, vejo a semelhança e agradeço por poder te ver nele; olho para a Juju e te reconheço nela, vejo sua energia, curiosidade, esperteza e teimosia... sim! Você sempre foi teimoso e me vencia pelo cansaço, eu acabava fazendo tudo do seu jeito, mas nunca me arrependi, tudo que você planejava, dava certo, brilhava...
Eu luto para continuar fazendo do seu jeito, mas não sei se estou conseguindo. Sempre penso no que você diria em certas ocasiões, mas, na verdade, eu queria ouvir sua voz, eu queria sentir a segurança que sentia ao seu lado. Quando penso no que perdi, no que perdemos, eu beiro à loucura... eu quero fugir para longe, mas como me disse um amigo, "isso não resolveria, porque meu coração e minha dor fugiriam junto comigo..."
Nessas horas, preciso reunir toda a força do mundo e buscar minhas lembranças mais felizes para recuperar o equilíbrio... essa tem sido minha forma de enfrentar, de lutar, de vencer... o estranho é que eu não sei contra o que luto, apenas luto para continuar viva...
sábado, 8 de abril de 2017
É que tem dias escuros demais, meu bem, quando a saudade dói mais forte, e a vontade de desistir é maior que tudo. Mas aí você percebe que não pode parar simplesmente, porque não há o que se pode fazer... e isso, exatamente isso, nos torna mais tristes... não há esperança, não há pelo que lutar, já está feito, não há volta, não há reparo... eu só queria ter tido a chance de lutar, e eu lutaria feito louca, como você lutou por nós, para nós...
Hoje faz 6 meses...
Foi num sábado lindo no meio da tarde...
Eu ainda estou lá, eu fiquei lá. Sou apenas uma mínima porcentagem do que fui...
Dói muito perceber que mudamos tanto sem querer, que fomos forcados... obrigados...
Seu sorriso cheio de luz ainda me diz que não acabou, mas no meu coração há uma escuridão própria de quem perdeu sua melhor parte, seu maior sonho, o sentido da vida...
Hoje faz 6 meses...
Foi num sábado lindo no meio da tarde...
Eu ainda estou lá, eu fiquei lá. Sou apenas uma mínima porcentagem do que fui...
Dói muito perceber que mudamos tanto sem querer, que fomos forcados... obrigados...
Seu sorriso cheio de luz ainda me diz que não acabou, mas no meu coração há uma escuridão própria de quem perdeu sua melhor parte, seu maior sonho, o sentido da vida...
quinta-feira, 6 de abril de 2017
Perdi o sono, meu bem. Isso ainda acontece! Mesmo ele não sendo muito frequente por aqui devido às mamadas, algumas lembranças, congelam minha alma, esfaqueiam meu estômago, esmagam meu coração... algumas frases, algumas fotos, alguns comentários me fazem faltar o ar.
Eu ainda espero você voltar, eu ainda uso seu desodorante, eu ainda cheiro suas roupas, afago suas meias, olho suas gavetas, ajeito suas camisas no cabide, eu ainda penso em você a cada refeição, a cada vez que cozinho, eu ainda não consegui tomar cerveja ou vinho, suas bebidas preferidas, eu ainda sinto dor ao comer um doce sem poder te oferecer um pouco, você ainda é a primeira pessoa para quem quero contar sobre as descobertas dos nossos filhos, eu ainda mantenho o seu número salvo na memória do celular, eu ainda te mando mensagens, eu ainda não sei o que fazer, eu ainda não acredito, eu ainda choro, choro muito e finjo que está tudo bem, eu ainda não sei que resposta dar para quem me diz para ser forte, mas complementa dizendo que se fosse com ela não aguentaria, eu ainda não sei se quero continuar, eu ainda quero dormir e não acordar, eu ainda duvido do destino e acredito no acaso, eu ainda quero te encher de orgulho, eu ainda tenho muito orgulho de ser sua esposa, eu ainda tenho medo de enlouquecer sem você, eu ainda não acredito que estou de pé, que estou dando conta das crianças...
Eu só acredito que você pode me ouvir, que nossos corações se conectam, conversam e se acalmam...
Eu te amo e sinto mais falta de você do que de mim, de quem fui, de quem sonhei ser... eu abriria mão da minha vida se fosse para você continuar sonhando, vivendo, realizando...
Eu ainda espero você voltar, eu ainda uso seu desodorante, eu ainda cheiro suas roupas, afago suas meias, olho suas gavetas, ajeito suas camisas no cabide, eu ainda penso em você a cada refeição, a cada vez que cozinho, eu ainda não consegui tomar cerveja ou vinho, suas bebidas preferidas, eu ainda sinto dor ao comer um doce sem poder te oferecer um pouco, você ainda é a primeira pessoa para quem quero contar sobre as descobertas dos nossos filhos, eu ainda mantenho o seu número salvo na memória do celular, eu ainda te mando mensagens, eu ainda não sei o que fazer, eu ainda não acredito, eu ainda choro, choro muito e finjo que está tudo bem, eu ainda não sei que resposta dar para quem me diz para ser forte, mas complementa dizendo que se fosse com ela não aguentaria, eu ainda não sei se quero continuar, eu ainda quero dormir e não acordar, eu ainda duvido do destino e acredito no acaso, eu ainda quero te encher de orgulho, eu ainda tenho muito orgulho de ser sua esposa, eu ainda tenho medo de enlouquecer sem você, eu ainda não acredito que estou de pé, que estou dando conta das crianças...
Eu só acredito que você pode me ouvir, que nossos corações se conectam, conversam e se acalmam...
Eu te amo e sinto mais falta de você do que de mim, de quem fui, de quem sonhei ser... eu abriria mão da minha vida se fosse para você continuar sonhando, vivendo, realizando...
terça-feira, 4 de abril de 2017
Meu bem, há coisas que só podem ser planejadas por você para saírem assim tão perfeitas...
É sábado, pela primeira vez estou sozinha com os dois em casa, pensei que fosse enlouquecer, que não daria conta, mas encarei como venho fazendo com muitos desafios diários. Júlia acordou cedo, antes das 7h, Bruno já estava com os olhos aberto antes das 6h... eu? Não sei dizer quantas horas dormi, você deve lembrar como é ter um bebê em casa; a gente dorme se der, de olhos abertos,e só come se colocarem na nossa boca... enfim, começamos o dia, sem que eu ao menos conseguisse ir ao banheiro ou escovar os dentes. Trocar de roupa? Ah, isso é artigo de luxo nessa altura do campeonato... Enquanto Bruno mamava repetidamente, consegui sentar Juju no cadeirão e lhe servir o café da manhã. Com uma mão apenas coloquei a cafeteira para funcionar sem saber se conseguiria tomar o café...
Bruno não consuma dormir pela manhã, tem cólicas neste horário e passa o tempo todo no colo... mas hoje foi diferente, ele dormiu o suficiente para que eu tomasse café, varresse casa, cuidasse da Ju e até colocasse roupa no varal. Enquanto isso, Juju assistia à Peppa pela milésima vez... reparei que ela decorou algumas falas e as reproduz no momento exato junto com os personagens... achei graça e imaginei você comigo, sua reação, sua alegria em ver nossa pequena crescida, esperta... Bruno chorou exatamente no momento em que terminei as atividades mais urgentes. Hora do banho, sozinha, eu tenho que pensar num jeito de tirá-lo da banheira e enrolá-lo na toalha... fazíamos isso juntos, lembra? Eu dava o banho e te entregava Júlia... você a levava para o quarto com toda a segurança e conforto que só você era capaz de nos proporcionar...
Foi um pouco tenso, Bruno chorou, precisei trocar a água da banheira no meio do banho, Júlia corria pela casa ou tentava subir na banheira para me ajudar...
Depois desse sufoco todo fui para o quintal para gastar a energia da Júlia... enquanto ela brincava, eu pensava em como seria preparar nosso almoço... consegui, Júlia comeu, eu comi em pé, enquanto ninava Bruno...
Eu estava a ponto de enlouquecer, quando Bruno enfim dormiu e Júlia também pediu colo. Coloquei um no berço e peguei o outro... não acreditei quando percebi que os dois dormiam... eu poderia tomar um banho, escovar os dentes ou dormir também... mas pensei em você, senti saudades, vontade de te contar tudo o que aconteceu nestes últimos meses... eu sei que você está conosco, mas ainda assim quero te contar, preciso conversar com você. É como se você me respondesse... eu chego a ouvir sua voz.
É nessas horas que organizo meu pensamento, reflito sobre a vida ou tento achar respostas. É bem verdade que ainda não tive a resposta que procuro, mas encontro pistas de que não estou sozinha, que há um universo que funciona em sintonia, há algo divino que ordena e reordena as coisas.
Recentemente fui ao INSS, dar entrada na licença maternidade. A sensação de estar sozinha sempre me acompanha nessas horas, sem Júlia, sem Bruno, sem você, mergulho numa sensação de angústia, de certeza de que o mundo é uma grande armadilha...
Sentada, esperando minha vez no atendimento, reparei em uma atendente: uma senhora, com fisionomia fechada, cara de poucos amigos como costumam ser muitos funcionários públicos que ocupam o cargo por longos períodos. Olhei para minha senha e desejei não ser atendida por ela. Para minha infeliz (ou feliz) surpresa, percebi que meu desejo não se realizaria quando o monitor mostrou o número do guichê de meu atendimento. Levantei-me rápido e caminhei apressada com medo de ser repreendida por demorar. Sentei-me à sua frente, mas tive medo de encará-la. Ela não sorriu, apenas me fez perguntas secas enquanto buscava informações sobre mim no computador. Enquanto isso, reparei que ela usava uma aliança na correntinha do pescoço. Entendi que ela era viúva e me perguntei há quanto tempo.
Seria esse o motivo da tristeza e frieza que eu via em seu olhar?
Não demorou para ela me mostrar que eu estava errada a seu respeito. Ao pedir ajuda a um colega para resolver o meu caso, ele sugeriu que eu seria aposentada, mas ela prontamente o corrigiu e acrescentou um infelizmente. Ela me olhou nos olhos e me pediu desculpas.
Eu não sabia, mas em seus arquivos está toda a nossa vida. Ela sabia a minha história, não em detalhes, mas reconhecia a minha dor, sabia o que era necessário. Me contou sobre sua perda, me fez rir e chorar, me fez refletir e perceber que nossos olhos não são capazes de enxergar o que de fato importa. Nossa conversa foi uma das mais reconfortantes que tive nos últimos 5 meses, e foi com uma desconhecida, alguém que entendeu meu coração e conversou com minha alma. Ela não sabe, mas eu saí dali um pouco menos triste e mais forte que entrei, com a sensação de que aquele encontro foi providencial e que eu não estou sozinha como acreditei. Ali no INSS, foi a Verinha que me serviu de apoio, mas existem tantos outros amigos, conhecidos, desconhecidos que me amparam em momentos de desespero que eu só posso acreditar que você está comigo, usando as pessoas e colocando apenas as certas no meu caminho. Deve dar trabalho rearranjar e ordenar o caos para me ensinar, me consolar, mas acredite, se há um propósito para tudo isso que estamos passando, eu vou descobrir e vou fazer valer a pena. Você vai ver, eu vou te rever!
É sábado, pela primeira vez estou sozinha com os dois em casa, pensei que fosse enlouquecer, que não daria conta, mas encarei como venho fazendo com muitos desafios diários. Júlia acordou cedo, antes das 7h, Bruno já estava com os olhos aberto antes das 6h... eu? Não sei dizer quantas horas dormi, você deve lembrar como é ter um bebê em casa; a gente dorme se der, de olhos abertos,e só come se colocarem na nossa boca... enfim, começamos o dia, sem que eu ao menos conseguisse ir ao banheiro ou escovar os dentes. Trocar de roupa? Ah, isso é artigo de luxo nessa altura do campeonato... Enquanto Bruno mamava repetidamente, consegui sentar Juju no cadeirão e lhe servir o café da manhã. Com uma mão apenas coloquei a cafeteira para funcionar sem saber se conseguiria tomar o café...
Bruno não consuma dormir pela manhã, tem cólicas neste horário e passa o tempo todo no colo... mas hoje foi diferente, ele dormiu o suficiente para que eu tomasse café, varresse casa, cuidasse da Ju e até colocasse roupa no varal. Enquanto isso, Juju assistia à Peppa pela milésima vez... reparei que ela decorou algumas falas e as reproduz no momento exato junto com os personagens... achei graça e imaginei você comigo, sua reação, sua alegria em ver nossa pequena crescida, esperta... Bruno chorou exatamente no momento em que terminei as atividades mais urgentes. Hora do banho, sozinha, eu tenho que pensar num jeito de tirá-lo da banheira e enrolá-lo na toalha... fazíamos isso juntos, lembra? Eu dava o banho e te entregava Júlia... você a levava para o quarto com toda a segurança e conforto que só você era capaz de nos proporcionar...
Foi um pouco tenso, Bruno chorou, precisei trocar a água da banheira no meio do banho, Júlia corria pela casa ou tentava subir na banheira para me ajudar...
Depois desse sufoco todo fui para o quintal para gastar a energia da Júlia... enquanto ela brincava, eu pensava em como seria preparar nosso almoço... consegui, Júlia comeu, eu comi em pé, enquanto ninava Bruno...
Eu estava a ponto de enlouquecer, quando Bruno enfim dormiu e Júlia também pediu colo. Coloquei um no berço e peguei o outro... não acreditei quando percebi que os dois dormiam... eu poderia tomar um banho, escovar os dentes ou dormir também... mas pensei em você, senti saudades, vontade de te contar tudo o que aconteceu nestes últimos meses... eu sei que você está conosco, mas ainda assim quero te contar, preciso conversar com você. É como se você me respondesse... eu chego a ouvir sua voz.
É nessas horas que organizo meu pensamento, reflito sobre a vida ou tento achar respostas. É bem verdade que ainda não tive a resposta que procuro, mas encontro pistas de que não estou sozinha, que há um universo que funciona em sintonia, há algo divino que ordena e reordena as coisas.
Recentemente fui ao INSS, dar entrada na licença maternidade. A sensação de estar sozinha sempre me acompanha nessas horas, sem Júlia, sem Bruno, sem você, mergulho numa sensação de angústia, de certeza de que o mundo é uma grande armadilha...
Sentada, esperando minha vez no atendimento, reparei em uma atendente: uma senhora, com fisionomia fechada, cara de poucos amigos como costumam ser muitos funcionários públicos que ocupam o cargo por longos períodos. Olhei para minha senha e desejei não ser atendida por ela. Para minha infeliz (ou feliz) surpresa, percebi que meu desejo não se realizaria quando o monitor mostrou o número do guichê de meu atendimento. Levantei-me rápido e caminhei apressada com medo de ser repreendida por demorar. Sentei-me à sua frente, mas tive medo de encará-la. Ela não sorriu, apenas me fez perguntas secas enquanto buscava informações sobre mim no computador. Enquanto isso, reparei que ela usava uma aliança na correntinha do pescoço. Entendi que ela era viúva e me perguntei há quanto tempo.
Seria esse o motivo da tristeza e frieza que eu via em seu olhar?
Não demorou para ela me mostrar que eu estava errada a seu respeito. Ao pedir ajuda a um colega para resolver o meu caso, ele sugeriu que eu seria aposentada, mas ela prontamente o corrigiu e acrescentou um infelizmente. Ela me olhou nos olhos e me pediu desculpas.
Eu não sabia, mas em seus arquivos está toda a nossa vida. Ela sabia a minha história, não em detalhes, mas reconhecia a minha dor, sabia o que era necessário. Me contou sobre sua perda, me fez rir e chorar, me fez refletir e perceber que nossos olhos não são capazes de enxergar o que de fato importa. Nossa conversa foi uma das mais reconfortantes que tive nos últimos 5 meses, e foi com uma desconhecida, alguém que entendeu meu coração e conversou com minha alma. Ela não sabe, mas eu saí dali um pouco menos triste e mais forte que entrei, com a sensação de que aquele encontro foi providencial e que eu não estou sozinha como acreditei. Ali no INSS, foi a Verinha que me serviu de apoio, mas existem tantos outros amigos, conhecidos, desconhecidos que me amparam em momentos de desespero que eu só posso acreditar que você está comigo, usando as pessoas e colocando apenas as certas no meu caminho. Deve dar trabalho rearranjar e ordenar o caos para me ensinar, me consolar, mas acredite, se há um propósito para tudo isso que estamos passando, eu vou descobrir e vou fazer valer a pena. Você vai ver, eu vou te rever!
sexta-feira, 31 de março de 2017
Hoje vi uma cena que me fez sentir dor mais uma vez, não por mim, mas por você, meu bem.
Na saída da escola, vi um avô de mãos dadas com seu netinho, eles estavam tão orgulhosos... avô e neto! Você seria o melhor avô deste mundo...
Você foi tão bom em tanta coisa...para tanta gente... e a vida não pôde te retribuir...
Ainda fecho os olhos e mergulho na nossa vida juntos, vivo nossos sonhos, espero você voltar. Há um vazio que me consome, é a sua falta, é o lugar que você ocupava na minha vida reclamando sua ausência, ele é tão grande e costumava estar tão completo... não sei o que fazer, meu amor, tudo parece injusto sem você. Eu quero acreditar, quero ter certeza de que vou te reencontrar, eu preciso dessa crença, mas a verdade é que ela insiste em fugir de mim... eu invejo quem não duvida, me aproximo dessas pessoas... quero compartilhar dessa crença!
Há mais de 5 meses você não está mais conosco. Foi repentino, foi inesperado, mas tudo que você sonhou e construiu ficou. Eu queria ter o poder de voltar no tempo, (só Deus sabe como desejo isso) e refazer nossa história, trabalhar menos, viajar mais, dormir mais, comer mais, inclusive chocolate e brigadeiro, tomar mais vinho... dançar mais! Não posso! Só posso seguir ou desistir... desistir significa deixar nossos filhos, nosso projeto mais lindo, mais sonhado...
Na saída da escola, vi um avô de mãos dadas com seu netinho, eles estavam tão orgulhosos... avô e neto! Você seria o melhor avô deste mundo...
Você foi tão bom em tanta coisa...para tanta gente... e a vida não pôde te retribuir...
Ainda fecho os olhos e mergulho na nossa vida juntos, vivo nossos sonhos, espero você voltar. Há um vazio que me consome, é a sua falta, é o lugar que você ocupava na minha vida reclamando sua ausência, ele é tão grande e costumava estar tão completo... não sei o que fazer, meu amor, tudo parece injusto sem você. Eu quero acreditar, quero ter certeza de que vou te reencontrar, eu preciso dessa crença, mas a verdade é que ela insiste em fugir de mim... eu invejo quem não duvida, me aproximo dessas pessoas... quero compartilhar dessa crença!
Há mais de 5 meses você não está mais conosco. Foi repentino, foi inesperado, mas tudo que você sonhou e construiu ficou. Eu queria ter o poder de voltar no tempo, (só Deus sabe como desejo isso) e refazer nossa história, trabalhar menos, viajar mais, dormir mais, comer mais, inclusive chocolate e brigadeiro, tomar mais vinho... dançar mais! Não posso! Só posso seguir ou desistir... desistir significa deixar nossos filhos, nosso projeto mais lindo, mais sonhado...
segunda-feira, 27 de março de 2017
Meu bem,
É possivel sentir tristeza no meio de um milagre?
Nosso bebê venceu, voltou para casa, está curado... mas a tristeza que tenho no peito parece ter se multiplicado...
Queria sumir, me esconder! Eu estou tentando, estou lutando com todas as forças... peço a Deus que me sustente, que me mantenha saudável para que eu possa ser exemplo para os nossos filhos, que eu consiga educá-los tão bem como planejamos, que eu seja capaz de vibrar com suas vitórias, mas a verdade é que eu me perco quando eles dormem... quando fico sozinha eu sinto que não posso suportar...
Eu quis ficar sozinha, quis me isolar; agora, preciso estar rodeada de pessoas para não enlouquecer...
Meu bem, eu me sinto presa a uma vida que não é a que sonhei... queria tanto que você pudesse me olhar nos olhos, segurar minha mão e dizer o que fazer... como fazer? Eu sei que você gostaria de me ver bem, não suportaria me ver sofrendo, assim como eu não suportaria sua dor, mas às vezes, como agora, eu não dou conta de seguir... e há tanto por fazer...
É possivel sentir tristeza no meio de um milagre?
Nosso bebê venceu, voltou para casa, está curado... mas a tristeza que tenho no peito parece ter se multiplicado...
Queria sumir, me esconder! Eu estou tentando, estou lutando com todas as forças... peço a Deus que me sustente, que me mantenha saudável para que eu possa ser exemplo para os nossos filhos, que eu consiga educá-los tão bem como planejamos, que eu seja capaz de vibrar com suas vitórias, mas a verdade é que eu me perco quando eles dormem... quando fico sozinha eu sinto que não posso suportar...
Eu quis ficar sozinha, quis me isolar; agora, preciso estar rodeada de pessoas para não enlouquecer...
Meu bem, eu me sinto presa a uma vida que não é a que sonhei... queria tanto que você pudesse me olhar nos olhos, segurar minha mão e dizer o que fazer... como fazer? Eu sei que você gostaria de me ver bem, não suportaria me ver sofrendo, assim como eu não suportaria sua dor, mas às vezes, como agora, eu não dou conta de seguir... e há tanto por fazer...
quinta-feira, 23 de março de 2017
Meu bem, tanta coisa para te contar! Tanto amor para dividir com você! Tantos amigos que a vida me deu! Tantas descobertas! Tanto aprendizado! E eu aqui, sem acreditar que você não vai mais voltar... não vai mais me responder, não vai mais me sorrir, não vai mais me estender a mão, não vai mais andar ao meu lado nesta jornada...
Ainda parece um pesadelo, ainda dói na mesma intensidade, ainda estou perdida... preciso te achar! Me encontre! Quero conversar, sorrir, te abraçar... nem que seja só um
Sonho.
Ainda parece um pesadelo, ainda dói na mesma intensidade, ainda estou perdida... preciso te achar! Me encontre! Quero conversar, sorrir, te abraçar... nem que seja só um
Sonho.
domingo, 19 de março de 2017
Alegria e tristeza! Tão difícil conviver nesta antítese.... sou alegre porque tive você, sou triste porque não te tenho mais; sou alegre porque realizei meus sonhos, sou triste porque não consigo mais sonhar; sou alegre porque tenho amigos, inúmeros, mas sou triste por eles não terem sua companhia; sou alegre porque tenho dois filhos amados, sou triste por você não poder senti-los; sou alegre por poder sentir o vento no rosto, sou triste por você não poder experimentar inúmeras sensações, sou alegre porque descobri que existem milhares de pessoas cujo coração é puro e caridoso, sou triste por você não ter conhecido muitas delas; sou alegre porque tenho lembranças, sou triste por não poder construir novas; sou alegre porque estou diante de um milagre ( nosso filho), sou triste porque não posso compartilhar com você minha alegria...
quinta-feira, 16 de março de 2017
Tem dias que volto ao início de todo o pesadelo, tem dias horríveis, tem dias ruins, tem dias amenos, mornos... mas dias felizes, esses não existem mais...
São 17:30h, uma das horas mais tristes do dia. Era a hora a partir da qual você costumava chegar em casa. Eu me lembro do cheiro do café que eu fazia para te esperar, eu consigo senti-lo. É cheiro de felicidade, era a melhor hora do dia.
A lembrança mais forte que tenho sua é a de você entrando em casa, tirando a camisa de dentro da calça, sorrindo e me beijando, me segurando pela cintura no meio da cozinha, enquanto encostava seu nariz no meu. Eu posso sentir seu calor, seu cheiro... nossa hora! Conversávamos sobre tudo! Nunca me lembro de termos ficado sem assunto, não havia melhor companhia no mundo... nós dois nos divertíamos sempre, em qualquer lugar.
Lembro-me de você dançando sem nenhuma vergonha, lembro de você me rodando pelo salão no último baile a que fomos. Nos divertimos tanto! Estávamos tão felizes com a gravidez recém-descoberta! Não podíamos ainda contar para ninguém, muito cedo... mas a vontade de gritar para o mundo que havíamos sido abençoados pela segunda vez era imensa. A gente olhava para as pessoas querendo contar, nos contendo, jogando indiretas... as pessoas devem ter percebido algo diferente no seu olhar, devem ter me achado meio estranha, tentando murchar a barriga numa tentativa de não revelar...
Se eu soubesse que aquele seria nosso último passeio a dois, a namorar, a dançar juntos... ah, eu teria feito tudo igual! Te amo ao infinito e além!
São 17:30h, uma das horas mais tristes do dia. Era a hora a partir da qual você costumava chegar em casa. Eu me lembro do cheiro do café que eu fazia para te esperar, eu consigo senti-lo. É cheiro de felicidade, era a melhor hora do dia.
A lembrança mais forte que tenho sua é a de você entrando em casa, tirando a camisa de dentro da calça, sorrindo e me beijando, me segurando pela cintura no meio da cozinha, enquanto encostava seu nariz no meu. Eu posso sentir seu calor, seu cheiro... nossa hora! Conversávamos sobre tudo! Nunca me lembro de termos ficado sem assunto, não havia melhor companhia no mundo... nós dois nos divertíamos sempre, em qualquer lugar.
Lembro-me de você dançando sem nenhuma vergonha, lembro de você me rodando pelo salão no último baile a que fomos. Nos divertimos tanto! Estávamos tão felizes com a gravidez recém-descoberta! Não podíamos ainda contar para ninguém, muito cedo... mas a vontade de gritar para o mundo que havíamos sido abençoados pela segunda vez era imensa. A gente olhava para as pessoas querendo contar, nos contendo, jogando indiretas... as pessoas devem ter percebido algo diferente no seu olhar, devem ter me achado meio estranha, tentando murchar a barriga numa tentativa de não revelar...
Se eu soubesse que aquele seria nosso último passeio a dois, a namorar, a dançar juntos... ah, eu teria feito tudo igual! Te amo ao infinito e além!
terça-feira, 14 de março de 2017
Ô meu amor, minha vida, meu bem!
Estou sozinha aqui. Sem as três partes que completam meu coração. Cansada, mas sem vontade de dormir... saudade de você! Falei com tantas pessoas hoje, dei boas notícias para muitos amigos, e é exatamente o que vou fazer com você! Hoje não vou falar de dor, de tristeza, de sofrimento... hoje vou te contar da saudade, da saudade boa, daquelas denunciam como fomos felizes! Eu percebi que a sua falta não é real, não é definitiva, simplesmente porque a saudade me faz te ver em tudo. Parece que cada pedacinho desse mundo me lembra você. Isso é porque vivemos intensamente, é porque não economizamos felicidade... olhar uma montanha, sentir o cheiro da terra, sacolejar numa estada de terra, tomar banho de chuva, sentir o sol no rosto, sorrir, olhar as pessoas nos olhos, uma placa de "vende-se queijo", pinhão na pista, um pé de eucalipto, uma araucária... eu poderia enumerar infinitamente o que me faz lembrar você, você está em tudo, até nas situações que não dão certo, porque é diante delas que preciso ser forte como você me ensinou a ser!
Você está em mim! Eu estou com você!
Estou sozinha aqui. Sem as três partes que completam meu coração. Cansada, mas sem vontade de dormir... saudade de você! Falei com tantas pessoas hoje, dei boas notícias para muitos amigos, e é exatamente o que vou fazer com você! Hoje não vou falar de dor, de tristeza, de sofrimento... hoje vou te contar da saudade, da saudade boa, daquelas denunciam como fomos felizes! Eu percebi que a sua falta não é real, não é definitiva, simplesmente porque a saudade me faz te ver em tudo. Parece que cada pedacinho desse mundo me lembra você. Isso é porque vivemos intensamente, é porque não economizamos felicidade... olhar uma montanha, sentir o cheiro da terra, sacolejar numa estada de terra, tomar banho de chuva, sentir o sol no rosto, sorrir, olhar as pessoas nos olhos, uma placa de "vende-se queijo", pinhão na pista, um pé de eucalipto, uma araucária... eu poderia enumerar infinitamente o que me faz lembrar você, você está em tudo, até nas situações que não dão certo, porque é diante delas que preciso ser forte como você me ensinou a ser!
Você está em mim! Eu estou com você!
sexta-feira, 10 de março de 2017
Hoje, meu bem, senti vontade de compartilhar com você algumas alegrias... senti vontade de ter com quem dividir a felicidade de ter uma filha na melhor fase, na fase de descobertas, de experimentação do mundo...
Seguimos juntas, eu e ela. Brigamos, sorrimos, conversamos... ela vira e mexe me surpreende. Hoje fiquei um tempo observando-a enquanto ela escovava os dentes. Ela sobe no banquinho, que deixei propositalmente perto da pia, e faz todo o ritual como um adulto, na verdade, como eu faço: ela escova se olhando no espelho, força os dentinhos da frente, finge cuspir na pia,esboça gargarejos...
Enquanto eu a observava, reparei o quanto ela mudou e me esbarrei, por acaso, na minha própria mudança. Nós mudamos muito, perdemos a delicadeza e a ingenuidade. Você cuidava de tudo para nós, podíamos ser ingênuas, delicadas, frágeis...
Hoje, essas características já não existem mais, deram espaço a pessoas mais desconfiadas, fortes, decididas... você teria orgulho da Júlia, teria orgulho de mim, apesar de eu ter mudado tanto... Mas teria, sobretudo, orgulho do nosso filho que sofre, mas luta para não nos deixar...
E eu sei que ele vai conseguir, nós vamos conseguir e você vai sentir muito orgulho da sua família...
"Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele.... eu cuidarei do seu jantar, do céu e do mar e de você e de mim..."
Seguimos juntas, eu e ela. Brigamos, sorrimos, conversamos... ela vira e mexe me surpreende. Hoje fiquei um tempo observando-a enquanto ela escovava os dentes. Ela sobe no banquinho, que deixei propositalmente perto da pia, e faz todo o ritual como um adulto, na verdade, como eu faço: ela escova se olhando no espelho, força os dentinhos da frente, finge cuspir na pia,esboça gargarejos...
Enquanto eu a observava, reparei o quanto ela mudou e me esbarrei, por acaso, na minha própria mudança. Nós mudamos muito, perdemos a delicadeza e a ingenuidade. Você cuidava de tudo para nós, podíamos ser ingênuas, delicadas, frágeis...
Hoje, essas características já não existem mais, deram espaço a pessoas mais desconfiadas, fortes, decididas... você teria orgulho da Júlia, teria orgulho de mim, apesar de eu ter mudado tanto... Mas teria, sobretudo, orgulho do nosso filho que sofre, mas luta para não nos deixar...
E eu sei que ele vai conseguir, nós vamos conseguir e você vai sentir muito orgulho da sua família...
"Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele.... eu cuidarei do seu jantar, do céu e do mar e de você e de mim..."
terça-feira, 7 de março de 2017
Ai meu bem,
Hoje eu não quero mais falar, não quero mais ouvir, não quero mais sorrir... hoje está especialmente difícil. Meu coração de mãe anda desconfiado que ainda não acabou... tem muita luta pela frente. A vontade que sinto é de tirar a armadura, me entregar, parar de lutar... estou profundamente ferida.
A dor me mudou, não sou mais a mesma... hoje quis te ligar, precisei de você mais uma vez. Na impossibilidade de te encontrar, pensei como você, fiz como você faria. Agradeci por ter tido você, por você ter me ensinado tanto... agradeci por você, mesmo não estando presente, ter me aproximado de muitas pessoas boas, maravilhosas... ontem recebi uma mensagem que há muito esperava, hoje recebi vídeos, mensagens, áudios de amigos que torcem por nós, acreditam em nós, compartilham conosco a nossa dor. Tem sido assim, as pessoas surgem, as mensagens chegam nas melhores horas, no momento certo. Tem que haver algo divino nessa coincidência toda.
Daqui a pouco é dia 08, dia em que nos conhecemos, mas também o dia em que nos separamos aqui na Terra. Dia feliz e dia triste. Eu não consigo acreditar que já se passaram 5 meses. Eu nunca imaginei conseguir viver sem você por tanto tempo... É tudo tão recente...
Hoje pela primeira vez tive coragem de ouvir música no carro. Coloque no seu repertório salvo no pen drive que não foi retirado do painel, está tudo como você deixou, seus óculos estão no lugar que deveriam estar, sua agenda, suas anotações, sua garrafa de água... tudo lá me lembrando uma vida que eu não quero esquecer... na trilha sonora, Barão Vermelho com "Por você"... memória voou para o dia que descobrimos que Bruninho estava a caminho, a segunda listra ficando rosa enquanto nós dois nos olhávamos pensando no quão sortudos e abençoados tínhamos sido. Você, que estava saindo em viagem, trocou os planos em ir de moto e foi de carro, este mesmo carro que guarda suas recordações. Você disse que não poderia se arriscar agora que teria mais um filho. No meio do caminho você me ligou para constatar que fizera a escolha certa, pois tinha enfrentado uma tempestade de granizo... fiquei aliviada por você estar de carro e não de moto. Mais alguns minutos e você me mandou um áudio com um trecho da letra da música que você estava ouvindo. Você disse, essa é a nossa música do momento. O trecho dizia "por você eu teria mais herdeiros que um coelho". Sorri. Sorrimos. Era o início de 3 meses de intensa felicidade, nesses 3 meses nossa família foi completa.
Hoje ao ouvir essa música, pensei em tudo que faria por você, mas pensei também em tudo que fizemos um pelo outro e sobretudo no que ainda farei!
É meu bem, o soldado está ferido, a batalha ainda é longa, mas preciso recolocar minha armadura e marchar para frente. Não posso recuar, a vida dos nossos filhos depende disso, você depende disso... eu não vou te decepcionar! "Por você, eu conseguiria até ficar alegre..."
Te amo além dessa vida, por todas as vidas...
"Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia pra virar burguês
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo dia,
A mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
Por você conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu de vermelho
Eu teria mais herdeiros que um coelho
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo dia
A mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
Por você, por você
Por você, por você"
Hoje eu não quero mais falar, não quero mais ouvir, não quero mais sorrir... hoje está especialmente difícil. Meu coração de mãe anda desconfiado que ainda não acabou... tem muita luta pela frente. A vontade que sinto é de tirar a armadura, me entregar, parar de lutar... estou profundamente ferida.
A dor me mudou, não sou mais a mesma... hoje quis te ligar, precisei de você mais uma vez. Na impossibilidade de te encontrar, pensei como você, fiz como você faria. Agradeci por ter tido você, por você ter me ensinado tanto... agradeci por você, mesmo não estando presente, ter me aproximado de muitas pessoas boas, maravilhosas... ontem recebi uma mensagem que há muito esperava, hoje recebi vídeos, mensagens, áudios de amigos que torcem por nós, acreditam em nós, compartilham conosco a nossa dor. Tem sido assim, as pessoas surgem, as mensagens chegam nas melhores horas, no momento certo. Tem que haver algo divino nessa coincidência toda.
Daqui a pouco é dia 08, dia em que nos conhecemos, mas também o dia em que nos separamos aqui na Terra. Dia feliz e dia triste. Eu não consigo acreditar que já se passaram 5 meses. Eu nunca imaginei conseguir viver sem você por tanto tempo... É tudo tão recente...
Hoje pela primeira vez tive coragem de ouvir música no carro. Coloque no seu repertório salvo no pen drive que não foi retirado do painel, está tudo como você deixou, seus óculos estão no lugar que deveriam estar, sua agenda, suas anotações, sua garrafa de água... tudo lá me lembrando uma vida que eu não quero esquecer... na trilha sonora, Barão Vermelho com "Por você"... memória voou para o dia que descobrimos que Bruninho estava a caminho, a segunda listra ficando rosa enquanto nós dois nos olhávamos pensando no quão sortudos e abençoados tínhamos sido. Você, que estava saindo em viagem, trocou os planos em ir de moto e foi de carro, este mesmo carro que guarda suas recordações. Você disse que não poderia se arriscar agora que teria mais um filho. No meio do caminho você me ligou para constatar que fizera a escolha certa, pois tinha enfrentado uma tempestade de granizo... fiquei aliviada por você estar de carro e não de moto. Mais alguns minutos e você me mandou um áudio com um trecho da letra da música que você estava ouvindo. Você disse, essa é a nossa música do momento. O trecho dizia "por você eu teria mais herdeiros que um coelho". Sorri. Sorrimos. Era o início de 3 meses de intensa felicidade, nesses 3 meses nossa família foi completa.
Hoje ao ouvir essa música, pensei em tudo que faria por você, mas pensei também em tudo que fizemos um pelo outro e sobretudo no que ainda farei!
É meu bem, o soldado está ferido, a batalha ainda é longa, mas preciso recolocar minha armadura e marchar para frente. Não posso recuar, a vida dos nossos filhos depende disso, você depende disso... eu não vou te decepcionar! "Por você, eu conseguiria até ficar alegre..."
Te amo além dessa vida, por todas as vidas...
"Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia pra virar burguês
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo dia,
A mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
Por você conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu de vermelho
Eu teria mais herdeiros que um coelho
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria a prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo dia
A mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
Por você, por você
Por você, por você"
sábado, 4 de março de 2017
Ai meu bem,
Preciso te contar que Júlia está muito bem. Não se preocupe, ela é muito feliz, saudável e encantadora... essa parte do plano está dando certo, ela vai crescer educada, responsável e, sobretudo, feliz, muito feliz!
Na escola, já fez amizade com todos. Está quase adaptada... eu ainda sinto dor ao deixá-la, tenho medo que ela pense que eu não vou voltar... me preocupo com pessoas que se fazem presentes por um período curto de forma intensa e desaparecem da vidinha dela de forma abrupta, sem despedidas... ela pode achar que isso é normal.
Graças a Deus, essas pessoas são poucas. Se há uma coisa da qual eu não posso reclamar e o fato de que sempre estou rodeada de pessoas boas, muito boas. E são essas pessoas que me fortalecem sem saber... muitas, a maioria, não conhece a nossa história, e se preocupa mesmo assim conosco. Eu tenho minhas desconfianças de que possa ser você assoprando no ouvido delas do que eu preciso... você sabe!
Hoje eu me emocionei lendo o livro da Cris Gerra para o Bruno. Ela citou um letra de música que me fez chorar: "eu não existia antes de você, você não existia antes de mim, antes não havia nenhum de nós dois..." Eu me tornei quem sou através de você, você me preparou para seguir sozinha, ainda que você seguisse comigo no plano espiritual. Você me mostrou seus planos, seus sonhos, abriu seus segredos e anseios e eu vou levá-los adiante custe o que custar.... a começar pela saúde, bem estar, felicidade e educação dos nossos meninos. Eu amo você!
Preciso te contar que Júlia está muito bem. Não se preocupe, ela é muito feliz, saudável e encantadora... essa parte do plano está dando certo, ela vai crescer educada, responsável e, sobretudo, feliz, muito feliz!
Na escola, já fez amizade com todos. Está quase adaptada... eu ainda sinto dor ao deixá-la, tenho medo que ela pense que eu não vou voltar... me preocupo com pessoas que se fazem presentes por um período curto de forma intensa e desaparecem da vidinha dela de forma abrupta, sem despedidas... ela pode achar que isso é normal.
Graças a Deus, essas pessoas são poucas. Se há uma coisa da qual eu não posso reclamar e o fato de que sempre estou rodeada de pessoas boas, muito boas. E são essas pessoas que me fortalecem sem saber... muitas, a maioria, não conhece a nossa história, e se preocupa mesmo assim conosco. Eu tenho minhas desconfianças de que possa ser você assoprando no ouvido delas do que eu preciso... você sabe!
Hoje eu me emocionei lendo o livro da Cris Gerra para o Bruno. Ela citou um letra de música que me fez chorar: "eu não existia antes de você, você não existia antes de mim, antes não havia nenhum de nós dois..." Eu me tornei quem sou através de você, você me preparou para seguir sozinha, ainda que você seguisse comigo no plano espiritual. Você me mostrou seus planos, seus sonhos, abriu seus segredos e anseios e eu vou levá-los adiante custe o que custar.... a começar pela saúde, bem estar, felicidade e educação dos nossos meninos. Eu amo você!
sexta-feira, 3 de março de 2017
Meu bem,
Hoje o dia foi de boas notícias e eu só queria compartilhar com você. Nosso pequeno é forte, valente e bravo! Conseguiu reaprender a respirar, está quase sozinho novamente. Chegar ao hospital e vê-lo sem o tubo foi uma mistura de sentimentos. Mas aquele que sobressaiu foi o de gratidão... a vida dele é importante demais para mim, para a Ju e para você. Ontem, porém, foi um dia difícil, de muito choro, muita saudade, muitos questionamentos e de repente recebo a notícia de que ele seria desentubado... e novamente eu me pego acreditando, buscando força... desde que ele nasceu tem sido assim, quando o mundo parece desmoronar sobre minha cabeça, ele me sorri, aperta minha mão, abre os olhos, faz algo para me sacudir, me levantar, me motivar... foi assim quando ele nasceu, foi para isso que ele veio para mim nesta vida.
Hoje eu li para ele pela primeira vez. O livro escolhido foi "Para Francisco", um presente que recebi de alguém que já viveu a minha história. Francisco perdeu o pai quando estava ainda na barriga de sua mãe. Sua mãe então resolveu escreve ao filho várias cartas contando sobre sentimentos, perda, felicidade e, sobretudo, sobre o pai. Bruninho parece ter gostado, ouviu pacientemente.
Esse livro me inspira... foi escrito por alguém que conheça a minha dor, eu me vejo naquelas cartas, eu encontro consolo nas palavras dela... é como se ela lesse meus pensamentos e passeasse pelo meu coração... é como se me conhecesse e soubesse que meu coração não tem conserto...
Eu sigo sentindo sua falta, mas te amando ao infinito, para sempre e além...
Hoje o dia foi de boas notícias e eu só queria compartilhar com você. Nosso pequeno é forte, valente e bravo! Conseguiu reaprender a respirar, está quase sozinho novamente. Chegar ao hospital e vê-lo sem o tubo foi uma mistura de sentimentos. Mas aquele que sobressaiu foi o de gratidão... a vida dele é importante demais para mim, para a Ju e para você. Ontem, porém, foi um dia difícil, de muito choro, muita saudade, muitos questionamentos e de repente recebo a notícia de que ele seria desentubado... e novamente eu me pego acreditando, buscando força... desde que ele nasceu tem sido assim, quando o mundo parece desmoronar sobre minha cabeça, ele me sorri, aperta minha mão, abre os olhos, faz algo para me sacudir, me levantar, me motivar... foi assim quando ele nasceu, foi para isso que ele veio para mim nesta vida.
Hoje eu li para ele pela primeira vez. O livro escolhido foi "Para Francisco", um presente que recebi de alguém que já viveu a minha história. Francisco perdeu o pai quando estava ainda na barriga de sua mãe. Sua mãe então resolveu escreve ao filho várias cartas contando sobre sentimentos, perda, felicidade e, sobretudo, sobre o pai. Bruninho parece ter gostado, ouviu pacientemente.
Esse livro me inspira... foi escrito por alguém que conheça a minha dor, eu me vejo naquelas cartas, eu encontro consolo nas palavras dela... é como se ela lesse meus pensamentos e passeasse pelo meu coração... é como se me conhecesse e soubesse que meu coração não tem conserto...
Eu sigo sentindo sua falta, mas te amando ao infinito, para sempre e além...
quarta-feira, 1 de março de 2017
Hoje eu preciso falar com você de qualquer jeito, não importa a hora, não importa o sono, não importa como...
A rotina tem me engolido nos últimos dias, a vida não me dá refresco e, sinceramente, eu nem quero. Quanto mais trabalho, menos eu preciso pensar...
Faz 12 dias que me viro entre os cuidados com a Júlia, afazeres da casa e visitas ao nosso pequeno... quando, enfim, paro é tarde da noite, mas minha cabeça continua, meu coração dói, sangra de saudades de você, aperta por não poder passar a noite ao lado de nosso filho...
Ele é pequeno, ele sofre, mas é guerreiro, é insistente, é forte, determinado e teimoso. Veio como um raio de luz, espantando a escuridão do meu peito, mostrando que eu preciso lutar e tenho pelo que lutar. Ele veio por mim, talvez guiado por você... quando eu o toco, é como se eu tocasse uma parte de você, quando ele abre os olhos, lutando contra a sedação, eu vejo você tentando me dizer algo... o mesmo acontece com Júlia. Agora mesmo, enquanto eu a cobria, lembrei-me de puxar a manga da blusa para tampar os bracinhos... eu fazia isso com você, lembra? Você sentia frio nos braços e orelhas... lembro-me muito de você no inverno passado dormindo de capuz, essa cena me vem sempre à memória... me faz sorrir, me faz voltar no tempo, me faz olhar para o lado para me certificar que você não está de fato... não encontro seus pés... sinto falta de suas mãos... procuro-as e, graças a Deus, encontro as de Juju. Nossa filha tem sido minha salvação nesses dias e noites difíceis... Bruninho tem sido minha esperança, meu recomeço.
Hoje, indo para o hospital à noite, olhei para o céu e vi a lua, mágica, uma pintura. Pensei em você na hora, queria que você a tivesse visto, é assim com tudo bonito que vejo ou ouço... quero compartilhar com você...
infelizmente, coisas tristes acontecem e nessas horas eu também quero compartilhar, te pedir ajuda, colo, abraço, um aperto na mão... lembra-se daquele casal que se olhava apaixonado, cúmplices enquanto seguravam as mãozinhas da filha na incubadora? Eu não os vejo mais, talvez nunca mais os verei. A incubadora está vazia, o anjinho Angélica não resistiu à prematuridade, se foi, fez a viagem cedo demais para quem fica... talvez ela tenha feito 1 mês de vida... eu gostaria de abraçar esses pais, dizer que sinto muito, oferecer meu ombro, mas é tarde demais...
A vida é assim, passamos muito tempo dizendo que nos preocupamos com os outros, mas fazemos muito pouco para provar isso. Eu aprendi que quando de fato amamos alguém, fazemos o impossível para estar presente. Dizer que se importa, pedir notícias de vez em quando não é se importar de fato...
Amar é cuidar, estar perto, se mostrar importante, se fazer necessário, comprar briga... isso tudo mesmo sem a pessoa precisar, sem pedir.
O triste da vida é perceber que a maioria só se faz presente ou quer se fazer presente depois das tragédias , das mortes... aí não importa mais... o amor demonstrado só depois que partimos é nulo, não é amor, mas culpa. É preciso amar enquanto há vida...
Eu sigo te amando porque você é minha vida, você vive em mim e nos nossos filhos! Vivo muitas culpas, mas não a de não ter te amado, cuidado e me feito presente na sua vida quando era necessário, quando importava.
Hoje, vivo das melhores lembranças que quem ama de verdade constrói: desde um brigadeiro de colher a viagens, jantares e namoro preguiçoso nos dias de frio e chuva... não importa como ou onde, nossas lembranças são todas de muito amor e cumplicidade...
Eu vivo também de sonhos, sonhos acordados, daqueles cujo pensamento voa sem pressa... sonhos involuntários daqueles que te roubam a noite e te fazem construir lembranças como se tivessem sido reais... sonhos dos outros... muitas pessoas me contam de sonhos que tiveram contigo... o último foi da minha irmã. Nele, você estava abraçado a mim, segurando minha cintura, mas eu não podia vê-lo. Minha irmã gritava dizendo que você voltara, e você sorria, feliz... eu te procurava... sonhos assim me transmitem força, esperança de que você me ouve, me lê, me acompanha...
Interessante como eu não me sinto só. Os olhares curiosos daqueles que me veem entrar e sair de uma Uti neonatal sempre sozinha não me incomodam. Muitos devem se perguntar cadê o pai, o marido? Pobrezinha... abandonada...
A verdade é que eu sinto sua presença ao meu lado, o tempo todo. Não me sinto sozinha... não estou sozinha, tem amor no meu peito, tem história, tem a certeza de que um dia nossa família vai estar toda reunida, completa e feliz.
Te amo, meu bem... penso tanto em você, vida minha... que o universo conspire a nosso favor e me traga sonhos felizes com nossa família reunida...
A rotina tem me engolido nos últimos dias, a vida não me dá refresco e, sinceramente, eu nem quero. Quanto mais trabalho, menos eu preciso pensar...
Faz 12 dias que me viro entre os cuidados com a Júlia, afazeres da casa e visitas ao nosso pequeno... quando, enfim, paro é tarde da noite, mas minha cabeça continua, meu coração dói, sangra de saudades de você, aperta por não poder passar a noite ao lado de nosso filho...
Ele é pequeno, ele sofre, mas é guerreiro, é insistente, é forte, determinado e teimoso. Veio como um raio de luz, espantando a escuridão do meu peito, mostrando que eu preciso lutar e tenho pelo que lutar. Ele veio por mim, talvez guiado por você... quando eu o toco, é como se eu tocasse uma parte de você, quando ele abre os olhos, lutando contra a sedação, eu vejo você tentando me dizer algo... o mesmo acontece com Júlia. Agora mesmo, enquanto eu a cobria, lembrei-me de puxar a manga da blusa para tampar os bracinhos... eu fazia isso com você, lembra? Você sentia frio nos braços e orelhas... lembro-me muito de você no inverno passado dormindo de capuz, essa cena me vem sempre à memória... me faz sorrir, me faz voltar no tempo, me faz olhar para o lado para me certificar que você não está de fato... não encontro seus pés... sinto falta de suas mãos... procuro-as e, graças a Deus, encontro as de Juju. Nossa filha tem sido minha salvação nesses dias e noites difíceis... Bruninho tem sido minha esperança, meu recomeço.
Hoje, indo para o hospital à noite, olhei para o céu e vi a lua, mágica, uma pintura. Pensei em você na hora, queria que você a tivesse visto, é assim com tudo bonito que vejo ou ouço... quero compartilhar com você...
infelizmente, coisas tristes acontecem e nessas horas eu também quero compartilhar, te pedir ajuda, colo, abraço, um aperto na mão... lembra-se daquele casal que se olhava apaixonado, cúmplices enquanto seguravam as mãozinhas da filha na incubadora? Eu não os vejo mais, talvez nunca mais os verei. A incubadora está vazia, o anjinho Angélica não resistiu à prematuridade, se foi, fez a viagem cedo demais para quem fica... talvez ela tenha feito 1 mês de vida... eu gostaria de abraçar esses pais, dizer que sinto muito, oferecer meu ombro, mas é tarde demais...
A vida é assim, passamos muito tempo dizendo que nos preocupamos com os outros, mas fazemos muito pouco para provar isso. Eu aprendi que quando de fato amamos alguém, fazemos o impossível para estar presente. Dizer que se importa, pedir notícias de vez em quando não é se importar de fato...
Amar é cuidar, estar perto, se mostrar importante, se fazer necessário, comprar briga... isso tudo mesmo sem a pessoa precisar, sem pedir.
O triste da vida é perceber que a maioria só se faz presente ou quer se fazer presente depois das tragédias , das mortes... aí não importa mais... o amor demonstrado só depois que partimos é nulo, não é amor, mas culpa. É preciso amar enquanto há vida...
Eu sigo te amando porque você é minha vida, você vive em mim e nos nossos filhos! Vivo muitas culpas, mas não a de não ter te amado, cuidado e me feito presente na sua vida quando era necessário, quando importava.
Hoje, vivo das melhores lembranças que quem ama de verdade constrói: desde um brigadeiro de colher a viagens, jantares e namoro preguiçoso nos dias de frio e chuva... não importa como ou onde, nossas lembranças são todas de muito amor e cumplicidade...
Eu vivo também de sonhos, sonhos acordados, daqueles cujo pensamento voa sem pressa... sonhos involuntários daqueles que te roubam a noite e te fazem construir lembranças como se tivessem sido reais... sonhos dos outros... muitas pessoas me contam de sonhos que tiveram contigo... o último foi da minha irmã. Nele, você estava abraçado a mim, segurando minha cintura, mas eu não podia vê-lo. Minha irmã gritava dizendo que você voltara, e você sorria, feliz... eu te procurava... sonhos assim me transmitem força, esperança de que você me ouve, me lê, me acompanha...
Interessante como eu não me sinto só. Os olhares curiosos daqueles que me veem entrar e sair de uma Uti neonatal sempre sozinha não me incomodam. Muitos devem se perguntar cadê o pai, o marido? Pobrezinha... abandonada...
A verdade é que eu sinto sua presença ao meu lado, o tempo todo. Não me sinto sozinha... não estou sozinha, tem amor no meu peito, tem história, tem a certeza de que um dia nossa família vai estar toda reunida, completa e feliz.
Te amo, meu bem... penso tanto em você, vida minha... que o universo conspire a nosso favor e me traga sonhos felizes com nossa família reunida...
sábado, 25 de fevereiro de 2017
Meu bem, tenho tanta coisa para te contar! Olhei suas fotos, recordei momentos nossos. Pela milésima vez duvidei, não acreditei... será que estou presa num pesadelo?
Meu coração se acostumou a sentir dor, há uma angústia que me consome, me tira a fome, o sono, o brilho... mas como se eu estive numa guerra, preciso seguir. Júlia está começando sua história, precisa de incentivo, eu preciso ajudá-la, mostrar a beleza da vida para ela. Nosso pequeno está lutando para viver fora de uma incubadora, eu preciso lutar com ele, muitas vezes por ele... eu vibro a cada melhora que ele apresenta, mesmo que seja mínima...
A vida tem um jeito irônico de nos ensinar. Ali, debruçada sobre a incubadora, ouvi e presenciei muita coisa... vi histórias como a nossa... vi casais felizes, unidos, enfrentando juntos a dor de ter um filho já Uti... ouvi crianças chorarem, um choro sentido de cortar o coração... vi bebês terem alta, vi bebês terem recaídas, vi pais desesperados... vi amor, cuidado e, acima de tudo, vi pessoas dispostas a ajudar...
De onde estou vejo um casal, eles estão com uma das mãos em seu bebê enquanto entrelaçam a outra sobre a incubadora. Eles se olham nos olhos, não dizem uma palavra sequer, mas o amor emana deles, há tanta cumplicidade naquele olhar, como se um dissesse para o outro: eu estou com você independente do que aconteça... eu sinto mais ainda a sua falta nestes momentos!
Volto meu olhar para nosso filho. Tão frágil, tão pequeno, tão novo! 32 dias de vida tão intensos! Me pego contando seus dedinhos da mão... ele é tão perfeito! Penso em você! Me vem à cabeça o dia que descobrimos que teríamos um menino! Meu bem, é tão diferente de ter uma menina... não é pior nem melhor, mas muito diferente! Você precisava ter experimentado isso...
Meus pensamentos continuam. Lembra do tênis que te dei? Você amou tanto que calçou na mesma hora e guardou o velho na caixa. Eu me apaixonei por você ali. Ou pelo menos percebi isso ali. Era fácil te agradar, te fazer feliz. Lembro-me das nossas despedidas na frente do alojamento à noite com o Freddie Mercury nos observando de longe. Sorrio perdida nas lembranças sobre nós, sobre você...
Você foi um anjo que passou pela minha vida para me ensinar. Com você aprendi tudo que importa de verdade.
Sinto sua falta, mas não estou só, você segue comigo e é para sempre.
Meu coração se acostumou a sentir dor, há uma angústia que me consome, me tira a fome, o sono, o brilho... mas como se eu estive numa guerra, preciso seguir. Júlia está começando sua história, precisa de incentivo, eu preciso ajudá-la, mostrar a beleza da vida para ela. Nosso pequeno está lutando para viver fora de uma incubadora, eu preciso lutar com ele, muitas vezes por ele... eu vibro a cada melhora que ele apresenta, mesmo que seja mínima...
A vida tem um jeito irônico de nos ensinar. Ali, debruçada sobre a incubadora, ouvi e presenciei muita coisa... vi histórias como a nossa... vi casais felizes, unidos, enfrentando juntos a dor de ter um filho já Uti... ouvi crianças chorarem, um choro sentido de cortar o coração... vi bebês terem alta, vi bebês terem recaídas, vi pais desesperados... vi amor, cuidado e, acima de tudo, vi pessoas dispostas a ajudar...
De onde estou vejo um casal, eles estão com uma das mãos em seu bebê enquanto entrelaçam a outra sobre a incubadora. Eles se olham nos olhos, não dizem uma palavra sequer, mas o amor emana deles, há tanta cumplicidade naquele olhar, como se um dissesse para o outro: eu estou com você independente do que aconteça... eu sinto mais ainda a sua falta nestes momentos!
Volto meu olhar para nosso filho. Tão frágil, tão pequeno, tão novo! 32 dias de vida tão intensos! Me pego contando seus dedinhos da mão... ele é tão perfeito! Penso em você! Me vem à cabeça o dia que descobrimos que teríamos um menino! Meu bem, é tão diferente de ter uma menina... não é pior nem melhor, mas muito diferente! Você precisava ter experimentado isso...
Meus pensamentos continuam. Lembra do tênis que te dei? Você amou tanto que calçou na mesma hora e guardou o velho na caixa. Eu me apaixonei por você ali. Ou pelo menos percebi isso ali. Era fácil te agradar, te fazer feliz. Lembro-me das nossas despedidas na frente do alojamento à noite com o Freddie Mercury nos observando de longe. Sorrio perdida nas lembranças sobre nós, sobre você...
Você foi um anjo que passou pela minha vida para me ensinar. Com você aprendi tudo que importa de verdade.
Sinto sua falta, mas não estou só, você segue comigo e é para sempre.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
Hoje eu só queria voltar no tempo. Sentir sua proteção, ver você tomando as melhores decisões, recorrer a você nas horas de desespero... eu sei, eu sou muito dependente de você... mas o amor é assim, nos torna um só mesmo quando somos obrigados a seguir sozinhos.
Eu te amo, meu bem e sou grata pelo tempo que fomos um só. Eu faria tudo de novo, exatamente igual. Eu não fui a mulher mais feliz do mundo, mas posso dizer que fui uma das mais com certeza, porque tive você, ainda tenho e terei para sempre...
Eu te amo, meu bem e sou grata pelo tempo que fomos um só. Eu faria tudo de novo, exatamente igual. Eu não fui a mulher mais feliz do mundo, mas posso dizer que fui uma das mais com certeza, porque tive você, ainda tenho e terei para sempre...
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
É, meu bem, eu estava errada. Muito errada! Eu ainda tenho o que perder... as coisas podem sim ficarem piores. Tremo só de pensar...
Nosso pequeno precisou ser internado, eu precisei mais uma vez ser forte e tomar decisões sozinha...
Foi novamente em um sábado, ele não dormiu bem, não mamou a noite e amanheceu abatido, prostrado, pálido. Corremos para o hospital e 1 minuto de atraso teria lhe custado a vida. Nosso bebê parou de respirar, ficou cansado, precisou de ajuda para seguir, foi entubado... Ele é forte, vem enfrentando ao meu lado tantas dores, tantas provações que eu até me esqueci do seu tamanho, da sua prematuridade... mas ele me lembrou que eu preciso também ajudá-lo, ele chegou ao limite depois de ser tão guerreiro! Nasceu antes do tempo por mim, para me ensinar mais amor, mostrar que há esperança, mas também para me mostrar que eu ainda posso perder, que eu tenho riquezas e que preciso agradecer por isso.
Eu estou agora em casa com Júlia agarrada em meus cabelos enquanto penso em você, nele, meus Brunos! Ele ficou no hospital, mais uma vez voltei para casa sem meu bebê nos braços. Deixei-o com anjos, deixei-o sob os cuidados de Deus e Maria. O quadro é grave, mas estou confiante, não admito outro fim, sem ser trazê-lo para casa feliz e gordinho. No meio de tanta dor, descobri que ele tem o meu sangue (A+)... algo meu! Júlia tem meus olhos, Bruninho o meu sangue, mas o resto é seu! E eu sou imensamente grata a Deus por nossos filhos serem tão parecidos como você! Eles são presentes seu para mim, você os deixou para que eu não enlouquecesse, para que eu tivesse que seguir... por isso eu imploro, meu bem, esteja conosco, cuide do nosso pequeno, me ajude a ser forte, cochiche no meu ouvido o que devo fazer... volta para mim nem que seja em sonho...
Nosso pequeno precisou ser internado, eu precisei mais uma vez ser forte e tomar decisões sozinha...
Foi novamente em um sábado, ele não dormiu bem, não mamou a noite e amanheceu abatido, prostrado, pálido. Corremos para o hospital e 1 minuto de atraso teria lhe custado a vida. Nosso bebê parou de respirar, ficou cansado, precisou de ajuda para seguir, foi entubado... Ele é forte, vem enfrentando ao meu lado tantas dores, tantas provações que eu até me esqueci do seu tamanho, da sua prematuridade... mas ele me lembrou que eu preciso também ajudá-lo, ele chegou ao limite depois de ser tão guerreiro! Nasceu antes do tempo por mim, para me ensinar mais amor, mostrar que há esperança, mas também para me mostrar que eu ainda posso perder, que eu tenho riquezas e que preciso agradecer por isso.
Eu estou agora em casa com Júlia agarrada em meus cabelos enquanto penso em você, nele, meus Brunos! Ele ficou no hospital, mais uma vez voltei para casa sem meu bebê nos braços. Deixei-o com anjos, deixei-o sob os cuidados de Deus e Maria. O quadro é grave, mas estou confiante, não admito outro fim, sem ser trazê-lo para casa feliz e gordinho. No meio de tanta dor, descobri que ele tem o meu sangue (A+)... algo meu! Júlia tem meus olhos, Bruninho o meu sangue, mas o resto é seu! E eu sou imensamente grata a Deus por nossos filhos serem tão parecidos como você! Eles são presentes seu para mim, você os deixou para que eu não enlouquecesse, para que eu tivesse que seguir... por isso eu imploro, meu bem, esteja conosco, cuide do nosso pequeno, me ajude a ser forte, cochiche no meu ouvido o que devo fazer... volta para mim nem que seja em sonho...
sábado, 18 de fevereiro de 2017
Ah meu bem,
Tem dias que a saudade aperta mais no peito. Tem dias que a dor nos consome, tem dias que a vontade de chorar sobra e os motivos para sorrir desaparecem, tem dias que quero desaparecer, parar, simplesmente desligar... hoje é um desses dias. Final de semana se aproxima, não há nada bom nisso, só tristeza...
Eu só sei pensar em você, na falta que me faz... nos faz!
As coisas continuam tensas por aqui. Deus tem me testado, me levado ao limite... tenho me perguntado muitas vezes qual o propósito Dele para mim... mas do mesmo jeito que vêm as provações, vem também força e ajuda que recebo de muitos amigos.
De repente, a vida é isso, um constante ganhar e perder...
Tem dias que a saudade aperta mais no peito. Tem dias que a dor nos consome, tem dias que a vontade de chorar sobra e os motivos para sorrir desaparecem, tem dias que quero desaparecer, parar, simplesmente desligar... hoje é um desses dias. Final de semana se aproxima, não há nada bom nisso, só tristeza...
Eu só sei pensar em você, na falta que me faz... nos faz!
As coisas continuam tensas por aqui. Deus tem me testado, me levado ao limite... tenho me perguntado muitas vezes qual o propósito Dele para mim... mas do mesmo jeito que vêm as provações, vem também força e ajuda que recebo de muitos amigos.
De repente, a vida é isso, um constante ganhar e perder...
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
Júlia fala papai com tanta alegria e espontaneidade, meu bem... não há tristeza nela, talvez saudades...
Eu sinto uma pontada no peito cada vez que ela te chama, te aponta nas fotos, sinto por você não poder ouvir, não poder responder. Por outro lado, fico feliz porque ela não te esqueceu mesmo sendo tão pequena, ela poderá ensinar ao seu irmão o valor desse amor, a lembrança de um pai maravilhoso... por isso, mantenho a nossa casa como sonhamos e planejamos, talvez cause estranheza em alguns, mas foi a forma que encontrei de te manter vivo para eles. Em mim você vive e viverá para sempre, independente de onde eu esteja, mas eles precisam construir suas lembranças... e eu não vou medir esforços para te apresentar a eles.
Te amo hoje e sempre, mais que ontem e menos que amanhã...
Eu sinto uma pontada no peito cada vez que ela te chama, te aponta nas fotos, sinto por você não poder ouvir, não poder responder. Por outro lado, fico feliz porque ela não te esqueceu mesmo sendo tão pequena, ela poderá ensinar ao seu irmão o valor desse amor, a lembrança de um pai maravilhoso... por isso, mantenho a nossa casa como sonhamos e planejamos, talvez cause estranheza em alguns, mas foi a forma que encontrei de te manter vivo para eles. Em mim você vive e viverá para sempre, independente de onde eu esteja, mas eles precisam construir suas lembranças... e eu não vou medir esforços para te apresentar a eles.
Te amo hoje e sempre, mais que ontem e menos que amanhã...
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Meu bem,
Acordar dói, dói demais, meu Deus. Dói fisicamente perceber todos os dias a sua ausência... é pela manhã que revivo toda a tragédia que se abateu sobre nós, é pela manhã que me dou conta de tudo aquilo que perdemos, é pela manhã que sinto pena dos nossos filhos, por tudo que eles não viverão, não aprenderão sem você... é pela manhã que sinto raiva disso tudo e desconfio da existência de Algo Maior... como posso acreditar diante de tudo isso? Sua família sofre muito com sua ausência, meu amor. Quero acreditar que vai ficar tudo bem, mas pela manhã é cedo demais... sempre será! Jamais superarei, jamais seguirei, jamais...
Acordar dói, dói demais, meu Deus. Dói fisicamente perceber todos os dias a sua ausência... é pela manhã que revivo toda a tragédia que se abateu sobre nós, é pela manhã que me dou conta de tudo aquilo que perdemos, é pela manhã que sinto pena dos nossos filhos, por tudo que eles não viverão, não aprenderão sem você... é pela manhã que sinto raiva disso tudo e desconfio da existência de Algo Maior... como posso acreditar diante de tudo isso? Sua família sofre muito com sua ausência, meu amor. Quero acreditar que vai ficar tudo bem, mas pela manhã é cedo demais... sempre será! Jamais superarei, jamais seguirei, jamais...
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
Ei, meu bem!
Estamos aqui na nossa cama, nós 3. A noite não foi fácil. Alternei as mamadas da madrugada com as crises de tosse da Júlia. Amanheceu cedo, às Júlia já estava de pé, Bruno dormia. Eu, exausta, só queria fechar os olhos por meia hora... não deu. Até as 8, Júlia aprontou, eu pensei seriamente em perder a paciência, reclamar meu cansaço, mas de repente ela pediu colo e dormiu...
A vida tem sido assim, quando estou prestes a surtar, no meio do caos, da dor e da saudade, alguma coisa dá certo e eu volto a acreditar que darei conta, que terei força...
São 10h, ainda não levantei. Apesar de ter implorado para que Júlia dormisse, não consegui descansar. As preocupações tomaram conta do sono... Bruno está resmungando no meu colo. Ele é tão bonzinho que posso contar nos dedos as vezes que o vi chorar. Deve ter herdado o seu gênio... também posso contar nos dedos as vezes que te vi chorar ou reclamar, não enchem uma mão sequer.
A dificuldade por aqui está sendo fazê-lo mamar, ganhar peso e controlar as peraltices da Ju. Ela sente ciúmes, sente minha falta, sente a sua também. Ela chama por você quando vê sua foto, suas roupas ou qualquer outra coisa que te lembre. Eu fico meio sem saber o que dizer, não admiti nem para mim que acabou, que você não vai voltar, que a vida segue sem você... não tenho palavras para acalenta-lá quando quem precisa de acalento, de conforto sou eu...
Não fui tão forte quanto gostaria, precisei ser medicada, mas o remédio não tira a dor, não diminui a saudade, ele apenas me permite respirar...
Acabo de perceber que nossa ajudante ainda não chegou... o dia vai ser agitado por aqui, mais que o normal... mas vou acreditar que você continuará comigo, vai ajeitar as coisas quando eu não puder mais dar conta, como tem feito todo esse tempo...
Um dia, quem sabe, nós vamos conversar e você vai poder me explicar porque tivemos que passar por isso sozinhos, separador...
Estamos aqui na nossa cama, nós 3. A noite não foi fácil. Alternei as mamadas da madrugada com as crises de tosse da Júlia. Amanheceu cedo, às Júlia já estava de pé, Bruno dormia. Eu, exausta, só queria fechar os olhos por meia hora... não deu. Até as 8, Júlia aprontou, eu pensei seriamente em perder a paciência, reclamar meu cansaço, mas de repente ela pediu colo e dormiu...
A vida tem sido assim, quando estou prestes a surtar, no meio do caos, da dor e da saudade, alguma coisa dá certo e eu volto a acreditar que darei conta, que terei força...
São 10h, ainda não levantei. Apesar de ter implorado para que Júlia dormisse, não consegui descansar. As preocupações tomaram conta do sono... Bruno está resmungando no meu colo. Ele é tão bonzinho que posso contar nos dedos as vezes que o vi chorar. Deve ter herdado o seu gênio... também posso contar nos dedos as vezes que te vi chorar ou reclamar, não enchem uma mão sequer.
A dificuldade por aqui está sendo fazê-lo mamar, ganhar peso e controlar as peraltices da Ju. Ela sente ciúmes, sente minha falta, sente a sua também. Ela chama por você quando vê sua foto, suas roupas ou qualquer outra coisa que te lembre. Eu fico meio sem saber o que dizer, não admiti nem para mim que acabou, que você não vai voltar, que a vida segue sem você... não tenho palavras para acalenta-lá quando quem precisa de acalento, de conforto sou eu...
Não fui tão forte quanto gostaria, precisei ser medicada, mas o remédio não tira a dor, não diminui a saudade, ele apenas me permite respirar...
Acabo de perceber que nossa ajudante ainda não chegou... o dia vai ser agitado por aqui, mais que o normal... mas vou acreditar que você continuará comigo, vai ajeitar as coisas quando eu não puder mais dar conta, como tem feito todo esse tempo...
Um dia, quem sabe, nós vamos conversar e você vai poder me explicar porque tivemos que passar por isso sozinhos, separador...
sábado, 11 de fevereiro de 2017
Hoje precisei sair, voltar ao médico, ir à farmácia, supermercado... deixei nossos dois pequenos dormindo e fui com o coração em pedaços. Fui pensando em você, meu bem, fui imaginando como seria diferente se estivéssemos todos juntos. Provavelmente, nós estaríamos organizando o aniversário da Juju e o chá de bebê do Bruno. Ele não teria nascido, você não teria deixado... talvez estivéssemos pensando em fazer algumas fotos, ou quem sabe planejando viajar no carnaval... eu estaria bem barriguda, pesada e feliz sendo paparicada por você enquanto eu paparicava a Juju... sonho? Sim, agora não passa de um sonho, mas já foi real, já foi nossa vida...
Na volta para casa, corto caminho pela praça da cidade que também é conhecida como Jardim. Estamos no meio da tarde, o sol está a pino, mas há muitas pessoas sentadas nos bancos, conversando calmamente... alguns tomam sorvete, outros mexem no celular, mas um casal me chamou a atenção. São novos, estudantes ainda. Eles tomam sorvete e namoram sem pressa. Quando passo por eles vejo que ela tem uma rosa vermelha no colo. Talvez estejam comemorando uma data especial. Eu senti a felicidade emanando deles... uma cena tão simples...
Quis me aproximar, sentar e alertá-los, eu queria dizer, a felicidade é isso, são esses momentos. Não queiram mais, não exijam mais... por que no fim, é isso que importa, momentos como esse que ficam na lembrança.
Mas como não queria passar por louca, apenas olhei-os com uma pontinha de inveja, lamentando por não sermos os atores daquela cena...
Na volta para casa, corto caminho pela praça da cidade que também é conhecida como Jardim. Estamos no meio da tarde, o sol está a pino, mas há muitas pessoas sentadas nos bancos, conversando calmamente... alguns tomam sorvete, outros mexem no celular, mas um casal me chamou a atenção. São novos, estudantes ainda. Eles tomam sorvete e namoram sem pressa. Quando passo por eles vejo que ela tem uma rosa vermelha no colo. Talvez estejam comemorando uma data especial. Eu senti a felicidade emanando deles... uma cena tão simples...
Quis me aproximar, sentar e alertá-los, eu queria dizer, a felicidade é isso, são esses momentos. Não queiram mais, não exijam mais... por que no fim, é isso que importa, momentos como esse que ficam na lembrança.
Mas como não queria passar por louca, apenas olhei-os com uma pontinha de inveja, lamentando por não sermos os atores daquela cena...
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
4 meses sem você e seu sorriso continua me iluminando... olho para a sua foto, penso em você, lembro-me de nossas conversas, dos seus cuidados... dói meu peito! Sinto sua falta, meu bem! Como faço? Nada se resolve, estou numa baita enrascada sem você... por vezes, muitas vezes tento levantar a cabeça, olhar para frente, pôr um sorriso nos lábios... em vão! Tudo fica cinza num piscar de olhos.
Eu pensei que me mudar, trocar de ares, fazer uma nova rotina fosse melhorar as coisas. Doce engano, aos poucos estou entendendo que não posso fugir do que eu sinto, meu coração será o mesmo por onde eu passar. Com o tempo, as dificuldades estão surgindo, os desafios ficando mais duros... há muitos dias que não tenho podido parar, refletir, chorar, escrever, me encontrar...
Os últimos 18 dias foram intensos! Teriam sido muito difícris com você ao meu lado, sem você, sinceramente, não sei como consegui. Eu não sei como vou conseguir seguir, está duro demais viver um dia de cada vez, viver com dor há 120 dias! Não vejo saída, eu tento ser otimista, eu faço planos, mas quando chega a hora, dá tudo errado, eu perco o controle... eu penso em você, eu imploro por você!
A verdade é que você me falta como o ar falta para as pessoas, a verdade é que quem mais sente a sua falta neste mundo sou eu, o mundo perdeu a graça... a sua graça, a sua doçura, a sua educação e elegância, a sua bondade, o seu amor... e eu? Perdi a alegria, a esperança, a vontade...
Mesmo sabendo que não há jeito, eu continuo querendo fugir, ir para longe, tão longe quanto seja possível... vontade de me ver sumir no horizonte como acontece com os barcos no oceano... eles simplesmente desaparecem... aos poucos, sem serem notados...
Eu pensei que me mudar, trocar de ares, fazer uma nova rotina fosse melhorar as coisas. Doce engano, aos poucos estou entendendo que não posso fugir do que eu sinto, meu coração será o mesmo por onde eu passar. Com o tempo, as dificuldades estão surgindo, os desafios ficando mais duros... há muitos dias que não tenho podido parar, refletir, chorar, escrever, me encontrar...
Os últimos 18 dias foram intensos! Teriam sido muito difícris com você ao meu lado, sem você, sinceramente, não sei como consegui. Eu não sei como vou conseguir seguir, está duro demais viver um dia de cada vez, viver com dor há 120 dias! Não vejo saída, eu tento ser otimista, eu faço planos, mas quando chega a hora, dá tudo errado, eu perco o controle... eu penso em você, eu imploro por você!
A verdade é que você me falta como o ar falta para as pessoas, a verdade é que quem mais sente a sua falta neste mundo sou eu, o mundo perdeu a graça... a sua graça, a sua doçura, a sua educação e elegância, a sua bondade, o seu amor... e eu? Perdi a alegria, a esperança, a vontade...
Mesmo sabendo que não há jeito, eu continuo querendo fugir, ir para longe, tão longe quanto seja possível... vontade de me ver sumir no horizonte como acontece com os barcos no oceano... eles simplesmente desaparecem... aos poucos, sem serem notados...
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
E se no meio disso tudo, meu amor, eu só sentir vontade de chorar? E se o mundo girar muito rápido, tão rápido que eu não possa mais falar sobre você com as pessoas? E se eu tiver muito medo? E se eu não souber o que fazer? E quando eu não mais tiver o que fazer? E quando a saudade for tão grande que eu precise gritar? E se eu errar? E se eu não quiser mais viver? E se eu viver até ficar velhinha sem você? E se eu não souber educar nossos filhos? E se eu me fechar, me trancar, amargar? E se eu nunca mais sorrir? Mas a pior delas, a que me tira o sono, o ar, o chão, a razão.... e se eu não puder te reencontrar?
Hoje, meu bem, num intervalo entre as mamadas, dei um pulo em casa para ver a Júlia. A saudade que sinto dela é enorme, machuca pensar que ela possa estar achando que me perdeu ou que eu não vou voltar... encontrei-a animada, feliz, brincando com Arthur... ela é tão espontânea, tão moleca! Cada dia se parece mais com você...
Peguei-a no colo um pouco, mas não demorou muito até que ela quisesse descer... fui com eles até a piscina, fiquei observando-os um pouco... tanta alegria! Como é bom ser criança...
Meu coração continua com o mesmo aperto de saudade... se estou com Júlia sinto falta do nosso Bruno. Se estou com Bruno, sinto falta de Júlia... ultimamente meu coração é só saudade...
Não me demoro muito, preciso correr é hora de amamentar... no caminho, passo por lugares que eu frequentava antes de te conhecer, na minha adolescência.
Consigo sentir até os cheiros das lembranças... meu coração está inquieto como era naquela época... eu costumava sentir frio na barriga, uma constante falta...
Volto no tempo, lembro-me de me sentir vazia, incompleta... eu sentia angústia, buscava por algo sem saber o quê... estava sempre faltando. O fim da tarde vinha sempre trazendo inquietude ao meu coração... um dia eu conheci você! E todo esse vazio se preencheu... eu fui plena, completa! O fim de tarde era o melhor horário, pois você chegava e espantava qualquer medo, qualquer tristeza, qualquer angústia...
Agora estou aqui, como se tivesse voltado 12 anos no tempo... e isso é péssimo! Aquela mesma angústia dos dias iguais voltou a tomar conta de mim...
Hoje, entendo, você era o que me faltava... você é a única coisa que me falta...
Peguei-a no colo um pouco, mas não demorou muito até que ela quisesse descer... fui com eles até a piscina, fiquei observando-os um pouco... tanta alegria! Como é bom ser criança...
Meu coração continua com o mesmo aperto de saudade... se estou com Júlia sinto falta do nosso Bruno. Se estou com Bruno, sinto falta de Júlia... ultimamente meu coração é só saudade...
Não me demoro muito, preciso correr é hora de amamentar... no caminho, passo por lugares que eu frequentava antes de te conhecer, na minha adolescência.
Consigo sentir até os cheiros das lembranças... meu coração está inquieto como era naquela época... eu costumava sentir frio na barriga, uma constante falta...
Volto no tempo, lembro-me de me sentir vazia, incompleta... eu sentia angústia, buscava por algo sem saber o quê... estava sempre faltando. O fim da tarde vinha sempre trazendo inquietude ao meu coração... um dia eu conheci você! E todo esse vazio se preencheu... eu fui plena, completa! O fim de tarde era o melhor horário, pois você chegava e espantava qualquer medo, qualquer tristeza, qualquer angústia...
Agora estou aqui, como se tivesse voltado 12 anos no tempo... e isso é péssimo! Aquela mesma angústia dos dias iguais voltou a tomar conta de mim...
Hoje, entendo, você era o que me faltava... você é a única coisa que me falta...
sábado, 4 de fevereiro de 2017
É tarde, meu bem. É minha segunda noite a sós com nosso pequeno. Ainda estamos no hospital, faz 11 dias que ele chegou... mas só ontem ele veio para mim para nunca mais me deixar... eu vejo você nele muito nitidamente! É como se uma parte de você tivesse renascido e voltado para mim.
Ele dorme agora, eu estou do seu lado checando sua respiração. Cochilo por segundos e acordo assustada para ver como ele está, vez por outra meu coração recebe golpes de saudades da Júlia. Penso nela sem mim, penso em tudo que precisei reprogramar e em muitas outras coisas que não pude planejar, simplesmente aconteceram, como o nascimento de Bruninho.
Penso em como nós programamos até as nossas memórias, como seria, o que faríamos... dói ter saído desse mundo, dói ter que enfrentar tantos imprevistos, dói viver um dia de cada vez, dói a sua falta em cada detalhe do dia... dói pensar na falta que nossos filhos sentirão de você, mas dói muito mais a falta que eles fazem a você...
Desde que ele chegou, inesperadamente, eu comecei a enxergar um pontinho colorido ao meu redor, nossos filhos são a cor vibrante no meio de um oceano cinza... o cinza dói, foco na cor e assim venço mais um dia....
Já já é hora de amamentar novamente, preciso cochilar para ver se meu leite volta...
Enquanto isso, você podia bem fazer carinho na minha cabeça, ela está tão pesada, tão cansada...
Ele dorme agora, eu estou do seu lado checando sua respiração. Cochilo por segundos e acordo assustada para ver como ele está, vez por outra meu coração recebe golpes de saudades da Júlia. Penso nela sem mim, penso em tudo que precisei reprogramar e em muitas outras coisas que não pude planejar, simplesmente aconteceram, como o nascimento de Bruninho.
Penso em como nós programamos até as nossas memórias, como seria, o que faríamos... dói ter saído desse mundo, dói ter que enfrentar tantos imprevistos, dói viver um dia de cada vez, dói a sua falta em cada detalhe do dia... dói pensar na falta que nossos filhos sentirão de você, mas dói muito mais a falta que eles fazem a você...
Desde que ele chegou, inesperadamente, eu comecei a enxergar um pontinho colorido ao meu redor, nossos filhos são a cor vibrante no meio de um oceano cinza... o cinza dói, foco na cor e assim venço mais um dia....
Já já é hora de amamentar novamente, preciso cochilar para ver se meu leite volta...
Enquanto isso, você podia bem fazer carinho na minha cabeça, ela está tão pesada, tão cansada...
domingo, 29 de janeiro de 2017
Acordei pensando em você! Não consigo para de pensar em tudo que está acontecendo ao meu redor, mas sua lembrança hoje está mais forte... é sábado, mais um dia triste, dia de saudade. Serão tantos ainda, centenas, milhares...
A dor da sua falta falou mais alto hoje. Dormi mal, sonhei muito, sua falta estava lá! Eu estava sozinha no mundo, não havia Júlia nem o nosso caçula... doeu tão forte, eu era tão vazia, minha vida era tão triste, sem o menor sentido.
Acordei pensando que pela primeira vez depois do acidente eu tenho pelo que rezar. Não peço por mim nas orações, mas pelos nossos filhos. Eles são a parte que me conecta a você e me mantém viva.
Ontem, enquanto segurava a mão do nosso filho na incubadora, pensei muito fortemente em você. Ele dormia, estava sereno, olhei ao redor, vi mães sozinhas, vi país sozinhos, vi casais aflitos que se abraçavam com uma mão e cuidavam de seus bebês com a outra. Imaginei você comigo ali, coloquei ninha cabeça no seu ombro, me permiti descansar um pouco, nosso pequeno guerreiro dormia, conversei com ele, falei sobre você, da falta que você me faz... ele apertou minha mão tão forte como se quisesse sair dali e me abraçar. Chorei, deixei que as lágrimas escorressem, lavassem meu rosto tão cansado dos últimos dias... chorei de alegria, chorei porque começo a perceber avanços e respostas positivas!
Ontem à noite, ao chegar à UTI Neo Natal para a visita da noite, percebi que nosso anjo estava sem ajuda do catéter de respiração, mas havia um tudo dentro da incubadora. Tremi, será que precisaram entubá-lo?
Olhei aflita para a enfermeira e comentei: ele está sem o oxigênio? Ela me olhou serena, como todas são ali ( anjos de amor e dedicação aos nossos filhos) e disse sorrindo: está? Eu mal pude me conter, nosso filho respira sozinho, está aprendendo... ele dormia feito um anjo, respirando com a calma de quem nasceu sabendo... ele sabe o que faz! É mais forte que eu, nunca foi dependente de mim, a verdade é que a parte forte da nossa relação é ele! E eu sinto como se um pedaço de você tivesse voltado para mim, por isso, na pressa de voltar logo, atropelou o tempo, venceu os remédios, está vencendo as dificuldades enquanto eu e Júlia preparamos nosso lar e nossos corações para abrigar mais amor... mas também ensinar a amar. Ele vai te conhecer, vai te amar e vai ser lindo, muito lindo!
A dor da sua falta falou mais alto hoje. Dormi mal, sonhei muito, sua falta estava lá! Eu estava sozinha no mundo, não havia Júlia nem o nosso caçula... doeu tão forte, eu era tão vazia, minha vida era tão triste, sem o menor sentido.
Acordei pensando que pela primeira vez depois do acidente eu tenho pelo que rezar. Não peço por mim nas orações, mas pelos nossos filhos. Eles são a parte que me conecta a você e me mantém viva.
Ontem, enquanto segurava a mão do nosso filho na incubadora, pensei muito fortemente em você. Ele dormia, estava sereno, olhei ao redor, vi mães sozinhas, vi país sozinhos, vi casais aflitos que se abraçavam com uma mão e cuidavam de seus bebês com a outra. Imaginei você comigo ali, coloquei ninha cabeça no seu ombro, me permiti descansar um pouco, nosso pequeno guerreiro dormia, conversei com ele, falei sobre você, da falta que você me faz... ele apertou minha mão tão forte como se quisesse sair dali e me abraçar. Chorei, deixei que as lágrimas escorressem, lavassem meu rosto tão cansado dos últimos dias... chorei de alegria, chorei porque começo a perceber avanços e respostas positivas!
Ontem à noite, ao chegar à UTI Neo Natal para a visita da noite, percebi que nosso anjo estava sem ajuda do catéter de respiração, mas havia um tudo dentro da incubadora. Tremi, será que precisaram entubá-lo?
Olhei aflita para a enfermeira e comentei: ele está sem o oxigênio? Ela me olhou serena, como todas são ali ( anjos de amor e dedicação aos nossos filhos) e disse sorrindo: está? Eu mal pude me conter, nosso filho respira sozinho, está aprendendo... ele dormia feito um anjo, respirando com a calma de quem nasceu sabendo... ele sabe o que faz! É mais forte que eu, nunca foi dependente de mim, a verdade é que a parte forte da nossa relação é ele! E eu sinto como se um pedaço de você tivesse voltado para mim, por isso, na pressa de voltar logo, atropelou o tempo, venceu os remédios, está vencendo as dificuldades enquanto eu e Júlia preparamos nosso lar e nossos corações para abrigar mais amor... mas também ensinar a amar. Ele vai te conhecer, vai te amar e vai ser lindo, muito lindo!
sábado, 28 de janeiro de 2017
Meu bem, eu sei que você esteve comigo. Eu sei que você segurou a minha mão enquanto eu tremia de medo, de pavor, de dor e sob efeito dos medicamentos. Eu sei que você zelou pelo nosso pequeno durante os procedimentos enquanto eu, sem poder enxergá-lo, pedia notícias, alertava os médicos para não esquecerem a pulseirinha, implorava a Deus para ouvir seu choro... eu sei que você também se preocupou... eu sei que você não me permitiu passar por isso sozinha. Naquele momento, um dos piores da minha vida, eu tive que me apegar em algo que não posso ver, tive que ser mais forte que jamais imaginei ser, simplesmente para não morrer, simplesmente para manter meus olhos abertos
e controlar as batidas do coração. A respiração falhava, a boca secou a ponto de eu não conseguir falar, os olhos ficaram turvos, eu não vi mais ninguém... ouvia as vozes, e implorava para acabar logo toda a agonia... eu sei que você esteva lá, cuidando do que eu não podia, por isso, hoje, vou contar essa história para o nosso pequeno, porque você eu sei que está vendo tudo...
Meu filhote apressado, você chegou ao mundo de uma forma inesperada às 21 horas e 5 minutos de uma segunda-feira quente e tumultuada. Você estava previsto para chegar no dia 22 de Março, mas não conseguiu esperar, veio como um raio de esperança, trazendo muito amor e um pouquinho de confusão no dia 23 de janeiro, mesmo dia do nascimento do seu pai!
Como seu pai, você foi decidido e objetivo. Não aceitou que ninguém mudasse os seus planos. Quis vir ao mundo e veio, simplesmente...
Na sexta-feira, eu senti uma vontade louca de lavar alguns tapetes... limpar a casa e ajeitar o seu quarto. Me contive, apenas acertei os detalhes da escola da Júlia, comprei o colchão para a cama dela. Fui almoçar na minha mãe, voltei para casa com a sensação de que algo estava errado... não sentia você se mexer, minha barriga ficou bem dura. Tentei relaxar. Entrei na piscina com a Júlia, deitei-me apoiada na borda, enquanto ela brincava com todo o vigor que lhe é peculiar. No início da noite, você voltou a mexer, mas não com todo vigor... passei uma noite bastante incômoda, mas amanheci com a sensação de que era apenas mais um dia na minha longa caminhada pela frente, mais um dia igual. Era sábado, dia triste para mim, resolvi ficar só com a Júlia, não saí, cuidei do almoço enquanto ela rabiscava o chão, a parede, os livros, eu e ela mesma... almoçamos num silêncio que provoca dor a qualquer coração acostumado à agitação e felicidade com que fazíamos as refeições em casa... descansamos a tarde, dormi com a Júlia, mas acordei rápido sentindo algumas cólicas... assim terminamos o dia, a noite veio e com ela mais cólicas... acordei me sentindo estranha, pesada, barriga muito dura... às 11 da manhã eu já sabia que eu tinha contrações... mas enganei meu coração e fui almoçar na minha mãe... passei por lá a tarde, sentindo dores e tentando ficar calma, até que as 18h percebi que não poderia mais esperar. Liguei para o médico, um desses anjos que aparecem em nossas vidas, expliquei o que sentia e ele pediu para eu encontrá-lo na maternidade. Passei em casa, sua tia Cris foi comigo, mas quem dirigiu fui eu... cada buraco, cada semáforo, eu olhava para o lado e via seu pai assustado e sorrindo, como no dia em que Júlia nasceu...
As contrações aumentaram, peguei algumas roupinhas ( ainda sujas) para você, tomei um banho e corri o mais rápido que pude. No meio do caminho, senti a dor apertar. Cheguei à maternidade sentindo contrações de 2 em 2 minutos...
Meu médico chegou alguns segundos depois de mim. O exame foi rápido e certeiro, trabalho de parto. Porém o colo estava fechado, era possível inibir. Fui direto para medicação na veia. O primeiro susto veio quando descobri que precisaria ficar internada... e a Júlia? Eu não havia conversado com ela, não havia preparado-a para minha ausência, eu sequer me despedi para que ela não chorasse....
O remédio fez efeito logo e as contrações começaram a se espaçar até que começaram a vir de hora em hora... acalmei meu coração e pensei que tudo ia ficar bem. Prometi me comportar melhor, ficar mais quieta, repousar... mas às 6 da manhã precisamos ligar para o médico, as contrações voltaram e a dose de medicação foi aumentada. A todo momento eu perguntava se você estava bem, os médicos diziam que sim, ouviam seu coração e me acalmava.
Mas os remédios não surtiram efeito. Você queria nascer. Suportei a dor. Você precisava esperar mais 24h no mínimo. Eu resisti, a cada contração, que chegava às vezes em menos de 2 minutos, eu me contorcia na cama, mas pensava em você... às 7 da noite meu médico voltou. Ele estava sério, mas ainda tentou aumentar a dose de medicação. Eu chorei de cansaço e pela primeira vez admiti que não aguentava mais... meu médico permaneceu calado ao meu lado enquanto ouvia seu coração. Eu vi sua expressão mudar, sua expressão suave deu lugar a uma aparente preocupação. Senti o coração gelar, ele já estava disparado devido à alta dose de medicação... mas o seu até então permanecia normal, sem nenhuma alteração.
O médico sentou-se em silêncio ao lado da cama e me disse o que eu já suspeitava: não podemos mais esperar! O coração do bebê está acelerado demais...eram 19h e 30 minutos, mais ou menos. Depois disso, tudo que aconteceu foi intenso, rápido e confuso... eu não sabia o que sentir. Eu não ouvia o que me diziam. Meus pés pareciam flutuar. Eu pensava no seu pai, como quis e precisei dele naquele momento...
Mas eu não me sentia tão sozinha, tinha você ainda dentro de mim... os médicos e enfermeiros traziam fios, equipamentos, ajeitavam instrumentos, me preparavam... eu comecei a chorar. Alguém me perguntou por quê e eu disse que sentia medo. De quê? Tanta coisa... não dava para explicar...
Chorei sozinha, ninguém segurou a minha mão, o lugar do seu pai permaneceu vazio. Minhas mãos estavam amarradas, mas imploravam por segurança. Eu pensei em você, mentalizei seu pai ali comigo, implorei para Deus cuidar da gente. Foi quando os médicos disseram que você estava nascendo. Nasceu chorando, gritando, mostrando que chegara. Não vi seu rosto, não toquei você, eu perguntava por você e os médicos diziam está bem, mas eu aprendi a desconfiar dessa expressão... parei de ouvir seu choro, demorou demais até te trazerem para mim. Eu só ouvia barulhos de máquinas, sucção, confusão... eu me desliguei do mundo e me obriguei a acreditar em algo que não posso vê ou sentir... não apenas orei, mas implorei pela sua vida. Quando me trouxeram você, seu cheiro e seu calor afastaram toda dor e medo. Você estava quentinho e cheiroso, vermelhinho e me pareceu muito bem. Mal deu tempo de pensar e você foi levado, precisava de uma pequena ajuda para respirar...
Foi nessa hora que me senti a pessoa mais sozinha do mundo. Eu estava longe das 3 pessoas mais importantes da minha vida: você, sua irma e seu pai. Pela primeira vez, eu estava realmente sozinha... você que foi meu companheiro de corpo, de dor, de angústia, mas que me emprestou a vida por essas últimas 16 semanas não estava mais preso a mim, tinha se libertado, estava sozinho lutando por si. Júlia estava longe, senti vontade de abraçá-la e aliviar a dor do meu peito... chorei pelo meu amor, meu amigo, meu companheiro, minha vida que me faltava mais que nunca... meus olhos embaçaram com as lágrimas, fiquei muda, surda e cega até que percebi que não havia de fato mais ninguém na sala comigo... tentei chamar, a voz fugiu... entrei em pânico. Não me lembro mais de nada, não sei como fui para o quarto, não me lembro de quem estava lá, acordei com frio, sem conseguir me mexer. Você não estava comigo, seu pai não estava do meu lado como eu esperava, como ele tanto desejava. Só havia o medo... precisei lutar comigo mesma, contra o pânico e os pensamentos que me desnorteavam.... adormeci e acordei com o médico entrando pela porta. O dia comecara, eu precisava ser forte, você me esperava lá fora.
A primeira imagem que tenho de você na incubadora é dura e doce! Você estava envolto em um
Ninho de flores bem delicadas, mas sobre um lençol de bicicletinhas estilo retrô, que muito lembram uma Harley... lembrei-me do seu quarto! É nele que você dormirá em breve! Até que fique esperto o suficiente para escolher ou fugir para minha cama no meio da noite. Seu lugar está lá! A cama é grande, cabe todos nós, papai pensou em tudo... ele sempre pensou mais à frente que os outros...
e controlar as batidas do coração. A respiração falhava, a boca secou a ponto de eu não conseguir falar, os olhos ficaram turvos, eu não vi mais ninguém... ouvia as vozes, e implorava para acabar logo toda a agonia... eu sei que você esteva lá, cuidando do que eu não podia, por isso, hoje, vou contar essa história para o nosso pequeno, porque você eu sei que está vendo tudo...
Meu filhote apressado, você chegou ao mundo de uma forma inesperada às 21 horas e 5 minutos de uma segunda-feira quente e tumultuada. Você estava previsto para chegar no dia 22 de Março, mas não conseguiu esperar, veio como um raio de esperança, trazendo muito amor e um pouquinho de confusão no dia 23 de janeiro, mesmo dia do nascimento do seu pai!
Como seu pai, você foi decidido e objetivo. Não aceitou que ninguém mudasse os seus planos. Quis vir ao mundo e veio, simplesmente...
Na sexta-feira, eu senti uma vontade louca de lavar alguns tapetes... limpar a casa e ajeitar o seu quarto. Me contive, apenas acertei os detalhes da escola da Júlia, comprei o colchão para a cama dela. Fui almoçar na minha mãe, voltei para casa com a sensação de que algo estava errado... não sentia você se mexer, minha barriga ficou bem dura. Tentei relaxar. Entrei na piscina com a Júlia, deitei-me apoiada na borda, enquanto ela brincava com todo o vigor que lhe é peculiar. No início da noite, você voltou a mexer, mas não com todo vigor... passei uma noite bastante incômoda, mas amanheci com a sensação de que era apenas mais um dia na minha longa caminhada pela frente, mais um dia igual. Era sábado, dia triste para mim, resolvi ficar só com a Júlia, não saí, cuidei do almoço enquanto ela rabiscava o chão, a parede, os livros, eu e ela mesma... almoçamos num silêncio que provoca dor a qualquer coração acostumado à agitação e felicidade com que fazíamos as refeições em casa... descansamos a tarde, dormi com a Júlia, mas acordei rápido sentindo algumas cólicas... assim terminamos o dia, a noite veio e com ela mais cólicas... acordei me sentindo estranha, pesada, barriga muito dura... às 11 da manhã eu já sabia que eu tinha contrações... mas enganei meu coração e fui almoçar na minha mãe... passei por lá a tarde, sentindo dores e tentando ficar calma, até que as 18h percebi que não poderia mais esperar. Liguei para o médico, um desses anjos que aparecem em nossas vidas, expliquei o que sentia e ele pediu para eu encontrá-lo na maternidade. Passei em casa, sua tia Cris foi comigo, mas quem dirigiu fui eu... cada buraco, cada semáforo, eu olhava para o lado e via seu pai assustado e sorrindo, como no dia em que Júlia nasceu...
As contrações aumentaram, peguei algumas roupinhas ( ainda sujas) para você, tomei um banho e corri o mais rápido que pude. No meio do caminho, senti a dor apertar. Cheguei à maternidade sentindo contrações de 2 em 2 minutos...
Meu médico chegou alguns segundos depois de mim. O exame foi rápido e certeiro, trabalho de parto. Porém o colo estava fechado, era possível inibir. Fui direto para medicação na veia. O primeiro susto veio quando descobri que precisaria ficar internada... e a Júlia? Eu não havia conversado com ela, não havia preparado-a para minha ausência, eu sequer me despedi para que ela não chorasse....
O remédio fez efeito logo e as contrações começaram a se espaçar até que começaram a vir de hora em hora... acalmei meu coração e pensei que tudo ia ficar bem. Prometi me comportar melhor, ficar mais quieta, repousar... mas às 6 da manhã precisamos ligar para o médico, as contrações voltaram e a dose de medicação foi aumentada. A todo momento eu perguntava se você estava bem, os médicos diziam que sim, ouviam seu coração e me acalmava.
Mas os remédios não surtiram efeito. Você queria nascer. Suportei a dor. Você precisava esperar mais 24h no mínimo. Eu resisti, a cada contração, que chegava às vezes em menos de 2 minutos, eu me contorcia na cama, mas pensava em você... às 7 da noite meu médico voltou. Ele estava sério, mas ainda tentou aumentar a dose de medicação. Eu chorei de cansaço e pela primeira vez admiti que não aguentava mais... meu médico permaneceu calado ao meu lado enquanto ouvia seu coração. Eu vi sua expressão mudar, sua expressão suave deu lugar a uma aparente preocupação. Senti o coração gelar, ele já estava disparado devido à alta dose de medicação... mas o seu até então permanecia normal, sem nenhuma alteração.
O médico sentou-se em silêncio ao lado da cama e me disse o que eu já suspeitava: não podemos mais esperar! O coração do bebê está acelerado demais...eram 19h e 30 minutos, mais ou menos. Depois disso, tudo que aconteceu foi intenso, rápido e confuso... eu não sabia o que sentir. Eu não ouvia o que me diziam. Meus pés pareciam flutuar. Eu pensava no seu pai, como quis e precisei dele naquele momento...
Mas eu não me sentia tão sozinha, tinha você ainda dentro de mim... os médicos e enfermeiros traziam fios, equipamentos, ajeitavam instrumentos, me preparavam... eu comecei a chorar. Alguém me perguntou por quê e eu disse que sentia medo. De quê? Tanta coisa... não dava para explicar...
Chorei sozinha, ninguém segurou a minha mão, o lugar do seu pai permaneceu vazio. Minhas mãos estavam amarradas, mas imploravam por segurança. Eu pensei em você, mentalizei seu pai ali comigo, implorei para Deus cuidar da gente. Foi quando os médicos disseram que você estava nascendo. Nasceu chorando, gritando, mostrando que chegara. Não vi seu rosto, não toquei você, eu perguntava por você e os médicos diziam está bem, mas eu aprendi a desconfiar dessa expressão... parei de ouvir seu choro, demorou demais até te trazerem para mim. Eu só ouvia barulhos de máquinas, sucção, confusão... eu me desliguei do mundo e me obriguei a acreditar em algo que não posso vê ou sentir... não apenas orei, mas implorei pela sua vida. Quando me trouxeram você, seu cheiro e seu calor afastaram toda dor e medo. Você estava quentinho e cheiroso, vermelhinho e me pareceu muito bem. Mal deu tempo de pensar e você foi levado, precisava de uma pequena ajuda para respirar...
Foi nessa hora que me senti a pessoa mais sozinha do mundo. Eu estava longe das 3 pessoas mais importantes da minha vida: você, sua irma e seu pai. Pela primeira vez, eu estava realmente sozinha... você que foi meu companheiro de corpo, de dor, de angústia, mas que me emprestou a vida por essas últimas 16 semanas não estava mais preso a mim, tinha se libertado, estava sozinho lutando por si. Júlia estava longe, senti vontade de abraçá-la e aliviar a dor do meu peito... chorei pelo meu amor, meu amigo, meu companheiro, minha vida que me faltava mais que nunca... meus olhos embaçaram com as lágrimas, fiquei muda, surda e cega até que percebi que não havia de fato mais ninguém na sala comigo... tentei chamar, a voz fugiu... entrei em pânico. Não me lembro mais de nada, não sei como fui para o quarto, não me lembro de quem estava lá, acordei com frio, sem conseguir me mexer. Você não estava comigo, seu pai não estava do meu lado como eu esperava, como ele tanto desejava. Só havia o medo... precisei lutar comigo mesma, contra o pânico e os pensamentos que me desnorteavam.... adormeci e acordei com o médico entrando pela porta. O dia comecara, eu precisava ser forte, você me esperava lá fora.
A primeira imagem que tenho de você na incubadora é dura e doce! Você estava envolto em um
Ninho de flores bem delicadas, mas sobre um lençol de bicicletinhas estilo retrô, que muito lembram uma Harley... lembrei-me do seu quarto! É nele que você dormirá em breve! Até que fique esperto o suficiente para escolher ou fugir para minha cama no meio da noite. Seu lugar está lá! A cama é grande, cabe todos nós, papai pensou em tudo... ele sempre pensou mais à frente que os outros...
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
Meu bem, tanta coisa para te dizer e eu só consigo sentir saudades...
Às vezes me desespero, mas aí penso na sua calma e me lembro que eu preciso fazer por nós dois...
Cuida dele quando eu não puder? Esteja com ele, enquanto estou com a Ju? Assim estaremos fazendo o que combinamos, o único detalhe é que trocamos os papéis, os lugares....
Às vezes me desespero, mas aí penso na sua calma e me lembro que eu preciso fazer por nós dois...
Cuida dele quando eu não puder? Esteja com ele, enquanto estou com a Ju? Assim estaremos fazendo o que combinamos, o único detalhe é que trocamos os papéis, os lugares....
sábado, 21 de janeiro de 2017
O vazio está tomando conta de mim... tento de todas as formas fazer o melhor pela Júlia, me manter ocupada com as coisas do pequeno Bruno... ontem fiz a matrícula da Júlia. Estou com medo de me separar dela... sei que ela vai se sair bem, mas e eu?
Saí da escola com um nó na garganta, um medo da vida, dos dias...
Já perdi as contas de quantas vezes menti meu estado civil... não sei quanto tempo vai demorar até descobrirem... não quero contar. Sem que as pessoas saibam, eu posso fingir que está tudo bem... será que é errado? Mas no meu coração sou casada, casada com você para sempre. Não pedi para me separar, não me lembro de ter reclamado de nós, muito menos me lembro de você se queixando da nossa vida. Nós dois queríamos continuar juntos! Não é justo... a vida não é justa, nunca sabemos o que esperar do amanhã... temos que estar prontos para continuar a qualquer preço, mas e o nosso coração? Como fazemos para consertá-lo? Revendo nossas últimas conversas, parei em uma que dizia assim:
"Bom dia, meus amores, já estou com saudades. Não vejo a hora de rever vocês."
É nessas palavras que quero me agarrar, é assim que penso em você, com saudades, sabendo que você também sentiria por nós... será que de onde você está você pode sentir? Júlia tem falado papai o tempo todo... ela também sente sua falta, e eu nunca sei o que lhe dizer nesses momentos... queria poder dizer que você já vai chegar, só está um pouquinho atrasado...
Você sempre foi tão meu! Sempre ali do meu lado pronto para qualquer aventura, para resolver qualquer problema... é madrugada, me sinto só é pago o preço por ter dormido cedo... o cansaço do corpo acabou, sem ele, a alma reclama, a mente vagueia, o coração sangra de saudade...
Como acreditar em propósito diante de tanta tristeza? Parece tudo um grande acaso... o que pode ter de bom na sua partida? Não suporto mais pensar, não consigo acreditar... meu bem, estou mal sem você, continuo perdida...
Por que você não está comigo? Estou precisando tanto de você... tanta coisa acontecendo, e eu precisando só de você...
Já passeio por isso outras vezes, me senti sozinha, enquanto estava longe de você, mas sabia que você voltaria... e agora, o que faço? Nosso bebê está tão quieto dentro da minha barriga, estou preocupada... lembro-me do dia em que não senti Júlia se mexer até a hora do almoço... te mandei uma mensagem despretenciosa, apenas para compartilhar... em menos de 5 minutos você já tinha pesquisado na internet, ligado para o médico e marcado uma consulta de emergência! Tudo muito rápido, sempre muito precavido... eu só queria te ter aqui agora do meu lado e eu teria certeza de que tudo ficaria bem... eu sinto muito por nós, pelo que perdemos... pelo que terei de enfrentar sem você...
Eu preciso de você, você saberia o que fazer... eu só sei sentir medo e saudade...
O tempo está passando rápido demais, cada dia sem você é uma nova dor. Eu não escolhi te perder, você não queria nos deixar... estávamos apenas começando uma vida, uma vida planejada, sonhada, bem pensada... fizemos tudo tão certo desde o início. Respeitamos todas as regras, nos respeitamos... fizemos nossos planos, lutamos, conquistamos, mas não pudemos aproveitá-los... foi tudo tão intenso desde o início! Seria tão perfeita a continuação da nossa história... ainda estou perplexa, ainda não posso acreditar... meu coração diz que você fez uma viagem para um lugar onde não funciona celular, mas que vamos nos ver de novo... assim eu espero, assim eu acredito. Eu me apego a isso desesperadamente...
Enquanto você não volta, prometo pensar em tudo de bom que vivemos, apesar de tudo parecer sonho...
Saí da escola com um nó na garganta, um medo da vida, dos dias...
Já perdi as contas de quantas vezes menti meu estado civil... não sei quanto tempo vai demorar até descobrirem... não quero contar. Sem que as pessoas saibam, eu posso fingir que está tudo bem... será que é errado? Mas no meu coração sou casada, casada com você para sempre. Não pedi para me separar, não me lembro de ter reclamado de nós, muito menos me lembro de você se queixando da nossa vida. Nós dois queríamos continuar juntos! Não é justo... a vida não é justa, nunca sabemos o que esperar do amanhã... temos que estar prontos para continuar a qualquer preço, mas e o nosso coração? Como fazemos para consertá-lo? Revendo nossas últimas conversas, parei em uma que dizia assim:
"Bom dia, meus amores, já estou com saudades. Não vejo a hora de rever vocês."
É nessas palavras que quero me agarrar, é assim que penso em você, com saudades, sabendo que você também sentiria por nós... será que de onde você está você pode sentir? Júlia tem falado papai o tempo todo... ela também sente sua falta, e eu nunca sei o que lhe dizer nesses momentos... queria poder dizer que você já vai chegar, só está um pouquinho atrasado...
Você sempre foi tão meu! Sempre ali do meu lado pronto para qualquer aventura, para resolver qualquer problema... é madrugada, me sinto só é pago o preço por ter dormido cedo... o cansaço do corpo acabou, sem ele, a alma reclama, a mente vagueia, o coração sangra de saudade...
Como acreditar em propósito diante de tanta tristeza? Parece tudo um grande acaso... o que pode ter de bom na sua partida? Não suporto mais pensar, não consigo acreditar... meu bem, estou mal sem você, continuo perdida...
Por que você não está comigo? Estou precisando tanto de você... tanta coisa acontecendo, e eu precisando só de você...
Já passeio por isso outras vezes, me senti sozinha, enquanto estava longe de você, mas sabia que você voltaria... e agora, o que faço? Nosso bebê está tão quieto dentro da minha barriga, estou preocupada... lembro-me do dia em que não senti Júlia se mexer até a hora do almoço... te mandei uma mensagem despretenciosa, apenas para compartilhar... em menos de 5 minutos você já tinha pesquisado na internet, ligado para o médico e marcado uma consulta de emergência! Tudo muito rápido, sempre muito precavido... eu só queria te ter aqui agora do meu lado e eu teria certeza de que tudo ficaria bem... eu sinto muito por nós, pelo que perdemos... pelo que terei de enfrentar sem você...
Eu preciso de você, você saberia o que fazer... eu só sei sentir medo e saudade...
O tempo está passando rápido demais, cada dia sem você é uma nova dor. Eu não escolhi te perder, você não queria nos deixar... estávamos apenas começando uma vida, uma vida planejada, sonhada, bem pensada... fizemos tudo tão certo desde o início. Respeitamos todas as regras, nos respeitamos... fizemos nossos planos, lutamos, conquistamos, mas não pudemos aproveitá-los... foi tudo tão intenso desde o início! Seria tão perfeita a continuação da nossa história... ainda estou perplexa, ainda não posso acreditar... meu coração diz que você fez uma viagem para um lugar onde não funciona celular, mas que vamos nos ver de novo... assim eu espero, assim eu acredito. Eu me apego a isso desesperadamente...
Enquanto você não volta, prometo pensar em tudo de bom que vivemos, apesar de tudo parecer sonho...
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Meu bem, hoje a Júlia me lembrou tanto você! O dia todo!
Você está nela! Quando ela chora, quando ela sorri, quando ela coça o nariz... meu Deus, como ela pode fazer os mesmos gestos seus, sem ninguém ter ensinado? Genética? Não sei, a verdade é que ela tem sido o única razão para eu me levantar todos os dias... é verdade que ela também tem sido a razão para eu dormir todas as noites... ela é pura energia, como significa o nome que escolhemos para ela! Quando ela fecha os olhos para dormir, eu não consigo nem pensar, desmaio...
Eu gosto disso nela, não me irrito, vejo você nessa agitação toda também...
Ela fala, entende, me testa, corre, pede, nega, sapateia, anda na ponta dos pés, grita, grita muito, conversa com o irmão, lhe dá beijos, ama ouvir e contar histórias, aponta com o definho para nossas fotos e diz:mamã, papá, Bibi, Neném... e repete isso em todas as fotos mesmo que não estejamos todos juntos... fala uma língua só dela, mas eu juro que entendo tudo, ela é dorminhoca e continua amando nossa cama... tudo isso lembra você! Mas o que mais me impressiona é como ela é destemida, sobretudo, para a água... se joga na piscina, engole água, engasga, mas não admite ser segurada... quer testar seus limites, mas não permite que eu saia de perto...
Essa semana aprendeu uma nova palavra. Tudo que ela faz, de arte a gracinha, ela nos olha com a cara mais sapeca do mundo e diz: viu? E repete isso muitas vezes...
E eu só consigo pensar, como eu queria dividir isso com você... só com você!
Por que foi assim, meu bem? Por quê?
O dia hoje foi uma prévia da minha vida daqui para frente... fiz tudo no piloto automático... sem sentido, sem razão... Júlia me deu vários abraços que mantêm meu coração batendo e aquecido... mas eu queria mais, eu preciso de mais... eu preciso de você também! Na mesma proporção que preciso dela... sei que me entende...
Você está nela! Quando ela chora, quando ela sorri, quando ela coça o nariz... meu Deus, como ela pode fazer os mesmos gestos seus, sem ninguém ter ensinado? Genética? Não sei, a verdade é que ela tem sido o única razão para eu me levantar todos os dias... é verdade que ela também tem sido a razão para eu dormir todas as noites... ela é pura energia, como significa o nome que escolhemos para ela! Quando ela fecha os olhos para dormir, eu não consigo nem pensar, desmaio...
Eu gosto disso nela, não me irrito, vejo você nessa agitação toda também...
Ela fala, entende, me testa, corre, pede, nega, sapateia, anda na ponta dos pés, grita, grita muito, conversa com o irmão, lhe dá beijos, ama ouvir e contar histórias, aponta com o definho para nossas fotos e diz:mamã, papá, Bibi, Neném... e repete isso em todas as fotos mesmo que não estejamos todos juntos... fala uma língua só dela, mas eu juro que entendo tudo, ela é dorminhoca e continua amando nossa cama... tudo isso lembra você! Mas o que mais me impressiona é como ela é destemida, sobretudo, para a água... se joga na piscina, engole água, engasga, mas não admite ser segurada... quer testar seus limites, mas não permite que eu saia de perto...
Essa semana aprendeu uma nova palavra. Tudo que ela faz, de arte a gracinha, ela nos olha com a cara mais sapeca do mundo e diz: viu? E repete isso muitas vezes...
E eu só consigo pensar, como eu queria dividir isso com você... só com você!
Por que foi assim, meu bem? Por quê?
O dia hoje foi uma prévia da minha vida daqui para frente... fiz tudo no piloto automático... sem sentido, sem razão... Júlia me deu vários abraços que mantêm meu coração batendo e aquecido... mas eu queria mais, eu preciso de mais... eu preciso de você também! Na mesma proporção que preciso dela... sei que me entende...
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